Bovespa reage, dólar e juros pressionados

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Alvaro Bandeira (foto divulgação)
Alvaro Bandeira (foto divulgação)

Nesta segunda, a Bovespa conseguiu reagir às quedas recentes, especialmente a da última sexta-feira (2,09%), com mercados no exterior incorporando novos recordes. Ontem foi dia mais positivo nos mercados da Europa, índices dos EUA batendo novos recordes e Bovespa voltando ao patamar de 106 mil pontos. Mas as tensões continuam em véspera de feriado e por conta da PEC dos Precatórios, prevista para ser votada amanhã.

O noticiário internacional de ontem ficou por conta dos relatos da reunião do G20 e dos pronunciamentos de dirigentes dos países desenvolvidos na COP-26. Sobre isso, todos se manifestaram favoráveis sobre a redução da emissão de carbono em 50% até 2030 (Brasil também está mudando sua meta de 30% para 50%) e de zerar a emissão em 2050, com investimentos gigantescos. O Brasil, pelo ministro Joaquim Leite (Bolsonaro não compareceu e gravou vídeo), disse que seremos a maior economia verde do mundo, mas que precisaremos de robustos volumes de investimentos.

Nos EUA, Janet Yellen disse não encontrar sinais de superaquecimento na economia e espera que pacotes econômicos de Biden virem lei em uma ou duas semanas. Já Biden assumiu em parte a responsabilidade pela poluição global e promete reduzir em 55% as emissões com base no ano de 2005. Merkel, Macron e Trudeau, do Canadá, também falaram na abertura do evento.

Nos EUA, o índice PMI da atividade industrial de outubro declinou para 58,4 pontos, de previsão de 59,3 pontos, o menor nível dos últimos 10 meses. O ISM de Chicago industrial ficou em 60,8 pontos, quando o previsto era 60,3 pontos. Já os investimentos em construção de setembro encolheram 0,5%, de previsão de +0,4%. Isso limitou um pouco a expansão das Bolsas americanas na sessão de hoje.

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Enquanto isso, a Goldman Sachs prevê que os EUA começarão a elevar juros em julho de 2022, mas tudo isso ficará mais claro depois da reunião do Fed desta semana, quando deve ser anunciado o começo da retirada de estímulos monetários. O BoE (o BC inglês) também faz sua reunião de política monetária e pode anunciar mudanças nas compras de ativos.

No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 0,57%, com o barril cotado a US$ 84,05. O euro era transacionado em alta para US$ 1,16 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,56%. O ouro e a prata com altas na Comex, e commodities agrícolas com ligeiro viés de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro, negociado em Qingdao, na China, em mais um dia de queda forte de 3,59%, com a tonelada em US$ 103,43.

No segmento doméstico, foi dia de divulgação da nova pesquisa semanal Focus, que veio novamente ruim. A inflação oficial na previsão de 2021 subiu para 9,17% (de 8,96%) e em 2022 está com alta para 4,55% (de 4,40%), mais de 1% acima do centro da meta prevista. A Selic de 2021 fechando o ano em 9,25% (de 8,75%) e em 2022 em 10,25%. PIB do ano encolhendo para 4,94% e em 2022 com +1,20% (ambos devem piorar mais). Dólar fechando o ano em R$ 5,50 e superávit da balança comercial em queda para US$ 70,1 bilhões (de US$ 70,5 bilhões). O PMI do Brasil da atividade industrial de outubro encolheu para 51,7 pontos, vindo de 54,4 pontos.

Jair Bolsonaro, em Roma, deu coletiva voltando a criticar a Petrobras, falando que haverá jogo pesado com a empresa e que soube por fontes não oficiais que eles pretendem reajustar combustíveis em 15 ou 20 dias, e “que isso não pode acontecer”. Voltou a jogar a culpa sobre governadores, dizendo que já fez a sua parte e que estão se esquecendo do congelamento de ICMS por 90 dias acertado no Confaz.

A Petrobras rebateu oficialmente Bolsonaro, dizendo que os reajustes são realizados no curso normal dos negócios e seguem as políticas vigentes, e que não há decisão tomada sobre reajustes. Já sobre a greve dos caminhoneiros, pelo noticiário ficamos sabendo que não há bloqueios de rodovias ou portos.

No mercado, dólar novamente pressionado durante todo o dia, voltando ao patamar de R$ 5,68, para fechar com +0,43% e cotado a R$ 5,67. Na Bovespa, na sessão de 28/10, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 475,1 milhões, deixando o saldo do mês de outubro positivo em R$ 12,7 bilhões e o ano de 2021 com ingresso líquido de R$ 54,9 bilhões.

No mercado acionário, a segunda foi dia de alta da Bolsa de Londres de 0,71%, Paris com +0,92% e Frankfurt com +0,75%. Madri e Milão com altas de respectivamente 1,36% e 1,23%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,26% e Nasdaq com +0,63%. Na Bovespa, dia de alta de 1,98% e índice em 105.550 pontos, com Itaú e Petrobras de locomotivas. Na máxima do dia, chegou a 106.135 pontos.

Na agenda de hoje, feriado nacional de Finados no Brasil. Na China, a divulgação de indicadores PMI de outubro.

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Alvaro Bandeira

Economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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