BR Partners (BRBI11): resultado do 2T24, medalha de ouro e evolução

Segundo Vinicius Carmona, a combinação de uma forte atividade de M&A com um mercado de capitais de dívida muito aquecido fez com que o BR Partners atingisse recorde de receita e lucro no 2T24.

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Vinicius Carmona (foto divulgação BR Partners)
Vinicius Carmona (foto divulgação BR Partners)

Conversamos com Vinicius Carmona, sócio e DRI do BR Partners, sobre o resultado do 2T24 divulgado pelo banco no final da semana passada.

Como o BR Partners avalia o seu resultado do 2T24?

Medalha de ouro nas Olimpíadas. Pode escrever isso.

Como o BR Partners entende os seus números?

Os números do banco são frutos de alguns pilares. O cenário macroeconômico mais benéfico em relação ao ano passado, a queda da Selic e a redução do custo de dívida são o cerne dessa questão, ainda que a Selic tenha frustrado as expectativas de todo o mercado, já que no início do ano se imaginava uma taxa de  9% para o final do ano, sendo que nós vamos terminar o ano com uma Selic de 10,5%. Contudo, nós precisamos enxergar um mérito: a Selic estava em 13,75% e hoje está em 10,5%, o que fez com que tivéssemos uma queda de 25% no custo da dívida.

Isso ajudou as empresas e o mercado em geral a fazer o trabalho de casa e reduzir despesas financeiras. Isso porque, no ano passado, nós vimos boas empresas, inclusive grandes empresas listadas, trabalhando para pagar juros. Empresas com margem Ebitda de 15%, 20%, mas com margem líquida de 0,5%. Isso faz com que a cabeça do CEO e do CFO fiquem 100% focadas em arrumar a casa, desalavancar a empresa, reduzir despesas financeiras e melhorar a margem, ou seja, a limpeza da cozinha se torna a prioridade da empresa. Com isso, assuntos mais estratégicos e de crescimento inorgânico, por onde passa o M&A, ficam engavetados.

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Em 2024, muitas empresas estão com ótimos resultados operacionais e bem menos alavancadas. Inclusive, muitas empresas reciclaram suas dívidas e reduziram suas despesas financeiras, emitindo uma dívida mais barata para antecipar o pagamento de uma dívida mais cara. Isso, obviamente, impacta o resultado das companhias, que têm vindo melhores, e uma vez que você tem a cozinha limpa, você começa a servir os pratos.

Quando o CEO e o CFO veem que a companhia foi ajustada, eles podem voltar a olhar um projeto de aquisição e fusão ou um grande financiamento para investimento, o que faz com que esse tipo de conversa ganhe força. É exatamente isso o que está acontecendo neste ano, pois como muitas boas empresas estavam um pouco alavancadas, obviamente, nenhum CEO ia querer fazer uma aquisição em um momento ruim da companhia. 

Neste ano, nós estamos vendo as empresas mais ajustadas e mais propícias a fazerem negócios. E quando olhamos o mundo dos negócios e seus múltiplos setores, vemos que há bastante oportunidade de consolidação, pois muitas empresas estão buscando unir forças para extrair sinergias e ter um negócio mais competitivo e mais market share. Muitos players líderes de mercado estão comprando ativos menores.

Isso voltou de uma forma muito forte neste ano, tanto no 1T24 quanto no 2T24, e que deve continuar no 3T24 e no 4T24. Isso do lado de M&A e, obviamente, do lado de CM (Capital Market), pois o mercado está extremamente líquido. Como disse, nós vimos muitas empresas captando para melhorar a qualidade do seu passivo financeiro e reduzir o custo da sua dívida.

Nós também começamos a ver um ensaio de debêntures de infraestrutura. Como as NTN-Bs estão rodando de 6% para cima, isso inviabiliza grandes investimentos com prazos mais longos de financiamento, mas estamos vendo um pouco de debêntures de infraestrutura em alguns setores, como energia e transporte rodoviário.

Se você pegar os dados da Anbima do 1S24, eles já foram mais fortes que o ano passado inteiro. O mercado está extremamente líquido, e as empresas estão se aproveitando desse momento. O mundo de equities está extremamente desafiador, e o apetite do investidor está 100% direcionado para crédito. Nós vemos uma demanda muito forte de casas, investidores e assets comprando os nossos produtos de mercado de capitais. Está havendo uma demanda tão forte por produtos de crédito e produtos incentivados, como debêntures, CRIs, CRAs e até mesmo FIDCs, que se começou a esbarrar em preço. Nós começamos a ver uma compressão dos spreads das companhias, que foi outro fator que as estimulou a buscarem dívida, pois quando elas viram que os spreads estavam mais baixos, elas partiram para aproveitar o momento e captar dinheiro no mercado.

A combinação de uma forte atividade de M&A com um mercado de capitais de dívida muito aquecido fez com que o BR Partners atingisse recorde de receita e lucro no 2T24.

Como se ganha um cliente nos mercados onde o BR Partners opera?

Aqui entra um pouco do nosso diferencial. O business de advisory, como o próprio nome diz, vem de advise, e para que se possa dar um advise para alguém, você tem que ter uma boa reputação, proximidade e credibilidade com o cliente, e isso não se constrói de um trimestre para o outro. Isso é um relacionamento de longo prazo. Nós estamos constantemente dialogando com os nossos clientes, levando ideias, trazendo provocações e auxiliando nas tomadas de decisões e nas melhores soluções financeiras.

O nosso diferencial está nas pessoas do nosso business. Eu não acho que a inteligência artificial vai chegar nesse nível, pois esse ainda é um negócio que depende muito de relacionamento e da qualidade de entrega do serviço que é feito. Com o tempo, isso traz a confiança dos clientes e uma certa recorrência. Lógico, isso não acontece só com o BR Partners. O próprio BTG, que é um banco supercompetente, tem os seus clientes que adoram fazer as suas transações com ele. Aqui não é diferente. Nós temos clientes que fazem, pelo menos, uma transação por ano, seja no banco de investimento, dívida ou na tesouraria, já que eles gostam do nosso serviço, confiam nas pessoas, sabem que somos transparentes no preço e que buscamos o melhor advise. A força da franquia se resume a isso.

Essa é uma barreira competitiva muito grande nesse mercado, pois não é simplesmente abrir uma boutique de M&A e cobrar um fee mais barato. Não é assim que funciona. Aqui entra a reputação dos nossos sócios e a experiência que cada um tem.

Há espaço para competir com os grandes. Inclusive, nesse mercado de M&A, nós estamos entre os três maiores, junto com o Itaú e o BTG. Esse é um negócio onde conseguimos cavar oportunidades para encontrarmos negócios rentáveis e que trazem valor para a franquia. Exemplo, nós assessoramos a Hypera na compra dos ativos da Amil, e dali saiu a oportunidade de se fazer um novo movimento estratégico que foi a fusão com a Dasa. Esse é o ponto de se levar as ideias corretas e dar o advise correto.

Em alguns casos, nós vemos concorrentes querendo fazer negócios mais imediatistas e de curto prazo para ter o seu retorno no fee, mas no BR Partners nós pensamos muito em crescer com o cliente. Como às vezes não é possível fechar a transação em um momento, pois o eixo do cliente não está adequado, nós esperamos o melhor momento para fazermos o negócio. Como disse, nós pensamos muito junto com o cliente, e não simplesmente em fazer um serviço muito bom, mas pontual. No fim do dia, esse é um dos nossos diferenciais.

Como está a evolução da área de Wealth Management do BR Partners?

O Wealth está indo super bem. No 2T24, nós conseguimos trazer uma marca importante de R$ 570 milhões de dinheiro novo. Outro ponto importante é que o Wealth está ajudando muito na originação de negócios para as outras áreas, como banco de investimentos, mercado de capitais e tesouraria. Nós estamos bem satisfeitos com o Wealth, mas ele ainda está no começo da sua jornada.

Como o banco está vendo as perspectivas do atual cenário econômico e como essas perspectivas devem impactar as unidades de negócio do banco?

Para o curto prazo, nós continuamos vendo um bom 2024. Como temos uma visibilidade muito boa de um, dois trimestres para frente, nós continuamos vendo uma atividade muito boa. Por exemplo, nós vamos ter um crescimento decente de PIB. Agora, se você me perguntar sobre 2025, we have no clue. Nós temos que esperar quem vai ser o presidente do Banco Central, como isso vai afetar a política monetária, como o fiscal vai se comportar e se isso vai mexer ou não no humor do mercado e das empresas.

Contudo, nada muito diferente do que vivemos nos últimos anos, embora tenhamos conseguido nos superar e entregar, mas 2025 ainda é um ponto de interrogação, pois há muita imprevisibilidade.

Considerando a conversa que tivemos, você gostaria de trazer mais algum ponto para esta entrevista?

Em julho, o BR Partners fez a emissão da sua primeira Letra Financeira Subordinada, captando R$ 160 milhões com mais de 10 investidores institucionais. Essa foi uma letra de 10 anos, o que foi superimportante para o banco como instituição, pois esse é o passivo mais longo que já emitimos, além de ajudar a compor o capital. Nós conseguimos isso porque estamos crescendo como banco, e os investidores têm reconhecido a nossa excelência na gestão dos riscos do veículo banco.  Esse foi um golaço.

Nós conseguimos captar com custos muito competitivos em um momento em que o mercado está com uma alta demanda por produtos de crédito. Nós aproveitamos esse momento para estrearmos essa linha de LF Sub, o que vai trazer um conforto maior para o nosso passivo.

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