O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com pneumonia leve, confirmada após exames feitos no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, quinta-feira à noite, e adiou para domingo o início da sua viagem para a China, prevista para este sábado.
O contratempo não deverá impedir uma visita que trará ganhos econômicos e geopolíticos. Espera-se que as negociações para a adesão do Brasil à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, sigla em inglês) avancem. “Não tem razão para o Brasil não entrar”, disse em entrevista a um jornal o embaixador Celso Amorim, chefe da Assessoria Especial da Presidência da República.
Apenas Brasil, Colômbia e Paraguai (que não mantém relações diplomáticas com a China) não aderiram ainda na América do Sul. Mesmo que a adesão brasileira não seja formalizada durante a visita de Lula, não se duvida de que será dado um passo nessa direção.
Uma agenda de investimentos com transferência de tecnologia e diversificação comercial estará em destaque. “Para a reindustrialização brasileira, seria benéfico que Brasil e China coordenassem investimentos para diversificá-los e sair da concentração existente nas áreas de mineração e agricultura”, disse Bruno De Conti, professor de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Brasil-China, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, à agência de notícias Xinhua.
Segundo De Conti, no Brasil, as multinacionais ocidentais do setor automotivo relutam em fazer uma transição energética, e essa posição de liderança tem sido ocupada por empresas chinesas. “O investimento que o Brasil precisa é de duas dimensões: a reindustrialização e, ao mesmo tempo, que isso aconteça de forma sustentável”, concluiu De Conti.
Para Elías Jabbour, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coautor do livro China: socialismo do século XXI, a China é um novo modelo econômico na política de planejamento, e o Brasil “deve definir sua estratégia na área de investimentos” a partir do país asiático. “O fundamental seria aprofundar a cooperação com transportes e ferrovias, para reconstruir o elo físico do mercado interno do Brasil”, declarou.