O mundo tem sofrido com os efeitos do aquecimento global, sendo necessário que diversos setores implementem estratégias eco-friendly em seus projetos como forma de conter o cenário alarmante provocado pela crise climática. Entre eles, se destaca o ramo da construção civil. Considerado um dos mais poluentes do mundo, o setor é responsável pela emissão de 38% de dióxido de carbono na atmosfera, de acordo com a Organização das Nações Unidas.
Além da emissão de gases tóxicos, o ramo também produz outros efeitos nocivos ao meio ambiente, como o aumento do consumo de energia, desperdício de água, desmatamento e produção alarmante de resíduos sólidos. No Brasil, por exemplo, a construção civil produziu uma massa total de aproximadamente 120 milhões de toneladas de entulhos, segundo pesquisa realizada em 2022 pela Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição – Abrecon.
Dessa forma, o país tem, cada vez mais, investido em estruturas eco-friendly, aquelas que possuem maior cuidado quando se trata da natureza. Um estudo realizado pelo Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), em parceria com a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), aponta que dentre 27 empresas consultadas, 71% afirmaram adotar práticas de ESG, enquanto 29% estão no início da implementação. Com isso, neste ano, o Brasil foi considerado o quarto no ranking mundial das construções sustentáveis, segundo informações do U.S. Green Building Council (USGBC).
Entre as estratégias que podem ser adotadas estão a utilização de materiais sustentáveis, que podem ajudar na diminuição do desperdício e, consequentemente, reduzir a quantidade de entulhos gerados. Entre eles, podemos citar: telhado verde, tinta ecológica, madeira engenheirada, aço reciclado, isolantes naturais, que podem diminuir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, ajudando assim a combater as mudanças climáticas.
Além disso, o uso de estruturas provisórias, infraestruturas que possibilitam a montagem e desmontagem de forma rápida e econômica, são uma ótima opção de reaproveitamento. Podendo ser utilizadas em eventos esportivos, feiras, festivais, habitações e até mesmo hospitais de campanhas, a implementação dessa tecnologia evita a construção de grandes “elefantes brancos”, podendo auxiliar, inclusive, na implementação de energias renováveis e sistemas de captação de água.
Atualmente, existem sete projetos brasileiros presentes na lista dos 100 edifícios sustentáveis mais icônicos do mundo em um concurso presidido pela Índia no G20, grupo que reúne as 20 maiores economias. Entre as sete construções, está incluso o Hospital Erastinho, localizado em Curitiba, Paraná. Com especialização no tratamento oncológico infantil, o projeto se encontra entre os escolhidos pela redução de 35,9% do uso de água e nas altas taxas de renovação do ar.
A adoção de práticas não traz apenas benefícios para o futuro do planeta ao reduzir de forma significativa a exploração de recursos naturais, como também permite a redução dos custos operacionais de projetos, além da geração de empregos e impulsionamento da economia do país.
Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia.