Na contramão do mundo, o governo brasileiro liberou mais 31 agrotóxicos essa semana, chegando a 169 somente nos primeiros meses desse ano, é praticamente um agrotóxico por dia. Três dos produtos liberados possuem o mesmo princípio ativo do glifosato, associado a casos de câncer em ações bilionárias nos EUA. A Monsato, que pertence ao grupo Bayer, responde a mais de 13 mil ações judiciais nos EUA e já foi condenada três vezes por conta do uso de glifosato.
Ano passado a União Europeia proibiu produtos associados a mortandade de abelhas, são os inseticidas denominados "neonicotinoides".
No Brasil, nada sugere que algo parecido venha a ocorrer, esses produtos continuam sendo pulverizados em larga escala. A morte repentina de milhares de abelhas no RS no começo desse ano, foram mais de 6 mil colmeias perdidas e a principal suspeita da Polícia Ambiental é o uso de agrotóxicos nas lavouras (mais de 80% das amostras de abelhas mortas apresentavam agrotóxicos). Prejuízos econômicos, mas também consequências ainda difícil de calcular para os ecossistemas.
No Brasil circulam livremente pelo menos 14 agrotóxicos que são proibidos nos EUA e Europa por estarem associados a casos de câncer e danos genéticos, sendo que três dessas substâncias estão entre as mais vendidas no país.
O Brasil já é o país que mais consome agrotóxicos no mundo; mais da metade são classificados como altamente ou extremamente tóxicos. Essas substâncias estão presentes em quase todos os alimentos e são a causa de diversos problemas de saúde, incluindo câncer e Mal de Parkinson, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), 34.147 intoxicações por esses produtos foram notificadas no SUS entre 2007 e 2014; mais de 20 mil pessoas morrem no mundo, 14 mil estão nas nações do terceiro mundo.
Apesar de muitos desses agrotóxicos já serem proibidos na União Europeia e EUA, no Brasil eles ainda são largamente utilizados. Dos mais de 2 mil produtos liberados em território nacional, cerca de 800 são classificados como extremamente tóxicos e 300 como altamente tóxicos.
