Sustentabilidade da dívida e inflação são os maiores riscos no curto prazo em 16 mercados emergentes (ME), especialmente para o Brasil, Costa Rica, Índia, Turquia e Hungria. A análise foi feita pelos economistas da Euler Hermes, especialista em seguro de crédito.
O relatório aponta que os governos do Brasil, Tailândia, Índia, Turquia, Indonésia e Malásia devem efetuar o pagamento de mais de US$ 50 bilhões de dívida pública até o final de 2022. O Brasil aparece com a pior classificação na Pontuação de Risco de Sustentabilidade da Dívida, devido a seu débito público muito elevado e aos títulos de dívida do governo mantidos pelo Banco Central.
“Há anos temos denunciado o funcionamento distorcido e danoso da política monetária exercida pelo Banco Central, que tem consumido centenas de bilhões de reais do dinheiro do orçamento federal anualmente. O Tesouro Nacional emite e entrega títulos da dívida pública ao BC sem contrapartida financeira, ou seja, o BC não paga por esses títulos”, explicou recentemente Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida.
O que o BC faz com esses títulos da dívida pública que recebe de graça do Tesouro? Segundo Fattorelli, a maior parte é destinada às chamadas “operações compromissadas”, instrumento que no Brasil tem sido desvirtuado e usado de forma abusiva pelo BC para, na prática, remunerar a sobra de caixa dos bancos, como o antigo overnight. “O volume dessas operações chega a cerca de 20% do PIB no Brasil, algo que não encontra paralelo em nenhuma parte do mundo”, exclama.
“O Tesouro paga juros ao BC sobre esses títulos. Só essa parte da ‘política monetária’ custou, nos últimos 10 anos, R$ 2,79 trilhões, sendo R$ 1,67 trilhão de renúncia financeira e R$ 1,12 trilhão de juros que o Tesouro pagou ao Banco Central”, calcula a especialista.