Brasil e Rússia iniciam diálogo político-militar

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Bolsonaro e Putin (foto oficial Kremlin - PR)
Bolsonaro e Putin (foto oficial Kremlin - PR)

Os ministros das Relações Exteriores, Carlos França, e da Defesa, Braga Netto, participaram nesta quarta-feira de uma reunião com seus homólogos russos, Sergey Lavrov e Sergey Shoygu, em Moscou. Por se tratar de um encontro entre quatro ministros, dois de cada país, a reunião é classificada no formato 2+2.

Em declaração à imprensa, o chanceler brasileiro disse que o encontro entre os quatro ministros refletiu a maturidade das relações entre os dois países.”Hoje, com os ministros Serguey Lavrov e Sergey Shoygu, discutimos três pontos, basicamente. Em primeiro lugar, discutimos parâmetros para implementar a parceria estratégica Brasil-Rússia no campo da pesquisa e desenvolvimento de projetos comuns na área da Defesa. Tratamos de temas da conjuntura internacional, sobretudo em nossas regiões e também abordamos questões afetas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

França disse ainda que a Rússia é para o Brasil uma referência mundial em desenvolvimento tecnológico, sobretudo no âmbito da indústria de Defesa: “O Brasil privilegia oportunidades de transferência de tecnologia e suas parcerias internacionais nesse setor de Defesa”.

Ainda de acordo com o chanceler brasileiro, o general Augusto Heleno (Ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e seu homólogo russo firmaram um acordo de proteção mútua de informações classificadas. “É importante sublinhar que esse acordo adequa o teor desse instrumento internacional, além de acesso à informação no Brasil. A importância desse entendimento bilateral é de que devemos ter, então, uma cooperação facilitada em tecnologia de ponta e áreas sensíveis”.

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No encontro dos presidentes Jair Bolsonaro e Vladimir Putin, os dois manifestaram também nesta quarta-feira, em Moscou, a disposição de manter um diálogo ativo, principalmente, nos temas de defesa, tecnologia e energia.

Após uma conversa que durou quase duas horas, Bolsonaro disse que o encontro foi “profícuo e de amplo interesse dos nossos países”. Os dois presidentes fizeram referência ao encontro desta quarta-feira entre os ministros das Relações Exteriores e da Defesa de ambos países.

Segundo o pesquisador Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) a Rússia é considerada um parceiro estratégico do Brasil desde o final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o que se aprofundou principalmente nos governos petistas de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

Velasco explica, em entrevista à Sputnik Brasil, que os dois países têm espaço para ampliar parcerias, apesar do foco da visita no comércio de fertilizantes. Segundo o professor, a Rússia é um parceiro que se mantém muito aquém do seu potencial em termos de comércio com o Brasil.

“Há espaço para uma retomada de um comércio bilateral mais intenso. O Brasil não pode ficar só vendendo alimentos e comprando fertilizantes, produtos químicos. Há espaço para uma diversificação dessa parceria comercial, podemos investir em um dinamismo maior”, afirma.

O professor Paulo Velasco destaca que no passado o Brasil já fechou acordos de compras de armas da Rússia, mas aponta que a novidade em termos militares do encontro desta quarta-feira em Moscou são as tratativas em termos de pesquisa.

“O interessante, e é aí que está a novidade, é tratarmos da questão de pesquisa e desenvolvimento, olharmos para as tecnologias militares russas”, destaca o pesquisador. “A gente sabe que a Rússia é uma grande potência em termos militares, em termos de defesa. O Brasil, aí sim, está buscando avançar em um novo tipo de acordo, que não se limitará à compra de armamento russo, mas busca algum tipo de acerto, de entendimento, em termos de pesquisa e desenvolvimento”, explica Velasco.

Da Redação com informações da Agência Brasil e Sputnik Brasil

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