Brasil enfrenta entraves para financiar a descarbonização

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Dióxido de carbono
Dióxido de carbono (Foto: divulgação)

O Brasil é apontado como mercado-chave para a reversão de fatores causadores das mudanças climáticas. Apesar de avanços recentes, persistem obstáculos, especialmente, iniciativas cruciais para financiar a descarbonização na iniciativa privada. É o que sinaliza o estudo “Finanças Sustentáveis: desafios e oportunidades de investimento em baixo carbono” elaborado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais diversificado, e AYA Earth Partners, ecossistema de negócios de aceleração da economia de baixo carbono do país.

De acordo com a pesquisa, muitas organizações não conhecem os seus verdadeiros impactos na mudança climática; e menos ainda mecanismos de financiamento verde disponíveis para apoiar na mitigação, adaptação e reparação climática. Em algumas, nem sequer se sabe como acessá-los no Brasil.

“A pesquisa nos ajuda a concluir que superar obstáculos, como a regulação de novos segmentos, além de mais acesso e conhecimento de mecanismos financeiros, podem impulsionar o Brasil como um dos líderes globais na transição verde.”, destaca Luiz Paulo Assis, sócio de Financial Advisory da Deloitte.

A pesquisa foi realizada em três etapas. A primeira consistiu na aplicação de um extenso questionário online junto a 102 empresas – sendo que 87% dos respondentes são executivos e executivas em posição de alta liderança em negócios com atuação no Brasil. A segunda incluiu entrevistas individuais com 28 tomadores de decisão e formadores de opinião, representantes de empresas, fundos de capital de risco e especialistas em sustentabilidade.

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Por fim, um workshop realizado na capital paulista, na sede da AYA Earth Partners, reuniu mais de 20 participantes, entre os quais líderes de empresas e de instituições de impacto e trouxe mais insights para a discussão.

“Precisamos avançar rápido com novas fontes de recursos e pensar o carbono de maneira mais abrangente, com foco no desenvolvimento econômico. A AYA Earth Partners busca justamente essa articulação no setor privado, fortalecendo o diálogo entre as empresas e reunindo evidências que possam legitimar o Brasil como nova potência de insumos ecológicos para o mundo. É preciso que a iniciativa privada encontre modelos mais colaborativos, que resultem em soluções inovadoras e mais sustentáveis,” aponta Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners.

Pesquisa

Financiamento verde ou sustentável é pouco utilizado, conhecido e ofertado. Entre os respondentes do questionário, apenas 10% já acessaram mecanismos de financiamento verde. A maioria (73%) diz não ter acesso a essas opções de financiamento e 10%, não saber sequer onde encontrá-los.

Linhas de crédito subsidiadas e equity (capital) estão entre opções para executar projetos de descarbonização. Quando questionados de que maneira suas empresas pretendem captar recursos para financiar projetos de descarbonização, 35% afirmam que não pretendem executar tais projetos.

As formas de captação de recursos apontadas pelos que almejam apostar em projetos de descarbonização foram: linhas de crédito subsidiadas (28%), aporte de capital dos sócios (27%), empréstimos e financiamentos (21%), aportes via fundos de investimento (19%), emissão de títulos de dívida verdes (15%), aporte de recursos a fundo perdido (13%), oferta pública na bolsa de valores (6%) e emissão de títulos de dívida tradicionais (5%).

Mercado de carbono atrai interesse e participação, mas ainda há obstáculos. Enquanto 20% dos respondentes do questionário já utilizam mecanismos de compensação voluntária de emissão de carbono, 18% estudam utilizá-los. Ainda há obstáculos para que percentuais como esses possam crescer, como falta de regulamentação no Brasil, precariedade da infraestrutura amazônica, custos elevados de projetos de reflorestamento. De qualquer modo, apenas 4% desses respondentes indicaram ter estudado utilizar os mecanismos existentes e concluído que os benefícios não compensavam os custos.

Sobre o estudo

A pesquisa ‘Finanças Sustentáveis’ foi realizada em três frentes principais: a primeira consistiu na aplicação de um extenso questionário online junto a 102 empresas – sendo que 87% dos respondentes são executivos e executivas em posição de alta liderança em negócios com atuação no Brasil. A segunda incluiu entrevistas individuais com 28 tomadores de decisão e formadores de opinião, representantes de empresas, fundos de capital de risco e especialistas em sustentabilidade. Por fim, um workshop realizado na capital paulista, na sede da AYA Earth Partners, reuniu mais de 20 participantes, entre os quais líderes de empresas e de instituições de impacto e trouxe mais insights para a discussão.

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