Brasil na rabeira

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Bolsa de Valores (Foto: divulgação)
Bolsa de Valores (Foto: divulgação)

Como país emergente desorganizado e com liquidez em seu mercado de capitais, o Brasil acaba sofrendo mais quando existe precipitação de saída, mudanças táticas dos gestores e rotatividade nos ativos. Isso explica parte do fato de estarmos com performance pior que outros mercados de risco e câmbio pressionado. A outra parte fica mesmo por conta das incoerências de gestão e complicações políticas.

Seguimos fazendo “piquenique na beira do vulcão”. Na quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a pandemia no Brasil é claramente crítica, e que os vacinados devem continuar a seguir protocolo de não aglomeração e uso de máscaras. Enquanto isso, a economia vai demonstrando sinais novos de desaceleração, como estava sendo previsto.

No exterior, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana anterior cresceram 61 mil posições para 719 mil, quando o previsto era que ficasse em 675 mil. Já o PMI industrial de março subiu para 59,1 pontos e o ISM industrial de Chicago também em alta para 64,7 pontos, de previsão de 61,7 pontos. Já o importante indicador de investimentos em construção caiu 0,8%, mas a previsão era de -1%.

O presidente Joe Biden e a vice Kamala Harris conversaram com parlamentares sobre o pacote de infraestrutura lançado ontem e se mostram abertos a ouvir sobre aumento da carga tributária. Mary Daly, do Fed de São Francisco, disse que o pacote de infra não afetará a inflação e Janet Yellen, do Tesouro, disse que o plano tornará a economia americana mais competitiva e vai revitalizar o sistema tributário.

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Outro evento importante foi a decisão muito aguardada da Opep+ sobre cortes na produção de petróleo. A Rússia projeta melhora da demanda ao longo do ano e a decisão adotada foi de ampliar a produção gradualmente, começando em maio com mais 350mil barris/dia. Até lá, vão sentir o encaminhamento da demanda e ajustar. A Arábia Saudita vai manter seu corte de 1 milhão de barris dia, mas também irá avaliando. A postura da Opep+ foi interpretada como prudente e o petróleo passou a subir forte no mercado internacional. O minério de ferro negociado em Qingdao na China registrou alta durante a madrugada de 1,48%.

O petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 3,53%, com o barril cotado a US$ 61,25. O euro era transacionado em alta para US$ 1,177 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,68. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas em quedas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado em Qingdao na China registrou alta durante a madrugada de 1,48%, com a tonelada negociada em US$ 167,60.

No segmento local, o banco do Brics aprovou empréstimo de US$ 153 milhões para obras em rodovia no Pará. O IBGE mostrou contração da produção industrial no mês de fevereiro de 0,7%, maior do que o previsto, e interrompendo sequência de nove meses de alta. No ano, a produção cresce 1,3% e em 12 meses, tem queda de 4,2%. Destacamos a queda de bens de capital no mês de 1,5% e veículos com -7,2%. A produção industrial está 13,8% abaixo do pico ocorrido em maio de 2011 e bens de capital 22,7% menor que o pico de setembro de 2013.

Quanto ao orçamento de 2021, o relator aceita rever cerca de R$ 10 bilhões em emendas parlamentares (insuficiente) e o governo parece querer vetar situações que chegam a R$ 37 bilhões. Vamos ver o que acontecerá nos próximos 15 dias. Já a ANP indicou que a produção de óleo e gás em fevereiro foi de 3,64 milhões de barris equivalentes/dia, sendo que no pré-sal foram 2,6 milhões de BOE/dia. O saldo da balança comercial de março foi superávit de US$ 1,48 bi, acumulando no ano de 2021 US$ 1,65 bilhão.

No mercado, a última quinta-feira foi dia de dólar novamente oscilando bastante para encerrar com +1,54% e cotado a R$ 5,71. Na Bovespa, na sessão do dia 30, os investidores estrangeiros voltaram a alocar recursos no montante de R$ 1,34 bilhão, deixando o saldo líquido do mês ainda negativo em R$ 3,34 bilhões, mas com ingressos líquidos no ano de R$ 13,43 bilhões. No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,35%, Paris com +0,59% e Frankfurt com +0,66%. Madri praticamente estável com -0,03% e Milão em alta de 0,25%. No mercado americano, dia de Dow Jones com +0,52% e Nasdaq com +1,76%. Na Bovespa -1,18% e índice em 115.253 pontos.

Na volta do feriado da Semana Santa lembramos que a Bovespa ainda conseguiu encerrar o período muito complicado na política e Covid-19 com leve alta de 0,41%, aos 115.253 pontos e dólar fechando com queda de 0,86% e cotado a R$ 5,71%. No mercado americano, o Dow Jones e o Nasdaq tiveram altas mais expressivas de respectivamente 0,24% e 2,29%, muito em função da vacinação massiva e do anúncio do pacote de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões.

Hoje vários mercados prolongam o feriado e permanecem fechados. Na Ásia, mercados encerraram com altas, Europa os principais mercados permanecem sem negociações e os futuros do mercado americano também operando com altas nesse início de manhã. Aqui, seria bom tentar superar o patamar próximo de 188 mil pontos do Ibovespa, para abrir o objetivo de retomada da faixa de 120 mil pontos.

No Japão foi anunciado o PMI de serviços de março em alta para 48,3 pontos, o maior em 14 meses, mas ainda assim abaixo de 50 pontos, o que indica contração da atividade. Já na Índia tivemos recorde de contágio novamente pela Covid-19 e lembramos que, na última sexta-feira, os EUA anunciaram o payroll de março com a criação de 916 mil vagas na economia, bastante comemorado pelo presidente Joe Biden.

Aliás, nos EUA, o pacote de infraestrutura está sofrendo críticas tanto da direita quanto da esquerda, em função do nível de endividamento do país. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrava queda de 2,16%, com o barril cotado a US$ 560,12. O euro era negociado em queda para US$ 1,174 e notes americanos com taxa de juros de 1,72%. O ouro e a prata tinham quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui, os investidores temem a dívida bruta de R$ 6,35 trilhões em fevereiro e a rolagem em 12 meses atingindo R$ 2,38 trilhões, algo como 37,5% do total. Os investidores têm pedido prazos mais curtos e juros cada vez mais elevados. Foi anunciado o IPC da Fipe de março com inflação de 0,71% (anterior em 0,23%) acumulando no trimestre 1,81% e em 12 meses com 6,99%.

Já com a Covid-19 anotamos quase 13 milhões de infectados, 331,5 mil óbitos e 19,4 milhões de vacinados. Destacamos que a vacinação ultrapassou no final da semana 1 milhão dia.

Na agenda do dia teremos a nova pesquisa semanal Focus do BC e o PMI de serviços de março. Nos EUA, teremos o PMI e o ISM de serviços de março e as encomendas à indústria de fevereiro. Durante a noite, na China, saíra o PMI de serviços de março.

Expectativa para o dia é de Bovespa começando em alta (lembrando que a Vale anunciou compra de 270 milhões de ações para Tesouraria), dólar em alta e juros também.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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