Brasil perde R$ 214 bi por ano com evasão escolar de jovens

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Estudo inédito, parceria entre Fundação Roberto Marinho e Insper, calcula o custo social que o país tem todo ano pelo fato de seus jovens não concluírem a educação básica: o custo da evasão de um jovem supera o PIB per capita de uma década. No contexto da pandemia e na pós-pandemia, esse problema pode se agravar. Seminário virtual nesta terça-feira, vai debater o custo para o país por não priorizar a educação básica, com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e mediação da jornalista Miriam Leitão

O Brasil perde R$ 214 bilhões por ano pelo fato de os jovens não concluírem a educação básica. Essa é a conclusão do estudo “Consequências da Violação do Direito à Educação”, parceria da Fundação Roberto Marinho com o Insper. O cálculo é inédito e aponta as consequências da evasão escolar e da falta de prioridade para a educação, ao mensurar o custo, em valores monetários, para o país e para cada um dos 575 mil jovens que não concluirão a educação básica.

Mantido o ritmo atual, 17,5% dos jovens que hoje têm 16 anos não completarão a educação básica (pré-escola, fundamental e médio). A pesquisa, conduzida pelo economista Ricardo Paes de Barros, professor titular do Insper, mediu o custo social total de cada jovem sem educação básica em quatro dimensões:

1- empregabilidade e remuneração dos jovens; 2- efeitos que a remuneração dos jovem têm para a sociedade, que são chamadas externalidades; 3- longevidade com qualidade de vida; e 4 – violência.

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Inicialmente, a pesquisa calculou quantos jovens não concluirão a educação básica, mantido o ritmo atual. Depois, quais seriam as consequências, em valores monetários, por jovem nas quatro dimensões. Por fim, estimou o custo total para o país.

O resultado é que, anualmente, o país perde R$ 372 mil por jovem que não conclui a educação básica. Isso porque os jovens que têm a educação básica completa passam, em média, mais tempo de sua vida produtiva ocupados e em empregos formais, com maior remuneração; têm maior expectativa de vida com qualidade -estima-se que cada jovem com educação básica viverá quatro anos de vida a mais que um jovem que não terminou a escolaridade -; e tendem a ter um menor envolvimento em atividades violentas, como homicídios -o cálculo é que a evasão representa uma perda de 26% do valor da vida de um jovem. (Veja abaixo os destaques da pesquisa)

 

Destaques gerais:

 

· A evasão escolar corresponde a 3% do PIB anual e equivale a cerca de 70% do gasto do Governo Federal, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios com a provisão da educação básica por ano.

· 575 mil jovens que têm hoje 16 anos não concluirão a educação básica, mantido o ritmo atual do aumento da escolaridade.

· Por jovem, a perda é de R$ 372 mil por ano.

· A perda total anual para o país é de R$ 214 bilhões, o que equivale a 3% do PIB anual.

· O PIB per capita brasileiro é de R$ 32 mil, portanto, o custo da evasão de um jovem supera o PIB per capita de uma década.

· O custo de oferecer toda a educação básica (pré-escola, fundamental e médio) é da ordem de R$ 90 mil por estudante. Assim, o custo da evasão por jovem supera 4 vezes o que custa garantir a sua educação básica.

· A evasão representa uma perda de 26% do valor da vida de um jovem.

Os resultados da pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação” e o impacto econômico e social da educação na sociedade serão debatidos em um webinário no dia 14 de julho, das 16h às 18h, com participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e mediação da jornalista Miriam Leitão. A apresentação será feita pelo economista Ricardo Paes de Barros, responsável técnico da pesquisa, seguida de debate com o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Wilson Risolia, e o presidente do Insper, Marcos Lisboa. A transmissão será na página do Canal Futura no YouTube (youtube.com/canalfutura).

 

Violação do direito

 

“A pesquisa traz a resposta para uma pergunta objetiva: quanto custa não priorizar a educação? Esse indicador é um poderoso instrumento para o gestor público. A partir dele, o gestor pode reorganizar suas ações de forma a alocar os recursos de forma mais eficiente. Não reconhecer a educação como propulsora do desenvolvimento do país traz um gigantesco prejuízo monetário ao país. No contexto atual de forte restrição econômica, especialmente em virtude da pandemia, priorizar a educação, evitando a evasão escolar, é, sobretudo, mais importante. E cabe ainda outra mensagem ao gestor: não deixem de educar seus jovens. Além de ser um direito garantido na Constituição, ele traz um retorno gigantesco para o país”, diz Wilson Risolia, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho.

“Cada jovem que abandona a escola representa um custo muito elevado para a sociedade brasileira. Não é uma questão menor um jovem no século XXI não concluir a educação básica. É um problema gravíssimo que não afeta só uma minoria. Afeta 17,5% de todos os jovens de 16 anos deste país”, diz Ricardo Paes de Barros, professor titular do Insper.

“O Brasil vem aumentando significativamente a sua despesa com educação nas últimas décadas, mas os nossos indicadores de proficiência avançaram pouco e ainda são inferiores em relação aos de países emergentes que gastam valores parecidos”, afirma Marcos Lisboa, presidente do Insper. As consequências da evasão escolar reforçam a necessidade de aperfeiçoar as políticas públicas para termos um melhor nível de aprendizado.”

A pesquisa “Consequências da Violação do Direito à Educação” destaca mantido o ritmo de melhoria da educação brasileira, 17,5% dos jovens que hoje têm 16 anos não concluirão a educação básica quando tiverem 25 anos. Portanto, a expectativa é que, a cada ano, o país tenha aproximadamente 575 mil jovens sem escolaridade básica.

Também ressalta que 17,5% é uma média nacional, há estados em que a porcentagem de evasão escolar entre os jovens é ainda maior.

Os jovens que não concluem a educação básica passarão 10% a menos de sua vida produtiva ocupados e, quando ocupados, passarão quase 20% a menos do seu tempo em empregos formais. Os jovens que não concluíram a educação básica recebem remunerações entre 20% e 25% inferiores ao que receberiam se tivessem concluído a educação básica. Um jovem que não concluiu a educação básica recebe ao longo do seu ciclo de vida R$ 159 mil (37%) a menos do que receberia caso tivesse concluído a educação básica.

Também mostra que os benefícios para a economia de uma força de trabalho com maior escolaridade vão além daquilo que o próprio trabalhador se apropria por ter uma remuneração mais elevada. Beneficia a sociedade como um todo. A perda econômica adicional para a sociedade, devido a externalidades econômicas, será de R$ 54 mil por jovem que não concluir a educação básica. Os jovens com educação básica têm maior expectativa de vida com qualidade.

Os jovens com educação básica tendem a ter menor envolvimento em atividades violentas, como homicídios. A cada ponto percentual de redução na evasão, seriam 550 homicídios a menos a cada ano. Uma morte que poderia ser evitada, caso o jovem concluísse a educação básica, custa R$ 2,7 milhões por ano e, portanto, tem valor de R$ 45 mil por jovem que não conclui a educação básica.

 

Resumo

 

Resumos das dimensões: a cada ano, o país perde R$ 372 mil por jovem que não conclui a educação básica; isso significa uma perda total de cerca de R$ 214 bilhões por ano; o custo de oferecer toda a educação básica (pré-escola, fundamental e médio) é da ordem de R$ 90 mil por estudante, assim, o custo da evasão por jovem supera 4 vezes o que custa garantir a sua educação básica; representa um custo social que equivale a cerca de 70% do gasto do Governo Federal, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios com a provisão da educação básica por ano; um jovem que não concluiu a educação básica recebe ao longo do seu ciclo de vida R$ 159 mil (37%) a menos do que receberia caso tivesse concluído a educação básica; a perda econômica adicional para a sociedade será de R$ 54 mil por jovem que não concluir a educação básica; um jovem com educação básica vive quatro anos a mais com qualidade do que aqueles sem educação básica; a perda por não ter educação básica é de R$ 114 mil por jovem. A evasão representa uma perda de 26% no valor da vida; a perda a ser evitada pela redução da violência seria de R$ 45 mil por jovem; a violência entre jovens custa R$ 26 bilhões por ano ao país.

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