Levantamento anual da Visa com base em mais de 2,7 bilhões de transações, intitulado Visa Merchant Fraud Report 2023, apontou que o Brasil possui um dos maiores índice de riscos de fraudes entre os países avaliados, com 14,24%, ficando apenas atrás da China (14,93%). O segmento que registrou o maior aumento na tentativa de fraudes foi o de produtos digitais (softwares e games), com uma alta de 202% em relação ao ano passado.
Segundo o estudo, as tentativas de fraude têm um índice de sucesso baixo, não ultrapassando, em média, o índice de 2,44% de êxito em todas as indústrias. Neste ano, os maiores tíquetes médios das tentativas de fraudes bem-sucedidas ocorreram em países como Canadá (média de US$ 397), Rússia (média de US$ 274) e EUA (média de US$ 271). Além disso, as mais comuns são em abertura de novos cadastros em comércios, onde criminosos usam dados falsos e, com isso, realizam movimentações ilícitas. Esta modalidade correspondeu a 39% das fraudes. As outras duas atividades identificadas foram account takeover (invasão de contas) e fraudes em pagamentos.
Já aqui no Brasil, estudo do Grupo Ivy apontou que o número de ataques cibernéticos aumenta nesta época do ano e deve atingir a marca de R$ 44 milhões em prejuízos decorrentes de tentativas de fraude. De acordo com o relatório X-Force Threat Intelligence Index, produzido em 2023 pela IBM, o setor varejista foi o mais atingido por ataques hackers em 2022. O relatório também mostrou que a extorsão e o furto de informações em meio virtual foram as consequências mais frequentes na América Latina, ocorrendo em 27% dos casos, com prejuízo financeiro em 20% dessas situações. Os incidentes de divulgação não autorizada e a eliminação de dados registram 13% de incidência cada, segundo o relatório.
Nesta quarta-feira, decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União de hoje institui a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber), que terá como finalidade orientar a atividade de segurança cibernética no país.
O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, institui também o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), grupo ao qual caberá propor atualizações tanto para o PNCiber como para seus instrumentos, no caso, a Estratégia Nacional (e-Ciber) e o Plano Nacional de Cibersegurança (p-Ciber). Caberá também ao comitê sugerir estratégias de colaboração para cooperações técnicas internacionais na área de crimes cibernéticos. A secretaria-executiva do CNCiber será exercida pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI).
A composição do CNCiber será formada basicamente por representantes do governo, da sociedade civil, de instituições científicas e de entidades do setor empresarial. O grupo se reunirá trimestralmente.
Entre os princípios e objetivos detalhados pelo decreto presidencial para o PNCiber está o desenvolvimento de mecanismos de regulação, fiscalização e controle para aprimorar a segurança e a resiliência cibernéticas nacionais; e a promoção ao desenvolvimento de produtos, serviços e tecnologias de caráter nacional, destinados à cibersegurança. É também objetivo da política garantir a confidencialidade, a integridade, a autenticidade e a disponibilidade das soluções e dos dados utilizados para o processamento, o armazenamento e a transmissão eletrônica ou digital de informações; bem como fortalecer a atuação diligente no ciberespaço, especialmente das crianças, dos adolescentes e dos idosos, e desenvolver a educação e a capacitação técnico-profissional em segurança cibernética na sociedade.
Outros objetivos previstos são o de fomentar as atividades de pesquisa científica, de desenvolvimento tecnológico e de inovação, relacionadas à área; e o de incrementar a atuação coordenada e o intercâmbio de informações de segurança cibernética entre os Três Poderes, bem como entre entes da federação, setor privado e sociedade.
Com informações da Agência Brasil