‘Brasil precisa de planejamento para atrair mais turistas estrangeiros’

Segundo Fecomércio-SP, país recebeu o recorde histórico de 6,65 milhões de turistas de outros países em 2024

125
Passageiros em aeroporto (Foto: Fernando Frazão/ABr)
Passageiros em aeroporto (Foto: Fernando Frazão/ABr)

Nos últimos momentos de 2024, o turismo brasileiro celebrou a marca histórica de 6,65 milhões de visitantes internacionais que estiveram no país ao longo do ano, segundo dados oficiais. Até então, o recorde tinha sido registrado em 2018, quando foram 6,62 milhões de chegadas. Na leitura da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), esse é, de fato, um dado a ser comemorado. Contudo, uma análise mais aprofundada revela que ainda há muito o que se fazer para elevar o status do setor do Brasil perante o mundo.

Em primeiro lugar, porque a marca de 6 milhões de turistas internacionais tem se mantido constante desde, pelo menos, 2015 – exceto nos anos da pandemia. Assim, se esse é um número relevante, também demarca a necessidade de ajustes nas políticas públicas no campo do turismo para ir além desse dado já consolidado há pelo menos uma década. Sem considerar que, desses 6,65 milhões, pelo menos 10% são de brasileiros e brasileiras com cidadanias de países do exterior que voltaram ao país.

Em segundo lugar, o turismo brasileiro ainda é fortemente dependente de uma sazonalidade típica de países como o nosso, além de ser extremamente concentrado. É assim que as informações da Embratur revelam que o grosso das visitas internacionais aconteceram entre dezembro de 2023 e março de 2024, no verão do Hemisfério Sul, e que oito em cada 10 dessas visitas (80%) foram registradas em aeroportos de São Paulo ou do Rio de Janeiro.

Segundo a Fecomércio-SP, debruçar-se sobre essas variantes é perceber que os números estão abaixo do potencial do Brasil no campo turístico. O país não apenas tem estrutura em várias regiões, como as capitais do Nordeste ou as cidades do interior que se dedicam ao turismo rural, como pode oferecer atividades em todas as épocas do ano – desde que sejam devidamente atendidas por iniciativas públicas e por medidas que ajudem o empresariado do setor a investir nos negócios.

Espaço Publicitáriocnseg

“Há ainda a barreira estrutural, que se liga, justamente, à análise anterior. Muitos locais ainda não oferecem acesso constante à internet, enquanto algumas cidades que atraem mais turistas no exterior têm sido cada vez mais ligadas à violência, como o caso do Rio de Janeiro. É por isso que, mesmo com o real em desvalorização desde o fim do ano passado, que favorece a presença de visitantes que usam o dólar ou o euro, o fluxo de turistas não aumentou muito até agora. Tudo isso sem contar a própria falta de estratégia do governo, que restabeleceu a exigência de vistos para pessoas que chegam de países relevantes para diversificar os fluxos do nosso Turismo – e com moedas mais valorizadas -, como EUA, Canadá e Austrália. A medida vai na contramão do que deveria ser feito: estimulá-los a vir mais ao Brasil. Nesse caso, a Fecomércio-SP está trabalhando ativamente com as autoridades para impedir que a decisão, marcada para entrar em vigor em abril, prospere até lá”, diz a entidade.

Ainda de acordo com a federação, “é essa mesma visão limitada que impediu a redução de alíquotas para o setor na reforma tributária recém-aprovada e regulamentada no Congresso, uma prática comum em muitos países.”

Cálculos da Fecomércio-SP já sugerem que os preços dos produtos turísticos vão, ao contrário, ficar mais caros daqui para a frente, impactando negativamente a competividade das empresas.

“Sem investimentos sólidos e planejamento estratégico, o Brasil permanecerá na casa dos 6 milhões de turistas, muito atrás de potências mundiais do setor, como o México (45 milhões de visitantes em 2024) ou mesmo países que não figuram nessa lista, como os Emirados Árabes Unidos (8 milhões, segundo o Banco Mundial) ou a Romênia (5 milhões)”, diz.

Nesta quinta-feira, a rede hoteleira da cidade do Rio de Janeiro divulgou hoje a primeira prévia de 2025 da ocupação dos hotéis do Rio com o show marcado para o dia 6 de fevereiro da cantora norte-americana Christina Aguilera e do Carnaval carioca, que este ano acontecerá, entre os dias 1º e 5 de março.

De acordo com a pesquisa realizada pelo Hoteis Rio, as médias de ocupação hoteleira estão em 57,13% e 68,41%, respectivamente.

A procura por hospedagens pela presença da artista, que se apresentará no Farmasi Arena, na Barra da Tijuca, está em alta. Entre as regiões mais procuradas estão os hotéis das regiões do Leme/Copacabana, com 78,70%, Ipanema/Leblon (59,24%), Barra/Recreio/São Conrado (55,97%), Flamengo/Botafogo (49,99%) e Centro, com 29,63%.

A prévia da rede hoteleira para o Carnaval 2025 registra no Leme e Copacabana, na zona sul do Rio índice de 83,74%, seguida pelo centro da cidade, com 79,22%, Flamengo/Botafogo, com 74,20%, Ipanema/Leblon (65,73%) e Barra/Recreio/São Conrado (55,02%).

O presidente do Hoteis Rio, Alfredo Lopes, disse que o ano de 2025 começou bem, com shows e a expectativa de bons resultados no Carnaval.

“O fato de o Carnaval acontecer em março faz com que turistas nacionais tenham tempo de se organizar financeiramente e abre a possibilidade de que quem veio participar da festa da virada queira voltar”.

Segundo Lopes, o Réveillon funciona como um cartão de boas-vindas para que os visitantes conheçam melhor a cidade e se interessem em participar de outra grande festa. “O Carnaval em março estica a alta temporada no Rio, com uma procura maior da rede hoteleira, aquecida com o verão carioca”, avaliou.

Com informações da Agência Brasil

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui