Brasil precisa retomar busca por protagonismo na OMC

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OMS. Foto: divulgação
OMS. Foto: divulgação

Para economista brasileiro que atua nos EUA há mais de 30 anos, vitória de Joe Biden deve retomar modelo de multilateralismo para acordos comerciais entre países. Acordo bilateral entre Brasil e EUA acreditado por Bolsonaro com gestão de Trump não deve sair a curto prazo afirma.

A estratégia econômica adotada pelo presidente Donald Trump nos últimos quatro anos – frear a atuação nos blocos comerciais (multilateralismo) e primar por acordos bilaterais entre os EUA e países (bilateralismo) deve ser interrompida quando o presidente eleito Joe Biden assumir o cargo. O momento é favorável para que as equipes econômicas dos países em desenvolvimento, como Brasil, se reorganizem se quiserem continuar com êxito no mercado global.

Essa é a avaliação preliminar do comportamento do comércio exterior nos primeiros meses do governo Biden, feita pelo economista e analista político, Carlo Barbieri, que preside, há mais de 30 anos, a consultoria americana Oxford Group. Segundo Carlo Barbieri o resultado da eleição nos EUA deve dar um novo ímpeto aos blocos econômicos entre os países que vinham perdendo força nos últimos anos.

“Fenômenos como a saída da Inglaterra da União Europeia e da Argentina do Mercosul, além da assinatura de acordos bilaterais por Trump com os países nos deram indícios de que o mundo comercial estava em transição. Agora, com a vitória de Biden, este movimento do multi para o bilateralismo pode ser interrompido. O mais inteligente para os países como o Brasil é manter uma estratégia de aproximação comercial mais voltada ao multilateralismo e aos blocos já para o primeiro semestre de 2021”, explica Carlo Barbieri.

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Para o economista, o Brasil precisa de uma estratégia comercial internacional urgente para enfrentar essa mudança de cenário. “Se aproveitar esse momento para repensar a estratégia comercial, o Brasil poderá seguir mantendo uma certa vantagem comercial nos blocos e na própria OMC. Teremos que estar preparados para enfrentar o lobby dos países mais ricos e será mais difícil fechar acordos comerciais”, afirma Barbieri.

Este ano, os produtos brasileiros ocuparam posição de destaque nos mercados com a China e com os EUA. Último balanço divulgado pelo ministério da agricultura do Brasil, mostrou o aumento da exportação de carnes suína e bovina para a China. Segundo o Departamento de Alfândegas, mesmo com a pandemia as exportações de suínos cresceram. O destino foi a China, maior consumidor de carne suína do mundo.

Entretanto, dados da Organização ComexVis colocam os principais destinos aos produtos brasileiros os Estados Unidos com 17,36% das exportações e China com 12,45%. Um protagonismo que o Brasil terá mais desafios para manter caso a lógica comercial multilateralista retorne com força total na gestão de Biden.

“Durante a gestão de Trump, os Estados Unidos já estavam negociando diretamente com o Japão, Rússia, Índia, entre outros países. Isso garantia uma chance maior para um acordo bilateral comercial com o Brasil, inclusive. Mas agora, com a vitória de Biden, esse cenário muda e o governo brasileiro precisa estar preparado sob pena dos produtos brasileiros perderem espaço no mercado”, alerta Carlo Barbieri

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