Brasil prioriza no Brics novos métodos de pagamento, mais 1 passo para desdolarização

País assume a presidência do Brics em 2025; cooperação entre o Sul Global e novos meios de pagamento fortalecem desdolarização

323
Lula na Cúpula do Brics 2023 na África do Sul
Lula na Cúpula do Brics 2023 na África do Sul (foto de Ricardo Stuckert, PR)

O Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics nesta quarta-feira, 1º de janeiro, com uma agenda baseada na cooperação entre o Sul Global, na discussão sobre governança em nível internacional e em iniciativas para “facilitação do comércio e investimentos entre os países do agrupamento, por meio do desenvolvimento de meios de pagamento”, informou o governo brasileiro em comunicado. A linguagem técnica não esconde que novos meios de pagamento significam alternativa ao sistema financeiro controlado pelos Estados Unidos, o que representará mais um passo para a desdolarização, buscando concretizar o que foi prioridade da Rússia na presidência dos Brics no ano passado.

O bloco, formado pelos fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, bem como pelos membros recém-admitidos – Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã – “representa um dos principais foros de articulação político-diplomática dos países do Sul Global, com foco na cooperação em diversas áreas”, afirma o governo brasileiro. Ainda em processo de confirmação, a Arábia Saudita tem participado das reuniões do grupo, segundo o Itamaraty.

Sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, a presidência brasileira vai atuar em dois eixos principais: Cooperação do Sul Global e a Reforma da Governança Global.

  • As agendas da presidência do Brasil estão refletidas em cinco prioridades:
  • facilitação do comércio e investimentos entre os países do agrupamento, por meio do desenvolvimento de meios de pagamento;
  • promoção da governança inclusiva e responsável da Inteligência Artificial para o desenvolvimento;
  • aprimoramento das estruturas de financiamento para enfrentar as mudanças climáticas, em diálogo com a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025);
  • estímulo aos projetos de cooperação entre países do Sul Global, com foco em saúde pública;
  • e fortalecimento institucional do Brics.

Como país anfitrião, o Brasil é responsável por organizar e coordenar as reuniões dos grupos de trabalho que compõem o bloco e reúnem representantes dos países-membros para debater as prioridades da presidência de turno. Para isso, há mais de 100 reuniões previstas para acontecer entre fevereiro e julho, em Brasília. A Cúpula do Brics, espaço de deliberação entre chefes de Estado e governo, está programada inicialmente para julho, no Rio de Janeiro. A duração do mandato brasileiro é de um ano e se encerrará em 31 de dezembro de 2025.

Espaço Publicitáriocnseg

A soma dos nove países que já integram formalmente o Brics, além da Arábia Saudita, concentram mais de 40% da população global, com tendência de crescimento acima da média do planeta na próxima década. Além disso, respondem por 37% da economia mundial, segundo o critério Produto Interno Bruto por poder de compra (PIB/PPC), de acordo com o Fórum Econômico Mundial.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui