O Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics nesta quarta-feira, 1º de janeiro, com uma agenda baseada na cooperação entre o Sul Global, na discussão sobre governança em nível internacional e em iniciativas para “facilitação do comércio e investimentos entre os países do agrupamento, por meio do desenvolvimento de meios de pagamento”, informou o governo brasileiro em comunicado. A linguagem técnica não esconde que novos meios de pagamento significam alternativa ao sistema financeiro controlado pelos Estados Unidos, o que representará mais um passo para a desdolarização, buscando concretizar o que foi prioridade da Rússia na presidência dos Brics no ano passado.
O bloco, formado pelos fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, bem como pelos membros recém-admitidos – Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã – “representa um dos principais foros de articulação político-diplomática dos países do Sul Global, com foco na cooperação em diversas áreas”, afirma o governo brasileiro. Ainda em processo de confirmação, a Arábia Saudita tem participado das reuniões do grupo, segundo o Itamaraty.
Sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, a presidência brasileira vai atuar em dois eixos principais: Cooperação do Sul Global e a Reforma da Governança Global.
- As agendas da presidência do Brasil estão refletidas em cinco prioridades:
- facilitação do comércio e investimentos entre os países do agrupamento, por meio do desenvolvimento de meios de pagamento;
- promoção da governança inclusiva e responsável da Inteligência Artificial para o desenvolvimento;
- aprimoramento das estruturas de financiamento para enfrentar as mudanças climáticas, em diálogo com a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025);
- estímulo aos projetos de cooperação entre países do Sul Global, com foco em saúde pública;
- e fortalecimento institucional do Brics.
Como país anfitrião, o Brasil é responsável por organizar e coordenar as reuniões dos grupos de trabalho que compõem o bloco e reúnem representantes dos países-membros para debater as prioridades da presidência de turno. Para isso, há mais de 100 reuniões previstas para acontecer entre fevereiro e julho, em Brasília. A Cúpula do Brics, espaço de deliberação entre chefes de Estado e governo, está programada inicialmente para julho, no Rio de Janeiro. A duração do mandato brasileiro é de um ano e se encerrará em 31 de dezembro de 2025.
A soma dos nove países que já integram formalmente o Brics, além da Arábia Saudita, concentram mais de 40% da população global, com tendência de crescimento acima da média do planeta na próxima década. Além disso, respondem por 37% da economia mundial, segundo o critério Produto Interno Bruto por poder de compra (PIB/PPC), de acordo com o Fórum Econômico Mundial.