O Brasil registrou uma queda histórica nas emissões de gases do efeito estufa em 2024. Segundo dados divulgados na segunda-feira (3) pela rede Observatório do Clima, por meio da 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o país emitiu 2,145 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente (GtCO2e), 16,7% a menos que em 2023, quando o volume foi de 2,576 GtCO2e. Considerando as emissões líquidas, que descontam a captura de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas, a redução chega a 22%.
Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, o resultado posiciona o Brasil de forma positiva para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começa em 10 de novembro. “Dificilmente teremos, dentro do G20 ou dos dez maiores emissores, países chegando à COP30 com um número de redução total das suas emissões como o que estamos apresentando agora”, afirmou.
Setores, biomas e diferentes impactos
A análise do SEEG mostra que a mudança de uso da terra continua sendo a principal fonte de emissões, respondendo por 42% do total em 2024, seguida pela agropecuária (29%), energia (20%), resíduos (5%) e processos industriais (4%). O setor de mudança do uso do solo emitiu 906 milhões de toneladas de CO₂e, sendo 98% provenientes do desmatamento.
A pesquisadora Bárbara Zimbres, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), destacou que o aumento do controle do desmatamento desde 2022 tem contribuído para a queda das emissões, que atingiu 32% no último ano. Por bioma, a Amazônia reduziu suas emissões em 41%, o Cerrado em 20% e o Pantanal registrou a maior redução proporcional, de 66%. O Pampa foi o único bioma que apresentou aumento, com 6%.
No setor agropecuário, as emissões caíram 0,7% em 2024, enquanto os setores de energia, processos industriais e resíduos registraram aumento de 0,8%, 2,8% e 3,6%, respectivamente. Por estado, Rondônia (65%), Pará (44%) e Mato Grosso (44%) lideraram as reduções, enquanto Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe tiveram aumento nas emissões.
Emissões líquidas e uso da terra
Quando consideradas as remoções de carbono por florestas e áreas protegidas, as emissões líquidas do Brasil somaram 1,49 GtCO2e em 2024. Nesse cálculo, o setor de uso da terra caiu 64%, de 685 milhões para 249 milhões de toneladas de CO₂e, tornando-se responsável por 17% do total, enquanto a agropecuária passou a responder por 42%.
Impacto das queimadas
O SEEG destaca que as queimadas não são contabilizadas no inventário de mudança de uso do solo. No entanto, em 2024, houve aumento expressivo das áreas queimadas em quase todos os biomas, refletindo em crescimento de duas vezes e meia das emissões líquidas por fogo. Segundo Bárbara Zimbres, se essas emissões fossem incluídas, o impacto líquido do uso da terra poderia dobrar, alcançando até 100% das emissões líquidas do setor no ano.
Fonte Agência Brasil
















