O rendimento real habitual do trabalhador caiu 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com isso, o valor passou de R$ 2.752 em fevereiro de 2021 para R$ 2.511 um ano depois, o menor já registrado em um trimestre encerrado em fevereiro desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A massa de rendimento ficou estável na comparação com o trimestre encerrado em novembro. Ela foi estimada em R$ 234,1 bilhões. A pesquisa também mostrou que a taxa de desemprego atingiu 11,2% no período e o número de desempregados chega a 12 milhões de pessoas.
A taxa de informalidade foi de 40,2% da população ocupada, ou 38,3 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido de 40,6% e, no mesmo trimestre do ano anterior, 39,1%. “A força de trabalho tem se recuperado a um ritmo mais lento se comparada a ocupação, em relação ao nível pré-pandemia”, ressalta análise do Banco Original.
“Olhando à frente, sobretudo a partir do segundo semestre, entendemos que o contingente de população ocupada tende a arrefecer (embora a tendência da taxa de desemprego ainda seja de queda), respeitando as dinâmicas de uma atividade econômica mais fraca (projetamos um PIB de 0,5% em 2022) e dos impactos de uma política monetária contracionista” analisa a equipe do Original. “A partir do resultado do trimestre móvel finalizado em fevereiro, nossas projeções iniciais consideram uma taxa de desemprego média de 11,3% para 2022 e 10,6% para dezembro.”
Relatório do MUFG (Mitsubishi UFJ Financial Group, Inc) prevê um aumento sazonal da taxa de desemprego durante este primeiro trimestre devido à demissão de trabalhadores temporários contratados para o período natalino. “Mas esperamos uma melhora gradual à frente”, frisa a instituição financeira. “Esperamos uma taxa de desemprego de 11% até o final deste ano e de 11,3% na média do ano.”
Os empregados com carteira assinada no setor privado aumentaram em 1,1% em relação ao trimestre anterior e em 9,4% na comparação anual (ou seja, com o trimestre encerrado em fevereiro de 2021). Já o número de empregados sem carteira assinada no setor privado apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior, mas teve alta de 18,5% no ano.
Os trabalhadores por conta própria caíram na comparação com o trimestre anterior (-1,9%), mas subiu na comparação anual (8,6%), enquanto a quantidade de trabalhadores domésticos manteve estabilidade na comparação trimestral e subiu 20,8% no ano.
A população subutilizada, ou seja, os que estão desempregados, aqueles que trabalham menos do que poderiam e as pessoas que poderiam trabalhar mas não procuram emprego, ficou em 27,3 milhões, 6,3% abaixo do trimestre anterior e 17,8% menor do que um ano atrás. A taxa composta de subutilização foi de 23,5%, abaixo dos 25% do trimestre anterior e dos 29,2% do trimestre encerrado em fevereiro de 2021.
A população desalentada (aqueles que não procuraram emprego por vários motivos, mas que gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência) chegou a 4,7 milhões de pessoas. O número manteve-se estável em relação ao trimestre anterior e caiu 20,2% na comparação anual. O percentual de desalentados na força de trabalho ou desalentada (4,2%) registrou estabilidade frente ao trimestre anterior e queda ante o trimestre encerrado em fevereiro de 2021 (5,5%).
Já a população fora da força de trabalho chegou a 65,3 milhões de pessoas, alta de 0,7% quando comparada com o trimestre anterior e queda de 5% na comparação anual.
Com Agência Brasil
Matéria atualizada às 20h04 para inclusão de análises e dados do IBGE
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