País teve prejuízo de R$ 45,9 bi entre 2020 e 23 devido a eventos climáticos extremos

Segundo a Fiemg, setores produtivos sofrem impacto econômico severo; já ONU vê fatores afetando segurança alimentar de 74% dos países da AL e Caribe

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Poluição (Foto: Nikola Belopitov/Pixabay)
Poluição (Foto: Nikola Belopitov/Pixabay)

Eventos climáticos extremos como chuvas torrenciais, secas prolongadas e ondas de calor geraram um prejuízo de R$ 4,39 bilhões para Minas Gerais e R$ 45,9 bilhões para o Brasil entre os anos de 2020 e 2023, revela um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O levantamento aponta ainda um impacto econômico expressivo em setores como agropecuária (R$ 24,4 bilhões), serviços (R$ 19,3 bilhões) e indústria (R$ 2,2 bilhões), além de danos profundos à infraestrutura, às comunidades e ao mercado de trabalho.

Outro dado levantado revela que o faturamento dos setores pode chegar a uma perda de R$ 127 bilhões, valor próximo ao PIB do estado do Maranhão. Os danos ainda podem impactar negativamente o PIB do Brasil em 0,7%, levar a uma redução nas exportações de até R$ 14,5 bilhões, e perda de arrecadação tributária líquida de até R$ 4,9 bilhões. Já o número de empregos afetados pode chegar a 573 mil, o que se aproxima do número de empregos formais totais no estado do Piauí. Consequentemente, poderá implicar em perda da massa salarial de até R$ 14,2 bilhões.

“Os prejuízos financeiros decorrentes dos desastres hidrológicos geram efeitos sistêmicos e encadeados entre os setores e os agentes econômicos. É possível mitigar os efeitos das mudanças climáticas por meio de medidas que contenham o avanço do aquecimento global, a exemplo daquelas com a finalidade de redução da emissão de carbono”, diz Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.

O estudo aponta ainda que entre 2020 e 2023, 32 milhões de pessoas foram afetadas, com 2,28 milhões de desabrigados. Nesse período, 564 mil moradias foram afetadas, 174 mil destruídas e 390 mil danificadas, com prejuízo estimado de R$ 17,9 bilhões. Também foram contabilizados danos em estruturas essenciais, como hospitais, escolas e outras instalações de educação, além de obras de infraestrutura, que somaram R$ 16 bilhões em danos financeiros.

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“Os indivíduos são impactados não apenas em sua saúde, integridade física e, em casos extremos, na própria vida, mas também sofrem perdas significativas em seus patrimônios e suas moradias. Esses danos também interrompem serviços fundamentais, e comprometem o funcionamento normal da comunidade, dificultando a recuperação e o bem-estar da população afetada”, afirma Roscoe.

Já o relatório Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2024, lançado por cinco entidades da Organização das Nações Unidas na última segunda-feira, mostra que pelo menos 20 países da região (74% dos analisados) enfrentam alta frequência de eventos climáticos extremos, indicando uma exposição significativa.

O relatório afirma que a América Latina e o Caribe é a segunda região do mundo mais exposta a eventos climáticos extremos, atrás apenas da Ásia. A exposição a eventos climáticos extremos, como secas, inundações e tempestades, reduz a produtividade agrícola, altera as cadeias de suprimento e aumenta os preços dos alimentos, colocando em risco os avanços na redução da fome e da má nutrição na região.

O relatório da ONU mostra que a fome afetou 41 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe em 2023, representando uma redução de 2,9 milhões em relação a 2022 e de 4,3 milhões em relação a 2021. Essa redução é atribuída à recuperação econômica de diversos países da América do Sul, por meio de programas de proteção social, esforços econômicos pós-pandemia e políticas específicas que visam a melhorar o acesso aos alimentos.

O Panorama 2024 informa que a América Latina e o Caribe registraram uma redução na prevalência de fome e insegurança alimentar, sendo a única região no mundo com essa tendência. A prevalência de subalimentação caiu de 6,6% em 2022 para 6,2% em 2023, mantendo a queda observada entre 2021 e 2022. Isso significa que 2,9 milhões de pessoas deixaram de sofrer com a fome na região em comparação ao ano anterior.

Os padrões variáveis do clima e os eventos extremos estão impactando negativamente todas as dimensões da segurança alimentar e reforçando outras causas subjacentes da má nutrição em todas as suas formas na América Latina e no Caribe, de acordo com o Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2024. O relatório, afirma que a América Latina e o Caribe é a segunda região do mundo mais exposta a eventos climáticos extremos, atrás apenas da Ásia.

Na região, pelo menos 20 países (74% dos analisados) enfrentam alta frequência desses eventos, indicando uma exposição significativa, e 14 deles (52%) são considerados vulneráveis devido à probabilidade de aumento da subalimentação em função desses fenômenos. O impacto dos extremos climáticos é agravado por desafios estruturais persistentes, como conflitos, desacelerações econômicas e crises, além de fatores como altos níveis de desigualdade, falta de acesso a dietas saudáveis e sua inacessibilidade, e ambientes alimentares não saudáveis.

Segundo o relatório, entre 2019 e 2023, a prevalência da subalimentação aumentou 1,5 ponto percentual em todos os países afetados pela variabilidade climática e eventos extremos. A situação é ainda mais grave em países que enfrentam recessões econômicas. As populações mais vulneráveis são desproporcionalmente impactadas, pois têm menos recursos para se adaptar.

O relatório destaca a necessidade urgente de acelerar ações para desenvolver a resiliência nos sistemas agroalimentares, que são críticos para o progresso da região rumo à eliminação da fome e da má nutrição em todas as formas. Garantir a sustentabilidade de longo prazo dos sistemas agroalimentares é essencial, diz o documento.

A fome afetou 41 milhões de pessoas na região em 2023, representando uma redução de 2,9 milhões em relação a 2022 e de 4,3 milhões em relação a 2021. Apesar dos avanços regionais, existem disparidades entre sub-regiões. A prevalência da fome aumentou nos últimos dois anos no Caribe, alcançando 17,2%, enquanto se manteve relativamente estável na América Central, em 5,8%.

A insegurança alimentar moderada ou grave também apresentou avanços pelo segundo ano consecutivo, caindo abaixo da média global pela primeira vez em 10 anos. Em total, 187,6 milhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar na região, 19,7 milhões a menos que em 2022 e 37,3 milhões a menos do que em 2021.

Essa redução é atribuída à recuperação econômica de diversos países da América do Sul, por meio de programas de proteção social, esforços econômicos pós-pandemia e políticas específicas que visam melhorar o acesso aos alimentos.

Ainda assim, a insegurança alimentar afeta de forma mais acentuada grupos como comunidades rurais e mulheres, com a persistência de uma elevada desigualdade de gênero na região, acima da média global.

A região ainda apresenta o custo mais elevado para uma dieta saudável em comparação a outras partes do mundo, chegando a US$ 4,56 PPC por pessoa ao dia, enquanto a média global é de US$ 3,96 PPC. Como consequência, 182,9 milhões de pessoas na região não conseguem acessar esse tipo de dieta.

Em 2022, 27,7% da população regional não teve acesso a uma dieta saudável. No Caribe, 50% da população foi impactada pelo alto custo; na América Central, a taxa foi de 26,3%, e na América do Sul, 26%.

No evento de lançamento do relatório, o subdiretor geral e representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin, ressaltou que “a variabilidade do clima e os eventos extremos são uma ameaça à estabilidade da segurança alimentar e da nutrição” e acrescentou a importância de implementar uma resposta integrada, baseada em políticas e ações que fortaleçam a resiliência dos sistemas agroalimentares.

O relatório aponta que, em 2022, 22,3% das crianças menores de cinco anos no mundo sofreram de atraso no crescimento. Na América Latina e no Caribe, essa prevalência foi estimada em 11,5%, bem abaixo da média global, mas os avanços têm desacelerado nos últimos anos.

Além disso, 5,6% das crianças menores de cinco anos no mundo estavam acima do peso em 2022, enquanto na América Latina e no Caribe esse número foi de 8,6%, 3 pontos percentuais acima da média global. A região também enfrenta uma aceleração mais rápida nesse indicador, especialmente na América do Sul.

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