Haddad toca reforma tributária para depois mudar impostos diretos

300
Fernando Haddad (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Fernando Haddad (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Ao chegar nesta segunda-feira a Davos, na Suíça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que leva três recados à comunidade internacional – político, econômico e ambiental -, que são: respeito à democracia, sustentabilidade fiscal com justiça social e reindustrialização com sustentabilidade ambiental.

“Recado político é a questão democrática, o compromisso do Brasil de dar suporte para essas jornadas democráticas que o mundo está vivendo, sobretudo na América do Sul, e reforçando o compromisso do Brasil com o combate a todos os tipos de extremismos”, disse Haddad ao chegar ao hotel em que se hospedará em Davos, cidade suíça que sedia o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), que reúne os representantes do grande capital para influenciar governos e traçar metas para a economia.

A reforma tributária é a bandeira imediata do governo Lula na economia, disse o ministro da Fazenda. “Está muito amadurecida a discussão. A reforma das reformas é a tributária. O arcabouço fiscal não vai dar tanto trabalho”, afirmou Haddad a jornalistas. “Ela não somente simplifica, ela dá transparência, ela faz com que a carga recaia sobre os setores da economia de uma forma um pouco mais justa. Ela prepara o terreno da reforma seguinte, que envolve os nossos impostos diretos, para então buscar menos regressividade dentro do sistema. Então, a reforma tem muitos méritos”, completou, referindo-se às duas propostas em tramitação no Congresso.

Em seguida, ao comentar sobre o recado econômico, Haddad afirmou que “o modelo de economia que defendemos” inclui a responsabilidade fiscal e social, indissociáveis. No caso da agenda ambiental, Haddad destacou ter viajado junto com Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e que o objetivo é ir além da retomada do compromisso com a redução do desmatamento e o investimento em energias renováveis.

Espaço Publicitáriocnseg

“Também na pauta do desenvolvimento, nós podemos pensar na reindustrialização do Brasil com base na sustentabilidade ambiental”, disse o ministro. Ele também frisou o impacto simbólico dos atos de vandalismo ocorridos em Brasília no último dia 8: para Haddad, a rapidez na resposta aos acontecimentos deu credibilidade ao país.

“A minha impressão é que as instituições brasileiras deram uma resposta muito imediata, o fato de que no dia seguinte já havia uma intervenção na segurança do Distrito Federal, com o afastamento do governador, a visita em seguida dos 27 governadores a Brasília”, avaliou o ministro. “Uma resposta muito rápida, em 24 horas estava tudo sob controle”.

Ele acrescentou que a reação das instituições foram “uma demonstração clara de que o Brasil tem compromisso com o resultado eleitoral, com as regras democráticas, com as liberdades individuais, respeitadas as garantias constitucionais”

O ministro chegou a Davos um dia depois de Marina Silva, que embarcou no sábado. Ambos têm agenda intensa e participam de dois painéis principais e têm mais de 50 convites de encontros bilaterais. Neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado para ocupar o palco principal do evento, mas declinou. Conforme já adiantado pelo Itamaraty, a primeira viagem internacional do mandatário será para a Argentina, onde pretende lançar sua própria mensagem simbólica de valorização da integração latino-americana.

O fórum teve hoje com a participação de 51 chefes de Estado e de governo. O tema da reunião deste ano é “Cooperação num mundo fragmentado”, adequado para procurar soluções para a atual crise econômica, energética e de alimentos, segundo a organização.

Segundo Fabio Pereira de Andrade, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em Administração Pública e Governo, a pauta econômica e o meio ambiente vão caminhar juntos em Davos.

“Temos dois motivos muito importantes. A Europa, com o advento da guerra Ucrânia x Rússia, percebeu que mesmo com o discurso de matriz limpa ainda era dependente de uma matriz suja, cujo principal fornecedor é a Rússia”, diz.

O especialista salienta que a situação com o fornecimento da Rússia precisa ser solucionada e fortalecer o movimento que tem a frente os EUA, com o presidente Joe Biden e o Partido Democrata, que encabeçam um pedido de reorganização da economia a partir de uma “nova visão verde” e novas tecnologias para fazer frente ao avanço chinês.

“Nesse sentido temos que entender o fato do presidente Lula ter designado Fernando Haddad e Marina para representá-lo em Davos. Tal atitude mostra que o presidente brasileiro terá a economia e o meio ambiente caminhando juntos com o Brasil. Ele pretende ter uma posição de destaque nesse diálogo, fazendo com que a questão de preservação de biomas e utilização consciente do meio ambiente sejam oportunidades econômicas e de negócios para o país”, afirma Andrade.

 

Com informações da Agência Brasil

Matérias atualizada às 19h57 para inclusão da entrevista de Haddad sobre a reforma tributária

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui