Brasileiro está comendo menos arroz

Nova geração tem optado por fast food e ultraprocessados; ainda assim, arroz com feijão ainda é o prato mais buscado em bufês de praças de alimentação

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Arroz e feijão em comida a quilo (Foto: Antonio Cruz/ABr)
Arroz e feijão em comida a quilo (Foto: Antonio Cruz/ABr)

De acordo com o relatório Projeções do Agronegócio 2023/24 a 2033/34, desenvolvido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e divulgado em 2024, o arroz é um dos alimentos cujo consumo apresenta redução no Brasil, acompanhado do feijão e da carne vermelha – considerados itens básicos da alimentação nacional. A pesquisa aponta que, nos últimos 10 anos, a ingestão de arroz diminuiu de 11,8 milhões de toneladas em 2013/14 para 11 milhões em 2023/24.

Dados recentes apontam queda no consumo de arroz no país, o que, além de gerar preocupação na cadeia produtiva do grão, também pode causar um impacto social, cultural e na saúde da população.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), Walmir Rampinelli, um dos principais fatores que explicam a diminuição é o fato de que boa parte da nova geração tem optado por alimentos rápidos, processados e, muitas vezes, já prontos para o consumo. O sedentarismo, desigualdades socioeconômicas, a diversidade de opções gastronômicas e a popularização do delivery também contribuem para isso.

Estudos evidenciam um aumento significativo no peso da população brasileira, com projeções preocupantes para os próximos anos. Lançado em março, o Atlas Mundial da Obesidade 2025 mostra que 68% dos brasileiros estão com excesso de peso – desses, 31% com obesidade e 37% com sobrepeso. Já a pesquisa do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília, divulgada no ano passado, estima que, caso as tendências atuais não mudem, 50% das crianças e adolescentes brasileiros dos cinco aos 19 anos estarão com sobrepeso ou obesidade até 2035.

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Apesar disso, estudo da rede Divino Fogão apontou que arroz com feijão ainda são os alimentos mais buscados em bufê de praças de alimentação de shopping centers.

Muito antes de o Brasil se tornar um país, o feijão já fazia parte da rotina alimentar dos povos indígenas. Natural das Américas, o feijão comum, em especial as variedades preta e mulatinho, era presença constante nas aldeias, servindo de base para diversas preparações. O arroz, por sua vez, chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses. Apesar da existência de espécies nativas no território brasileiro, foi o arroz asiático que ganhou espaço e popularidade, especialmente no período colonial. Sua adaptação ao solo e ao clima brasileiro permitiu que ele rapidamente se tornasse um dos principais grãos cultivados no país.

A união desses dois alimentos não aconteceu por acaso. A mistura foi sendo construída ao longo dos séculos, resultado de diversas influências culturais. Da África vieram os temperos marcantes e técnicas culinárias que enriqueceram o preparo do feijão. De Portugal, o hábito de combinar grãos e ensopados no mesmo prato. Somou-se a isso a realidade social: arroz e feijão eram produtos acessíveis, nutritivos e capazes de sustentar o trabalhador por longas jornadas. Assim nasceu uma tradição que permanece até os dias atuais. O prato simples, mas completo, tornou-se símbolo da mesa brasileira presente do interior aos grandes centros urbanos.

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