Brasileiro está mais reticente em obter crédito

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Breno Costa. Foto: divulgação
Breno Costa. Foto: divulgação

A demanda por crédito se manteve estável em outubro em relação a setembro, indicando que a recuperação do consumo pós-pandemia pode ter atingido o limite. Desde maio, o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), que mede o número de solicitações de financiamentos mensais nos segmentos de varejo, bancos e serviços, vinha registrando alta na casa de dois dígitos, porém em setembro o crescimento ficou em apenas 3% e em outubro houve uma leve retração de – 0,1%. No acumulado do ano, a demanda por crédito encontra-se 30% maior que em janeiro.

“A vontade de comprar existia, mas o consumo foi impossibilitado por conta do isolamento social. Além disso, as incertezas fizeram os brasileiros ficarem mais reticentes em gastar. Com a abertura da economia e a visão de que o pior da crise já passou, as pessoas ampliaram seu crediário para irem às compras. Agora estamos vendo a realidade bater à porta e a demanda se arrefecer”, explica o diretor de Produtos e Sucesso do Cliente da Neurotech, Breno Costa.

A acomodação do INDC no mesmo patamar não é vista como sinal de crise. Pelo contrário, pode até significar uma pausa para obter fôlego e ampliar o consumo de fim de ano, com a Black Friday e o Natal. De qualquer forma, é preciso observar que o brasileiro já está endividado, houve uma queda considerável da renda e o auxílio-emergencial está com os dias contados. “Não é de se estranhar que haja um aumento do conservadorismo na hora de demandar crédito”, complementa Costa.

Ao analisar o INDC de forma segmentada, é possível perceber que houve aumento na demanda por crédito nos bancos e financeiras e no setor de serviços, de 1% e 3%, respectivamente. Entretanto, este movimento foi compensado do lado negativo pela queda de 10% do varejo.

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“Os números do varejo indicam um recuo considerável. Após a queda de 5% em setembro, temos mais um recuo de 10% em outubro. A princípio era esperada uma reversão deste movimento, mas percebe-se que o brasileiro se manteve mais reticente por conta do aumento do endividamento, incerteza e perspectiva do fim do auxílio emergencial. Além disso, houve um forte aumento dos preços dos produtos essenciais, o que reduz o consumo de outros bens”, diz.

Dos setores analisados que compõem o varejo dois chamam atenção negativamente: moveleiro e eletro. O primeiro demonstrou uma forte queda de 72%. Já o eletro recuou 3%. Por outro lado, supermercados, lojas de departamento e vestuário apresentam alta de 14%, 11% e 10%, respectivamente quando comparados os meses de outubro e setembro. No acumulado do ano, todos os segmentos estão em terreno negativo, com exceção de vestuário e lojas de departamento, além dos classificados como outros.

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