O Brics é a principal organização que simboliza a multipolaridade frente a unipolaridade centrada no Ocidente. Esta é a constatação do debate realizado pela agência de notícias Sputnik Brasil sobre o futuro dos Brics, com Paulo Nogueira Batista Jr., Elias Jabbour, Aleksandr Dugin, Glenn Greenwald e Pepe Escobar. O tema foi “Brics como promessa de soberania econômica, midiática e conceitual para o Sul Global”.
Nogueira Batista explicou o que é o Ocidente: é um grupo de países de alta renda que representa só 15% da população mundial, mas quer continuar dando as cartas. O economista fez a distinção entre Ocidente político, que reúne EUA, parte dos países da Europa, Canadá, Israel, Austrália, Japão e Nova Zelândia, e o Ocidente geográfico, do qual os 4 últimos não fazem parte. O Sul Global é o restante do planeta.
O Brasil é parte do Ocidente geográfico, mas não do político. “Mesmo que quiséssemos ser, não seríamos aceitos. Brasil só será parte do Ocidente político se aceitar servir a mesa, não para participar do jantar”, ironizou Batista Jr.
Os debatedores concordaram que o Brics se divide em 2 grupos: Rússia, Irã e China, em confronto com o Ocidente, e os 8 demais. Será coincidência que Lula foi ao G7, e os líderes da Rússia e da China não vêm à Cúpula dos Brics?
Pepe Escobar avaliou que Xi não vem ao Brasil devido a divergências com a Índia, que estaria sendo vista como pouco confiável pelos chineses devido a posições antagônicas em fóruns mundiais. Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, também foi ao G7.
Elias Jabbour acrescentou que o Brasil não quer discutir a arquitetura financeira internacional, por opção da diplomacia brasileira, que opta por concentrar a discussão nas mudanças climáticas. “Itamaraty é uma peça funcional do Ocidente no território brasileiro, contra os interesses da integração sul-americana”, acusou, afirmando ainda que Lula tem excelente posição em relação aos Brics, mas não tem força política.
“O Sul Global espera dos Brics uma solução alternativa ao sistema disfuncional do Ocidente; espero que o Brics+ possa oferecer um sistema mais justo, mais honesto, mais equilibrado, mais humano do que temos hoje”, finalizou Batista Jr.
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Desdolarização avança
A desdolarização avança no mundo, mas não nos Brics, alfinetou Paulo Nogueira Batista Jr. no debate da Sputnik Brasil. A discussão poderia avançar no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco dos Brics, que se reúne no Rio de Janeiro antes da Cúpula dos Chefes de Estado.
Harvansh Chawla, presidente da Câmara de Comércio e Indústria (CCI) do Brics, declarou à revista India Today na quarta-feira (2) que os Estados-membros do bloco decidiram que o NDB deveria ser preparado para fornecer crédito às empresas dos países do bloco em moeda local, em vista da guerra comercial com os EUA. A CCI do Brics é um órgão que abrange todos os países do grupo, mas sua liderança é majoritariamente indiana.
Rápidas
Os aspectos constitucionais e geopolíticos do agronegócio serão abordados no evento “Globalização e China”, que será realizado pelo IAB na próxima segunda-feira (7), 16h, com palestra do professor da FAU Erlangen-Nürnberg (Alemanha) Egas Bender de Moniz Bandeira. O encontro terá transmissão no canal TVIAB no YouTube *** Os lendários Harlem Globetrotters estão de volta ao Brasil depois de quase uma década. Serão em torno de 25 apresentações por várias cidades durante setembro e outubro de 2025 *** A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), em parceria com Secretaria de Meio Ambiente e BNDES, realizará, entre terça e quinta-feira, apresentação do 1º Lote do Programa de Concessão de Parques do Município do Rio de Janeiro. Mais informações, incluindo o edital e seus anexos, estão disponíveis no site Parques Cariocas – CCPar.