Brics e o fim do ‘privilégio exorbitante’

Dilma mostra contradições dos EUA, efeitos colaterais do ‘privilégio exorbitante’ e o papel dos Brics no mundo multipolar

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Dilma Rousseff na 15ª Cúpula do Brics
Dilma Rousseff (Foto: 15ª Cúpula do Brics)

Os Estados Unidos querem recuperar o poder do Estado-nação, o “Make America Great Again”, sem abrir mão da hegemonia imperial do dólar. “Mas isso é contraditório. Não dá para manter as duas coisas ao mesmo tempo”, ensinou a ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff nesta terça-feira (20), em seminário sobre Brics e Brasil, realizado pela Fundação Perseu Abramo, do PT.

Dilma afirmou que o dólar se encontra sob crescente ameaça, e esta ameaça “vem de dentro dos Estados Unidos”. A instabilidade política e econômica interna nos EUA, aliada à política comercial agressiva e imprevisível, “cria uma incerteza e muita insegurança no mundo” e coloca em xeque o papel dominante do dólar.

“O sistema internacional foi moldado pelos acordos de Bretton Woods, aliados à relativa estabilidade da economia americana. Isso permitiu ao dólar atuar como moeda de reserva por décadas”, explicou Dilma. “Mas esse papel hegemônico, sustentado pelo uso obrigatório do dólar, trouxe também um efeito colateral: a desindustrialização americana, resultado do privilégio de financiar seus déficits com recursos externos praticamente sem custo”, expôs a presenta Dilma Rousseff.

Ela se refere ao “privilégio exorbitante”: benefícios que os Estados Unidos têm devido à sua própria moeda ser a moeda de reserva internacional.

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A confiança nos ativos estadunidenses sofreu um abalo inédito nos últimos anos: “Pela primeira vez em décadas, vimos uma venda simultânea de ações, de títulos do governo e do próprio dólar. Foi uma reação à postura agressiva dos EUA no comércio internacional. E isso é muito significativo”, um marco do fim de uma era, analisa.

Dilma, que é presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, o Banco dos Brics), aponta alternativas ao “privilégio exorbitante”, e a principal delas é a ampliação do uso de moedas locais nos financiamentos. “Ninguém tem condição de tomar dinheiro em moeda forte e pagar em moeda fraca. Porque o dólar varia. Quando a taxa de juros sobe, o custo do empréstimo sobe junto. É uma situação impossível”, disse.

A solução? “Usar moedas locais para financiar os países. Lançamos títulos em rand sul-africano para emprestar em rand. Podemos lançar em real para emprestar em real.” Dilma vê nos Brics uma plataforma concreta para essa transformação e alerta: “Temos a mania de olhar só o Brasil. Mas o que ocorre no mundo afeta o Brasil profundamente. Nós estamos diante de uma transição. E essa transição é para um mundo mais igual, em que nenhum país seja hegemonicamente superior ao outro. E os Brics têm um papel essencial nisso.”

Crimes de guerra

Ao dizer que a guerra pode acabar se o Hamas soltar os reféns e se render, o homem-forte de Israel Bejamin “Bibi” Netanyahu admite que levar os palestinos a morrer de fome em Gaza é parte da estratégia israelense. O que falta para a comunidade internacional reconhecer que se trata de genocídio e crime de guerra e adotar sanções?

Palavras x armas

Aliás, o Reino Unido suspendeu negociações de acordo comercial com Israel, mas mantém venda de armas para as forças de ocupação, como denunciou a Anistia Internacional.

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Rápidas

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