Brics e Sul global: nova relação internacional

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Logo da 15a Cúpula do Brics, na África do Sul
Logo da 15a Cúpula do Brics

O Brics – bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – trouxe para o cenário internacional um novo modelo cooperativo em que a ideia de ganha-ganha está sempre presente e intimamente associada à visão do Sul global sobre o cenário internacional ordem, afirmou o professor brasileiro Leonardo César Souza Ramos.

“O Brics, como mecanismo articulado ou intimamente ligado aos processos de cooperação Sul-Sul, é de significativa importância para seus membros”, disse o professor e coordenador do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, em entrevista à à agência de notícias Xinhua.

“Desde a criação do Banco do Brics (Novo Banco de Desenvolvimento, NDB na sigla em inglês), em particular, esse potencial se intensificou para além dos países do Brics, incorporando possibilidades de cooperação e desenvolvimento com outros países do Sul global”, acrescentou.

Desdolarização na agenda do Brics

De 22 a 24 de agosto, a XV Cúpula do Brics será realizada na cidade sul-africana de Joanesburgo, com uma agenda que inclui a possibilidade de expansão do grupo com países associados, problemas de governança global e uso de moeda própria em transações comerciais.

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Segundo Souza Ramos, também coeditor da revista Relações Internacionais da PUC Minas, o Brics se tornou uma alternativa de desenvolvimento para os países-membros e também para outros países emergentes.

“A cooperação econômica entre os países do Brics tem sido um aspecto fundamental dos processos de cooperação Sul-Sul, além de contribuir para o crescimento econômico desses países a partir de uma lógica diferente daquela associada ao modelo neoliberal”, afirmou.

Essa cooperação se desenvolve “com formas e possibilidades que vão além da mera lógica do mercado, incorporando elementos de cooperação duradoura que rompem com os modelos neoliberais característicos da ordem econômica internacional desde os anos 1970”.

Importância geopolítica

Para o especialista brasileiro, do ponto de vista geopolítico, os países do Brics provocaram profundas mudanças na ordem internacional, ressaltando a importância do Brics e Sul global.

“Os países do Brics têm uma importância geopolítica muito significativa. Nesse sentido, teve um impacto significativo nas mudanças nos eixos da ordem internacional, implicando um fortalecimento da cooperação sino-russa como expressão de um aumento da importância da Ásia e do Sul global para a dinâmica da ordem internacional”, afirmou.

Ele considerou que as oportunidades e os desafios enfrentados pelos países que compõem o Brics para a cooperação multilateral estão intimamente ligados tanto à identificação de convergências, quanto ao processo de expansão do grupo.

“Primeiro, (é preciso) avançar no reconhecimento dos pontos e interesses comuns dos países do Brics, para potencializar os processos de interação”, afirmou.

“Em segundo lugar, o processo de expansão do Brics pode gerar uma retomada da aceleração dos processos de cooperação intraBrics e Brics com outros processos de cooperação mais definidos regionalmente”, acrescentou Souza Ramos.

Segundo o governo da África do Sul, mais de 20 nações manifestaram a intenção de se juntar ao grupo.

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