Brics: esperança do Sul Global por uma governança mais justa

57
Caderno e caneta com nome do Brics
Caderno e caneta com nome do Brics (foto de Maksim Bogodvid, Brics-Russia)

A expansão do Brics e sua crescente proeminência internacional representam uma oportunidade histórica para transformar a governança global em favor do Sul Global, disse Maria Elena Rodriguez, vice-diretora do Centro de Políticas do Brics, um think tank brasileiro.

Em entrevista à Xinhua, Rodriguez afirmou que a expansão do Brics tem “valor simbólico e estratégico essencial” para o multilateralismo, pois “não é apenas uma plataforma, mas uma oportunidade fundamental para superar o sistema hegemônico unipolar que domina a governança global”.

Embora reconheça que a expansão do grupo pode dificultar a busca por consenso e complicar a tomada de decisões unificadas, Rodriguez enfatizou que o bloco demonstrou capacidade de negociação, como evidenciado pela publicação de comunicados conjuntos sobre questões-chave como finanças climáticas, governança de inteligência artificial e erradicação de doenças associadas à desigualdade.

“Seu valor simbólico, ao unir as aspirações do Sul Global por um verdadeiro multilateralismo, é um objetivo fundamental e plenamente alcançável”, afirmou a também professora do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Espaço Publicitáriocnseg

Este ano, o Brasil sediará a 17ª Cúpula dos Brics, bem como a 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Para Rodríguez, isso não é apenas uma coincidência diplomática, mas uma manifestação concreta do crescente papel do Sul Global na governança internacional. “A realização desses eventos em solo brasileiro simboliza o momento em que o Sul Global está reconquistando seu espaço e influência na governança global. Impulsionado por suas necessidades, capacidades e um crescente senso de solidariedade, o Sul Global busca maior representatividade”, afirmou.

A especialista também expressou que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado pelos países do Brics para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, desempenha um papel crucial em seus esforços para promover um sistema mais inclusivo e legítimo.

Rodríguez explicou que, ao oferecer uma alternativa às instituições financeiras ocidentais, o banco “promove uma estratégia de desenvolvimento alinhada às prioridades do Sul Global”.Além da dimensão econômica, a acadêmica enfatizou que o Brics também está envolvido em questões de segurança, combate à corrupção e ao terrorismo, bem como na promoção de uma paz global estável.

Rodríguez afirmou que o crescente interesse dos países latino-americanos em ingressar no grupo BRICS reflete um profundo desejo por maior autonomia econômica e política. “Esse movimento aponta para uma busca por alternativas aos modelos dominantes e um desejo de diversificar as relações internacionais”, analisou.

Na sua opinião, para muitos governos latino-americanos, o Brics oferece oportunidades de comércio, investimento e financiamento, bem como uma plataforma para amplificar sua voz em questões como mudanças climáticas, reforma do comércio internacional e desenvolvimento sustentável. “Há também uma motivação muito forte para reafirmar a soberania nacional e reduzir a dependência das potências ocidentais”, observou.

Todo esse processo revela a complexidade das motivações que impulsionam a aproximação da América Latina com os Brics e reforça a posição do bloco como ator fundamental na reformulação da ordem internacional, concluiu a especialista.

Siga o canal \"Monitor Mercantil\" no WhatsApp:cnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui