Brics: oportunidades e parcerias para as empresas brasileiras

Países do Brics oferecem às empresas brasileiras oportunidades de investimentos e parcerias tecnológicas

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Um robô faz café em um parque no distrito de Guangming, em Shenzhen, província de Guangdong, sul da China, em 27 de novembro de 2024. Em vários parques de Shenzhen, aplicações avançadas de inteligência artificial são onipresentes, tornando as tecnologias parte da vida diária do público
Um robô faz café em um parque no distrito de Guangming, em Shenzhen, província de Guangdong, sul da China, em 27 de novembro de 2024. Em vários parques de Shenzhen, aplicações avançadas de inteligência artificial são onipresentes, tornando as tecnologias parte da vida diária do público. (Xinhua/Liang Xu)

Exercendo a presidência do Brics desde 1º de janeiro, o Brasil divulgou, a partir de documento do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, a posição do Governo Federal de combinar pragmatismo político com visão estratégica, de maneira a que o Brasil possa “consolidar sua liderança como um dos principais articuladores dessa nova ordem multipolar”.

Cappeli observa que “com um olhar específico para os países do Brics, pode-se destacar algumas oportunidades de investimentos e parcerias tecnológicas, tanto de empresas brasileiras em países-membros, quanto destes no Brasil”, e elenca detalhes de cada um dos principais membros do bloco.

Brics: oportunidades na Rússia

Uma das nações mais poderosas do mundo, rica em recursos naturais e com um setor de energia robusto, A Rússia pode possibilitar ao Brasil aprendizados e ganhos tecnológicos, a partir da formação de parcerias estratégicas com empresas daquele país. Cappelli destaca ainda oportunidades de expansão comercial no agronegócio.

“Além do setor energético e do agronegócio, a Rússia apresenta diversas oportunidades de investimento em setores estratégicos, impulsionados por programas governamentais e demandas internas, sob as quais o Brasil pode desencadear promissoras parcerias. Cito como exemplo a necessidade de o governo russo implementar programas focados na melhoria das infraestruturas de transporte e na realização de obras públicas, especialmente na área metropolitana de Moscou.”

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“Recentemente, a Apex Brasil publicou o Mapa de Oportunidades, indicando 231 oportunidades comerciais identificadas para o Brasil no mercado russo. Alguns dos setores com maior são: Máquinas e Equipamentos de Transporte – motores e peças automotivas; Produtos Alimentícios: carnes comestíveis, farelo de soja, alimentos para animais e frutas; Celulose; Produtos Químicos – medicamentos e polímeros de etileno”, lista o documento da ABDI.

Índia é hub global de TI

Narendra Modi
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia (foto Xinhua)

A Índia tem se tornado cada vez mais atraente para a economia brasileira. O país tem concentrado seu desenvolvimento em setores estratégicos como o de tecnologia da informação. Atualmente é a quinta maior economia do mundo, atrás de EUA, China, Alemanha e Japão. E, de acordo com a revista The Economist, deverá apresentar o maior crescimento econômico anual entre os membros do G-20, até 2028.

A Índia é um hub global de TI e serviços de software, com forte presença em outsourcing e desenvolvimento de software, e o Brasil pode aproveitar essas competências, por meio de cooperação e parcerias tecnológicas, para desenvolver startups e seu ecossistema de inovação e avançar em campos estratégicos, como Inteligência Artificial e Big Data.

“Assim como na Rússia, o Brasil pode ser um forte parceiro da Índia no setor de construção e desenvolvimento urbano. Aquele país apresenta inúmeras demandas prioritárias de projetos de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, aeroportos, que podem atrair investimentos brasileiros. Além disso, destaco o interesse de a Índia expandir sua capacidade de produção de energia solar e eólica, segmentos que permitem investimentos brasileiros, como também parcerias tecnológicas”, afirma Cappelli.

“Acredito que o Brasil possa avançar ainda mais no setor de Biotecnologia, tendo em vista que a Índia é um dos mais importantes players na produção de medicamentos genéricos e vacinas. Não posso me esquecer de mencionar que a Índia vive um forte período de avanço econômico, que tem impulsionado o crescimento da classe média que, por sua vez, tem sido responsável pelo aumento da demanda por bens de consumo duráveis e não duráveis, abrindo-se um vasto caminho para a expansão de mercado das empresas brasileiras”, ressalta.

China, maior parceiro comercial

Um mercado gigantesco, com oportunidades em tecnologias críticas, setor automotivo, saúde e energias renováveis. Assim é a China. Sua expansão global, como parte da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, também conhecida como Nova Rota da Seda), abre inúmeras oportunidades para investidores brasileiros.

A China oferece diversas oportunidades de investimento e parcerias tecnológicas em vários setores, que podem contribuir para o desenvolvimento industrial e tecnológico brasileiro. “Por exemplo, a China é líder global em Inteligência Artificial, impulsionada pelo forte apoio governamental e investimentos em pesquisa”, atesta o documento da ABDI.

“Assim como a Índia, os setores de biotecnologia e energias renováveis estão em crescimento naquele país, graças aos incentivos governamentais para inovação, e às políticas que incentivam a transição para fontes de energias limpas. Ao se associar a essa estratégia, o Brasil pode obter ganhos tecnológicos importantes.”

“Hoje, o setor de Veículos Elétricos (EVs) chinês está em expansão, com apoio governamental e investimentos em infraestrutura de carregamento. O Brasil tem um enorme potencial para atrair mais investimentos chineses, como os que recentemente desembarcaram no país”, avalia a Agência.

África do Sul tem localização estratégica

Vista aérea da cidade de Cape Town, África do Sul
Cape Town, África do Sul (foto de Xabiso Mikhabela, Xinhua)

O Brasil pode ter oportunidades em mineração, agricultura e energias renováveis na África do Sul. Sua localização estratégica a torna um hub para investimentos no continente africano. “Vislumbro oportunidades para produtos brasileiros dos setores de máquinas e equipamentos de transporte, construção civil, produtos químicos e produtos alimentícios”, afirma Cappelli.

No setor alimentício, o Brasil pode aproveitar oportunidades de expansão de mercado, como também de investimentos em café, carne e frango. No setor da construção, há espaço para diversos produtos, como tintas; ferramentas e talheres; madeira; painéis de fibras; móveis; vidro, entre outros.

“No setor de máquinas e equipamentos, vejo oportunidades para instrumentos mecânicos; geradores e transformadores elétricos; laminadores de metais; máquinas e aparelhos de uso agrícola; máquinas e aparelhos para trabalhar pedra e minério”, enumera o presidente da ABDI.

O setor automotivo abre um leque importante de oportunidades para uma expansão do mercado para produtos brasileiros, como autopeças, pneumáticas e hidráulicas motores para veículos automóveis; pilhas, baterias e acumuladores elétricos; motocicletas; reboques, tratores, veículos de carga.

Oportunidades nos novos países do Brics

Com a expansão do Brics, que agora inclui Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, amplia-se significativamente as oportunidades de investimento em diversos setores.

“Na Arábia Saudita, por exemplo, destaco as oportunidades em energias renováveis, visto que aquele país está investindo em projetos de energia solar e eólica, alinhados ao plano Vision 2030”, alinha Cappelli.

“No Egito, em face dos projetos de expansão no Canal de Suez e da política de desenvolvimento urbano, oferece às empresas brasileiras oportunidades em construção civil e logística.”

“Os Emirados Árabes Unidos vivenciam um período de forte investimento em smart cities, inteligência artificial e fintechs, abrindo oportunidades de investimento para o Brasil. Além disso, possuem uma posição estratégica como hub entre Ásia, Europa e África, com infraestrutura portuária e aeroportuária avançada, que podem ser estrategicamente favoráveis para o Brasil.”

Vista aérea da cidade de Adis Abeba, Etiópia
Adis Abeba, Etiópia (foto de Han Xu, Xinhua)

“A Etiópia tem apostado no setor de têxtil e confecções, os quais o Brasil pode contribuir por meio de parcerias tecnológicas, para o crescimento desses setores industriais.”

“E no Irã, país que possui vastas reservas de petróleo e gás, há oportunidades para o Brasil por meio de parcerias em exploração e infraestrutura energética”, destaca o presidente da ABDI no documento.

Por Andrea Penna, especial para o Monitor

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