A declaração oficial da 16ª cúpula do Brics, publicada ontem, reforça a necessidade de reforma dos organismos internacionais, especialmente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e do Fundo Monetário Internacional, com objetivo de ampliar a voz e o poder dos países menos desenvolvidos.
Com 43 páginas e 134 itens, a Declaração de Kazan, que recebe o nome da cidade russa onde ocorre a cúpula do Brics, trata de praticamente todos os temas em destaque na agenda internacional, como o enfrentamento às mudanças climáticas, a gestão da inteligência artificial e as guerras em curso no planeta.
A declaração enfatiza a necessidade de promover um mundo multipolar, com vários centros de poder.
“A multipolaridade pode expandir oportunidades países em desenvolvimento e de mercados emergentes para desbloquear seu potencial construtivo, garantindo benefícios para todos”, diz o documento.
Os países do Brics pedem reformas na governança global que reflitam a nova realidade econômica e geopolítica internacional, com expansão da representação de países em desenvolvimento e de estados emergentes em posições de liderança para refletir sua contribuição mundial.
O documento ainda reforça a necessidade de mecanismos de financiamento e comércio em moedas locais, como força de fugir da dependência do dólar. “Incentivamos o uso de moedas nacionais quando realizar transações financeiras entre os países do Brics e seus parceiros comerciais.”
O texto aborda os principais conflitos em andamento no mundo, desde a Ucrânia até o Líbano, passando por Sudão e Palestina. Sobre a Faixa de Gaza, o grupo expressa preocupação com a nova escalada do conflito, pede o cessar fogo imediato e a libertação imediata dos reféns de Israel e palestinos, além de condenar o deslocamento forçado de civis e os ataques contra instalações humanitárias e infraestrutura civil. A Declaração de Kazan também expressa preocupação com a situação no Líbano.
Em sua participação virtual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou os países do Brics a se somarem à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já está em fase avançada de adesões e nasceu no G20, grupo das maiores economias do mundo que tem atualmente o Brasil na Presidência.
O Brasil assume em 2025 a Presidência do Brics. “Queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países”, disse Lula sobre a liderança. Ele lembrou que o grupo foi responsável por parcela significativa do crescimento econômico mundial nas últimas décadas, mas que os fluxos financeiros seguem indo a nações ricas e é preciso romper essa lógica.
Nesta cúpula, o Brics aprovou o convite a 13 novos membros para integrar o bloco. Eles serão chamados a integrar o grupo como Estados Parceiros, o que será feito pela Rússia, que está atualmente na Presidência do grupo. As nações convidadas serão Turquia, Indonésia, Argélia, Bielorrússia, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
Agência de Notícias Brasil-Árabe
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