Busca por crédito caiu em setembro

Foi o segundo mês consecutivo de queda, aponta CNDL/SPC Brasil; número também teve queda em comparação com mesmo mês de 2023

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Dinheiro, cédulas de real
Dinheiro, cédulas de real (Foto: ABr/arquivo)

A busca por crédito no país teve uma queda de -3,66% em setembro de 2024 em comparação com setembro de 2023. Na passagem de agosto para setembro, o número de consultas caiu ‐5,88%. É o que mostra o Indicador de Demanda por Crédito da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

“A queda na busca por crédito reflete o atual cenário do país, marcado por altos níveis de endividamento das famílias e pelos juros ainda em patamares elevados. Com a taxa Selic em torno de 10,75%, o crédito fica caro, desestimulando as compras parceladas, financiamentos e a busca por novos empréstimos. A alta da inflação também impacta o poder de compra, levando as famílias a evitarem novas dívidas no orçamento”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

Analisando o perfil do consumidor que buscou crédito no Brasil em setembro, nota‐se que o público predominante é o masculino, com participação de 53,67%. Na abertura por faixa etária, o público com participação mais expressiva foi de 40 a 49 anos, que representou 25,04% do total.

O indicador aponta que, do público consultado, 0,93% contrataram algum serviço de crédito. Os dados mostram que desse público, 76,53% contrataram empréstimo e 21,71% financiamento, totalizando 98,24%.

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Observando a abertura por grupos financeiros que realizaram consultas em setembro, o grupo com participação mais expressiva no Brasil foi intermediação monetária depósitos à vista (32,36%), seguido por seguros de vida e não vida (29,18%), que totalizam 61,55% das consultas.

No momento da consulta, 30,62% dos consumidores possuíam alguma restrição ativa.

“A taxa de inadimplência alta impõe uma limitação na capacidade de endividamento, forçando as instituições financeiras a serem mais criteriosas na concessão de crédito. Além disso, as projeções de um cenário econômico mais apertado, com possível manutenção de juros altos a médio prazo, reforçam a tendência de cautela tanto dos consumidores quanto das instituições financeiras”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Abrindo os resultados por região, o Sudeste apresentou a maior participação no número de consultas em setembro, com 47,20%, seguido pelo Nordeste (20,20%), Sul (18,64%), Centro‐Oeste (7,98%) e Norte (5,98%).

Já o Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços, apontou que a demanda por crédito no Brasil voltou a recuar 5% em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação ao mês anterior, agosto de 2024, a demanda não apresentou variação.

No apanhado anual, por segmento, os serviços tiveram bom desempenho, com crescimento de 22%, enquanto os demais, varejo e setor financeiro, recuaram 9% e 6%, respectivamente.

Natália Heimann, líder da Business Unit de Dados & Analytics para Crédito da Neurotech e responsável pelo indicador, lembra que o mês o de setembro foi marcado pelo crescimento da taxa Selic para 10,75% ao ano e ressalta que a tendência, para os próximos meses, é de que o crédito fique ainda mais caro.

“Há projeções de que a taxa básica de juros chegue aos 11,75% a.a. até o final de 2024. O impacto de uma elevação de 1 ponto percentual na Selic tem reflexo direto nas margens das instituições que precisam repassar esse aumento aos clientes. Com o crédito mais caro, o receio dos consumidores também aumenta”, avalia.

Dentro do segmento varejista, historicamente o de maior impacto no índice, todas as categorias apresentaram queda em relação a setembro de 2023. Em ordem de retração, da maior para a menor, o ranking ficou assim: eletromóveis (-22%), vestuário (-19%), supermercado (-13%), outros (-17%) e lojas de departamento (-7%).

Já na comparação com agosto deste ano, em que o varejo apresentou leve crescimento de 2%, vestuário (33%) e as lojas de departamento (8%) tiveram aumento de demanda por crédito. As demais apresentaram resultados negativos: supermercado (-10%), outros (-10%) e eletromóveis (-2%).

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