Não é preciso esforço para localizar o conglomerado BYD no meio de todo o complexo produtivo mandatário mundial de promover a mobilidade e a geração de energia com custo zero, ou próximo de zero, para o meio ambiente. No Brasil, não será diferente. A companhia chinesa fundada em 1995 por Wang Chuanfu vai escalar a produção à medida que o País vai rompendo o atraso em veículos elétricos e, em outras frentes, captura de energia renovável. De Manaus, a BYD Indústria de Baterias olha diretamente para Camaçari, Bahia, onde a empresa-mãe vai produzir os veículos leves e SUVs – as linhas que fizeram sua fama mundial e “terror” da Tesla – a partir de 2025 na fábrica que antes foi da Ford.
A unidade de Manaus, montada no segundo semestre de 2020, já está pronta para a produção da Blade Battery, que vai equipar os carros com o que há de mais moderno em solução de geração e armazenamento de energia locomotiva.
“Mais eficiente [3 mil recargas/ano], maior densidade energética [durabilidade], mais segura [pode ser furada acidentalmente que não incendeia] e mais barata [produzida de fosfato de ferro-lítio]”, garante o diretor local, Jiang Yonghong.
A visita à BYD em Manaus faz parte das entrevistas conjuntas dos canais midiáticos brasileiros e chinês, como parte das comemorações dos 50 anos de estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e China.
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Assumindo isso como o futuro próximo, para também atender outras marcas – a Tesla e a Toyota já a usam em algumas linas – a BYD da Zona Franca de Manaus vai tocando a vida no modo atual em franco crescimento via governos municipais e estaduais.
É focada 100% em módulos de baterias para ônibus elétricos, que rodam hoje cada vez mais nas grandes cidades. Para se ter uma ideia básica da importância desse portfólio, para um grupo icônico baseado na pegada de carbono zero, o gerente de Planejamento e Compras, Kléber Maia, informa que a produção atual representa 31 milhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera.
“Temos capacidade de produzir 54 mil módulos de baterias anuais, que representam o embarque em dois mil ônibus”, acrescenta.
Vale ressaltar que essa produção de Manaus segue toda para a unidade da BYD em Campinas, São Paulo, onde são montados os chassis dos ônibus. Não há venda desses módulos, feitos por várias células cada um, de acordo com a potência dos veículos, pois não há outras linhas de produção desse tipo de veículo elétrico no País.
Além da Blade
A produção da fábrica de Manaus, que usa a maioria dos componentes importados da China – razão direta da produção de todas as empresas da Zona Franca pelos benefícios em ICMS e imposto de importação – é toda B2B. Tudo que sai é demanda de Campinas, com várias cargas mensais que descem até o Porto de Santos por cabotagem, em viagem de duas semanas.
“É mais barato do que por avião”, informa o diretor Jiang. Além do que os módulos para ônibus são peças relativamente grandes na comparação com as baterias Blade que serão produzidas para a BYD de Camaçari e para outras montadoras.
Do processo produtivo, desnecessário falar que a automatização é total, o que não implica redução de número de trabalhadores frente ao que outros concorrentes internacionais de baterias empregam no mundo. “Mas empregamos o que há de mais qualificado em mão de obra”, diz o gerente de engenharia, o carioca Wilson Filho.
Mas se os olhos do maior mercado de consumo de baterias, de veículos leves e médios, estão à espera das famosas Blade da BYD, Wilson Filho explica que vêm mais novidades por aí.
E com parte da tecnologia desenvolvida nacionalmente, em Manaus. Trata-se das baterias pela tecnologia DMF para torres de comunicação (telefonia celular, por exemplo) e outras finalidades domésticas e industriais em geração e armazenamento de energia.
A equipe de Manaus criou uma proteção para esses equipamentos que resistem à umidade e calor dos trópicos.
A BYD Brasil e as soluções para um mundo sustentável
A BYD Brasil está quase completando 10 anos e com um portfólio que sai da sua fama global, veículos elétricos. É certo que, em 2015, a companhia da China começou com a fabricação e montagem de chassis para ônibus elétricos – para onde vão as baterias produzidas em Manaus – mas em outras frentes ela assume que ajuda “a construir o sonho” de um mundo mais amigável ambientalmente.
Desde 2017, a segunda unidade campineira produz módulos de painéis fotovoltaicos. E a BYD China também está presente na Linha Ouro do Metrô de São Paulo com suas soluções metroviárias.
Para completar, vem aí a BYD de Camaçari, que deseja alcançar 300 mil veículos elétricos anuais, entre populares e SUVs, na antiga fábrica da Ford, em fase final de modernização para operar a partir de 2025. Será o ponto alto do seu lema: Build Your Dreams, Construa seus Sonhos.
Por Giovanni Lorenzon, especial para o Monitor