O Cadastro Positivo, em vigor há cinco anos, tem se mostrado um instrumento fundamental para a inclusão financeira no Brasil. A iniciativa, que leva em consideração o histórico de pagamentos de mais de 159 milhões de pessoas físicas e 8 milhões de empresas, já trouxe cerca de 20 milhões de brasileiros para o mercado de crédito. Essa ampliação do acesso ao crédito tem impulsionado a economia e estimulado o consumo no país.
De acordo com Igor Castroviejo, diretor comercial da 1datapipe, plataforma de consumer insights baseada em Inteligência Artificial, o Cadastro Positivo resolve um problema crítico para as instituições de crédito: a falta de informações sobre a população desbancarizada. “Aqui no Brasil, são cerca de 4,6 milhões de pessoas sem conta no banco, de acordo com dados do Instituto Locomotiva. Além disso, se formos considerar quem movimenta pouco, chegamos a um total de 29 milhões de brasileiros sem registros financeiros”, alerta Castroviejo.
Muitas empresas ainda utilizam dados antiquados para realizar análises de crédito, o que acaba excluindo milhões de brasileiros do sistema financeiro. “A tônica do segmento tem sido o uso somente de informações bancárias. Dessa forma, todas essas pessoas que não são familiarizadas com essa realidade ficam de fora das análises, o que promove desigualdade, já que o acesso ao crédito é essencial para que a população tenha acesso a mais produtos e serviços, o suficiente para uma vida mais digna”, explica o especialista.
Com o Cadastro Positivo, empresas podem acessar dados alternativos, como o comportamento financeiro e a pontualidade de pagamentos, independentemente de o indivíduo possuir ou não uma conta bancária. “Assim, as análises ficam mais justas, pois o fato de alguém não se relacionar com instituições bancárias não quer dizer que ela seja má pagadora. Com essa iniciativa, por exemplo, é possível ver como a pessoa honra compromissos como contas de luz, de água, telefone, além de serviços como empréstimos, crediários e financiamentos”, afirma Castroviejo, destacando que 41% dos brasileiros melhoraram suas notas de crédito ao fazerem parte do programa.
Além do Cadastro Positivo, Castroviejo menciona o papel da Inteligência Artificial na transformação do setor de crédito. Dados da Provenir indicam que a tecnologia é considerada essencial para a precisão na avaliação de perfis de risco, e uma pesquisa da Febraban revela que 96% dos bancos brasileiros já utilizam essa tecnologia em suas operações diárias.
“Existem diversas companhias que já oferecem produtos e serviços capazes de fazer uma varredura completa do estilo de vida de potenciais clientes, como histórico de emprego, renda familiar, compras online, pagamento de aluguel e até mesmo o comportamento nas plataformas de e-commerce. Com isso, o Brasil dá mais um passo positivo no caminho da inclusão financeira, contribuindo para o desenvolvimento social e promovendo maior igualdade entre os cidadãos, além de permitir uma oferta maior de serviços por parte das companhias do setor, que podem ver sua receita aumentar”, conclui Castroviejo