Caged: Brasil teve saldo de 201 mil empregos em junho, alta de 29,5%

Segundo Ministério do Trabalho, foram 2.071.649 admissões; para especialista, dados impulsionam economia

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Carteira de Trabalho (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Carteira de Trabalho (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O Brasil fechou junho com saldo positivo de 201.705 empregos com carteira assinada, número 29,5% maior que no mesmo mês do ano passado. O resultado decorreu de 2.071.649 admissões e de 1.869.944 desligamentos. O balanço é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgado nesta hoje pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

No acumulado do ano (janeiro de 2024 a junho de 2024), o saldo foi de 1.300.044 empregos, um incremento de 26,2% em relação ao mesmo período de 2023. Este é o melhor resultado semestral desde 2021. Nos últimos 12 meses (julho de 2023 a junho de 2024), foi registrado saldo de 1.727.733 empregos.

Os cinco grandes grupamentos de atividades registraram saldos positivos em junho. O setor de serviços gerou 87.708, o de comércio 33.412 postos, a indústria 32.023 postos, a agropecuária 27.129 postos e o setor de construção gerou 21.449 postos. O destaque para o crescimento foi no setor de indústria, que registrou aumento de 165% em relação a junho do ano passado.

Apenas o Rio Grande do Sul apresentou saldo negativo entre os estados (-8.569), ainda devido às enchentes registradas em maio. Mesmo assim, o estado apresenta tendência de recuperação em relação a maio, quando foi registrada uma queda de 22.180 mil empregos.

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“Achávamos que poderia ser pior, com mais demissões. Apesar de negativo, nos surpreendeu positivamente”, disse o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ressaltando que no próximo mês o saldo de empregos ainda deverá ser negativo no estado.

O salário médio real de admissão em junho ficou em R$ 2.132,82, com queda de R$ 5,15 (-0,2%) em comparação com o valor de maio. Já em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o ganho real foi R$ 43,28 (2,1%).

Ao apresentar os dados de emprego de junho, o ministro destacou a necessidade de retomar o processo de redução de juros no país. Segundo ele, com juros menores é possível ter melhores salários e menor informalidade. Marinho espera que o saldo de empregos no acumulado de 2024 chegue a 2 milhões.

“Não há razão para não retomar de novo a redução dos juros. Esperamos que os colegas do Banco Central tenham um olhar para o que está acontecendo na economia, no mercado de trabalho, na indústria, no mundo real e possam retomar a redução de juros, porque isso ajuda bastante tanto o crédito quanto o investimento. E o investimento pressupõe gerar empregos”, diz.

O Comitê de Política Monetária (Copom) resolveu, na reunião de junho, interromper o ciclo de corte de juros iniciado há quase um ano, mantendo a taxa Selic em 10,5% ao ano.

Para Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, os impactos desses dados na economia brasileira são diversos. “A criação de empregos formais contribui para o aumento da renda das famílias, que por sua vez impulsiona o consumo e gera um ciclo virtuoso de crescimento econômico. Setores como serviços, comércio, indústria, agropecuária e construção civil foram os maiores beneficiados, com a criação de milhares de postos de trabalho.”

“Além disso”, prossegue Murad, “o aumento do emprego formal tende a melhorar a arrecadação tributária e reduzir a informalidade, promovendo uma economia mais estável e confiável. No entanto, é essencial continuar monitorando outros indicadores econômicos para garantir a sustentabilidade desse crescimento no longo prazo.”

Já para Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, “os dados do Caged surpreenderam positivamente, mostrando que o Brasil continua criando emprego. Isso é muito positivo, pensando em crescimento da economia e no PIB; mas acende um alerta que é a questão inflacionária, pois a gente já está no momento que os dados de inflação vem mostrando uma reaceleração, ou seja,coloca pressão em cima do Banco Central, até mesmo para aumentar juros, coisa que dificilmente vai acontecer esse ano, mas esses dados do Caged reforçam a premissa que quanto mais pessoas empregadas e mais pessoas com renda e consumindo, mais se tem pressão inflacionária; então isso acaba preocupando um pouco pois, estamos no momento que buscamos que a inflação vá para o centro da meta dos 3%, então sim, é uma dado para a gente ficar de olho mesmo que o mais provável seja que o Banco Central carregue essa taxa de 10,5% até o final do ano e deixe para a próxima gestão do BC definir se vai ter que subir os juros. Tanto é que a expectativa para a decisão de política monetária amanhã é que o comunicado venha mostrando certas preocupações com o fiscal, com o câmbio que é inflacionário e também preocupações com outros itens que gerem inflação dentro do país. Mas o número do Caged em si surpreende mostrando que o Brasil de fato vai conseguir ter um PIB maior na casa dos 2,5 nesse ano, isso ajuda também a aumentar a recadação, mas tem o alerta aí do quanto isso pode gerar uma pressão inflacionária e mexer com a curva de juros e com o dólar.”

Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, “a criação de 201.705 empregos formais em junho, representando um crescimento de 29,6% em relação ao mesmo período do ano passado, o que indica um mercado de trabalho aquecido. Um mercado de trabalho forte pode pressionar a inflação por dois principais canais: o primeiro, o aumento do emprego eleva a renda disponível, potencialmente impulsionando o consumo e aumentando a demanda por bens e serviços; o segundo, a competição por trabalhadores pode levar a aumentos salariais, embora o dado atual mostre uma queda real no salário médio de admissão em comparação a maio de 2024. Esse cenário misto sugere que, enquanto a criação de empregos é robusta, o crescimento salarial ainda está contido, o que pode moderar as pressões inflacionárias de curto prazo. No entanto, se o mercado de trabalho continuar a se fortalecer e os salários eventualmente aumentarem de forma significativa, podemos ver uma pressão inflacionária mais acentuada. Os dados superaram as expectativas do mercado, que esperava 155 mil novas vagas, o que sinaliza uma economia mais resiliente do que o previsto, porém também sugere que, apesar da criação de empregos, os salários ainda não estão crescendo mais rápido que a inflação”.

Com informações da Agência Brasil

Matéria atualizada às 17h44 para inclusão de mais comentários

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