Câmara de São Paulo retoma debate da privatização da Sabesp

Vereador defende plebiscito e mais discussões antes da segunda votação; na Alesp, proposta que garante análise de desestatizações estaduais pelo Legislativo avança

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Votação da Privatização da Sabesp
Votação da Privatização da Sabesp (Foto: Richard Lourenço/Rede Câmara/SP)

A privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) voltou a ser tema de audiência pública na Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo. O principal assunto em discussão na reunião da última segunda-feira foi o Projeto de Lei 163/2024, que permite a adesão da cidade à privatização e autoriza a prefeitura a celebrar contratos, convênios e outros tipos de ajustes com vistas à prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário na capital paulista.

Segundo o secretário-executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias do município, Fernando Chucre, a privatização é benéfica porque permitirá o aumento concreto dos investimentos da Sabesp na cidade de São Paulo.

“Durante essa negociação, conseguimos negociar com o governo do estado um aumento efetivo, se se considerar o período total do contrato, investimento ano a ano, de 50% nos investimentos que serão feitos no município.”

De acordo com Chucre, isso quer dizer que haverá mais condições, sob o ponto de vista do orçamento, de atendimento às famílias mais vulneráveis, especialmente na periferia, com a implantação de sistemas de infraestrutura. “Estou falando de água e esgoto de maneira geral” enfatizou.

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A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), Helena Maria da Silva, no entanto, criticou a possível perda de autonomia da cidade de São Paulo na gestão da água.

Para Helena Maria, a privatização se resume na entrega de um patrimônio que foi construído com dinheiro do povo por mais de 50 anos. “Hoje a Sabesp é uma empresa competente, eficiente, que até exporta tecnologia para o mundo inteiro. Então, o que estão fazendo é um crime contra a população que, ao longo dos anos, pagou sua conta e que se dá conta de que o patrimônio vai ser entregue. A mais prejudicada, com certeza, vai ser a população”, afirmou.

Contrário à proposta, o vereador Celso Giannazi (PSoL) ressaltou que é preciso ampliar os debates, com uma audiência pública em cada subprefeitura do município.

“A água é um direito humano fundamental, não dá para tratar a água como uma mercadoria. Temos um projeto tramitando aqui na Câmara Municipal para que não ocorra a segunda votação enquanto não houver um plebiscito. A população precisa ser ouvida, todos precisam ser ouvidos.”

O Projeto de Lei que possibilita a privatização foi aprovado em primeira votação no dia 17 deste mês. Foram 36 votos favoráveis e 18 contra. Ainda não há data prevista para a segunda votação, que será definitiva. Na esfera estadual, o Projeto de Lei da privatização da Sabesp foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), em dezembro de 2023. No mesmo mês, foi sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas.

Atualmente, metade das ações da Sabesp está sob controle privado, sendo que parte é negociada na B3 e parte na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O governo de São Paulo é o acionista majoritário, com 50,3% do controle da empresa. O projeto aprovado na Alesp prevê a venda da maior parte dessas ações, com o governo mantendo poder de veto em algumas decisões. Em 2022, a empresa teve lucro de R$ 3,1 bilhões e seu valor de mercado chegou a R$ 39,1 bilhões. Atualmente, a companhia atende 375 municípios e tem 28 milhões de clientes.

Em tramitação na Alesp, o Projeto de Lei que busca garantir que todos os processos de desestatização propostos pelo Governo Estadual passem por análise do Poder Legislativo foi aprovado ontem pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Casa.

O Projeto de Lei 389/2019 foi proposto pelo deputado Vinicius Camarinha (PSDB) e, com o aval da Comissão, está pronto para discussão e votação em Plenário.

De acordo com a matéria, o objetivo é garantir que todas as propostas de desestatização de entidades e serviços estaduais passem por uma prévia autorização legislativa, seguindo, de acordo com o autor, o princípio da legalidade.

“Não é possível, portanto, admitir que a outorga de concessões e permissões derive exclusivamente de ato administrativo, sem prévia autorização e regulação por meio de lei”, justificou Camarinha.

Com informações da Agência Brasil e da Alesp

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