Câmara dos EUA corta impostos e adiciona US$ 3 tri à dívida

Decisão também reduz acesso a assistência médica

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Capitólio dos EUA
Capitólio dos EUA (foto de Liu Jie, Xinhua)

A Câmara dos Representantes dos EUA (equivalente à nossa Câmara dos Deputados), controlada pelos republicanos, aprovou nesta quinta-feira, por apenas um voto de diferença, um amplo projeto de lei sobre impostos e gastos. O projeto foi aprovado por 215 votos a 214. Todos os parlamentares democratas e dois republicanos votaram contra, enquanto um republicano votou “presente”, nem a favor nem contra o projeto.

O projeto estende os cortes de impostos corporativos e individuais promulgados durante o primeiro mandato de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos, em 2017, ao mesmo tempo em que adiciona novas isenções fiscais para gorjetas, horas extras e financiamentos de veículos. Também aumenta os gastos com defesa e aloca fundos adicionais para a deportação de imigrantes.

Grupos especialistas em orçamento expressaram profunda preocupação. “É um insulto à responsabilidade fiscal, adicionando mais de US$ 3 trilhões à dívida e criando um enorme abismo de cortes de impostos e expirações de gastos cuja extensão pode custar trilhões a mais”, disse Maya MacGuineas, presidente do Comitê para um Orçamento Federal Responsável, em um comunicado na quarta-feira.

De acordo com os últimos dados do Departamento do Tesouro, a dívida nacional dos EUA ultrapassou US$ 36,2 trilhões.

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O projeto de lei também revoga muitas políticas de energia verde defendidas pelo ex-presidente dos EUA Joe Biden e aumenta os limites de elegibilidade para indivíduos de baixa renda acessarem programas de assistência médica (Medicaid) e alimentar, em uma tentativa de reduzir os gastos federais.

O projeto de lei foi enviado ao Senado, controlado pelos republicanos, onde acredita-se que sofrerá modificações.

“O ÚNICO, GRANDE E BELO PROJETO DE LEI FOI APROVADO pela Câmara dos Representantes! Esta é sem dúvida a peça legislativa mais significativa que já será assinada na história do nosso país!”, escreveu Trump, em maiúsculas, na sua rede Truth Social.

“Parece bastante claro que, em sua forma atual, a legislação certamente não vai melhorar o déficit orçamentário e pode piorá-lo substancialmente”, disse Steve Sosnick, analista-chefe de mercado da Interactive Brokers.

Alívio nos mercados de títulos

Os mercados de títulos, que têm estado em foco desde o recente rebaixamento da classificação de crédito americana pela Moody’s, registraram algum alívio. Após vários dias de alta, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo recuaram ligeiramente. O rendimento de 30 anos caiu para pouco menos de 5,1%, recuando em relação aos níveis vistos pela última vez durante a crise financeira, enquanto o rendimento de referência de 10 anos caiu para cerca de 4,55%.

O diretor do Federal Reserve Christopher Waller sugeriu em entrevista à Fox Business que cortes nas taxas de juros poderiam ser considerados se as políticas tarifárias de Trump se mostrassem menos severas do que o temido. “Se conseguirmos reduzir as tarifas para perto de 10% e tudo estiver selado, concluído e entregue até julho, estaremos em boa forma para o segundo semestre do ano e, em seguida, em boa posição para avançar com os cortes nas taxas ao longo do segundo semestre”, disse Waller.

Na frente econômica, a produção dos EUA se recuperou em maio, com as empresas se ajustando à recente redução de tarifas. De acordo com a S&P Global, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) composto preliminar – que mede a atividade nos setores de manufatura e serviços – subiu para 52,1 em maio, ante 50,6 em abril, indicando uma expansão modesta.

No entanto, os dados do mercado de trabalho apontaram para alguma fraqueza. O relatório semanal de pedidos de auxílio-desemprego mostrou que 1,9 milhão de americanos continuavam recebendo seguro-desemprego. A média móvel de quatro semanas de pedidos contínuos atingiu seu nível mais alto desde novembro de 2021, sugerindo maior pressão no mercado de trabalho.

As expectativas do mercado, baseadas em dados do LSEG, agora refletem a probabilidade de pelo menos dois cortes de juros de 25 pontos-base até o final do ano, à medida que os investidores continuam monitorando o impulso econômico e os desenvolvimentos fiscais.

Com informações da Agência Xinhua

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