Já dizia Mário Henrique Simonsen que inflação aleija, mas câmbio mata. A divulgação, pelo Banco Central, de que o déficit em transações correntes do Brasil caiu para US$ 23,5 bilhões em 2016, o equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto, ante US$ 58,9 bilhões (3,28% do PIB) em 2015, mostra o efeito da desvalorização do real frente ao dólar, um choque necessário iniciado há dois anos. Lia Valls, pesquisadora da FGV/Ibre, comenta que “a principal razão para a queda no déficit em conta-corrente, que teve recuo de 60,1%, foi a melhora do superávit da balança comercial que passou de US$ 17,7 bilhões para US$ 45 bilhões (um ganho de US$ 27,4 bilhões). Ressalta-se, porém, que esse ganho é explicado pela acentuada queda nas importações (recuo de 19%), pois as exportações também caíram (3%). Logo, foi a forte redução no nível de atividade econômica (recessão), em 3,4%, que explica essa melhora. Na conta de serviços, a redução no déficit foi bem menor, passando de US$ 36,9 bilhões para US$ 30,4 bilhões.”
Assim, a recessão tem papel principal, mas a recuperação das exportações brasileiras e a maior competitividade dos produtos aqui feitos frente aos importados dependem da taxa de câmbio – que, irresponsavelmente, o Governo Temer está deixando valorizar, perdendo parte do ajuste feito. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra que o Brasil conseguiu melhorar sua competição com produtos chineses no triênio 2013-2015. Um dos fatores que contribuíram para o resultado é a desvalorização da moeda brasileira em termos reais. “Assim, para que as exportações brasileiras de bens manufaturados não retomem aquela tendência [de perda de espaço no mundo], seria fundamental a manutenção da taxa de câmbio em patamares competitivos. A dependência do câmbio pode diminuir ao longo do tempo, desde que fatores relacionados à produtividade/custo de natureza sistêmica (infraestrutura, tributação, custo financeiro) tenham evolução e que a indústria amplie sua produtividade”, destaca a entidade.
Lia Valls destaca ainda que “do ponto de vista da macroeconomia, significa que o ajuste externo do país foi garantido, mesmo com as turbulências políticas que levaram a alguns imaginarem cenários catastróficos de saída de capital. Isso não ocorreu e as reservas internacionais garantem que o tema da ‘vulnerabilidade externa’ não ocupa lugar de destaque na conjuntura econômica. Do ponto de vista de médio prazo, o desafio de elevar as exportações brasileiras permanece. Mesmo que em 2017 haja alguma melhora no valor exportado das commodities (melhora nos preços), o tema da competitividade das exportações de manufaturas continuará na pauta da agenda da política comercial”.
Volta para casa
O total do investimento direto do país passou de US$ 74,5 bilhões para US$ 78,9 bilhões entre 2015 e 2016. “Observa-se, porém, que a participação do capital (aportes para aumento da capacidade de produção) caiu um pouco: de US$ 56,4 bilhões para US$ 54 bilhões. Logo, o que explica a melhora do investimento direto foram as operações intercompanhia que são contabilizadas como investimento direto”, analisa Lia Valls.
Dentro dessas operações, estão os empréstimos das multinacionais estrangeiras a suas filias no Brasil, que ficaram estáveis (US$ 22 bilhões), e os empréstimos de filias de empresas brasileiras no exterior a suas matrizes sediadas no Brasil (US$ 19,8 bilhões para US$ 24 bilhões). “Nesse caso, o aumento dos investimentos diretos está principalmente associado a decisões de empresas brasileiras de transferirem recursos para as suas matrizes. Para 2017, não esperamos grandes mudanças no total do investimento direto”, explica a pesquisadora da FGV-Ibre.
Show contra a reforma
A Força Sindical e o Sindicato Nacional dos Aposentados farão nesta quarta, feriado em São Paulo, manifestação por mudanças no texto da reforma da Previdência. O ato será às 9h na rua do Carmo, próximo à Estação Sé do metrô. Haverá shows da cantora Paula Fernandes, Edson & Hudson e Bruno & Marrone. Também serão sorteados três carros 0 km entre os participantes.
Rápidas
Será lançado 8 de fevereiro o livro Responsabilidade Civil – O que os médicos precisam minimamente saber? (Editora Espaço Jurídico), escrito pelo advogado Henrique Freire de Oliveira Souza. O lançamento será às 19h, na Livraria da Travessa do Barra Shopping *** O Passeio Shopping (RJ) promove sexta-feira e sábado o evento “É Dia de Feira”, em parceria com o Quintal da Vanessa. Quem for ao shopping poderá comprar hortaliças, legumes, além de plantas alimentícias não-convencionais (Pancs), tudo cultivado de forma natural, sem uso de agrotóxicos e de acordo com as safras *** Entre 28 e 30 de janeiro, o advogado Gabriel Di Blasi, sócio do escritório Di Blasi, Parente & Associados, participa do encontro do comitê de Estudos de Design da Federação Internacional de Advogados Especializados em Propriedade Intelectual, na Alemanha. Di Blasi é co-presidente do Comitê (CET-2).