Capital de risco para o desenvolvimento

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Investir em boas idéias. Parece até comercial de alguma grande marca, mas é puro business. Chamo a atenção do leitor para os fundos de capital de risco, que crescem, de modo rápido, em todo o mundo e já arregaçam as mangas também aqui no Brasil. Para entender é simples: você já conheceu alguém que se associou a outra pessoa por não ter capital para iniciar seu próprio negócio. Nesse caso, o dono da idéia entra com o trabalho operacional e quem investiu – o chamado sócio capitalista – ocupa um cargo administrativo. A divisão dos lucros é feita de acordo com um contrato inicial fechado entre as partes.
Transportando-nos para a carteira de empresas dos fundos de capital de risco, o que muda é apenas o montante investido; a idéia é exatamente a mesma. Esses fundos têm como principal objetivo alcançar taxas de retorno superiores às oferecidas pelo mercado. Para tanto, seus gestores investem principalmente em empresas com tecnologias pioneiras ou nas que apresentem produtos inovadores em estágio inicial (empresas emergentes). O capital é investido geralmente por subscrição de ações ou de debêntures.
O capitalista de risco investe devido ao alto potencial de crescimento daquela determinada empresa, as altas margens de lucro visualizadas e o baixo capital requerido.
A maioria das empresas de tecnologia tem como ativo de maior valor a capacidade intelectual de seus funcionários, deste modo o fundo de capital de risco torna-se essencial para fomentar as iniciativas de marketing e desenvolvimento, viabilizando-as potencialmente.
A sistemática de planejamento da operação de escolha das empresas e investimento do fundo obedece normalmente os seguintes passos: 1) Visita inicial (avaliação preliminar); 2) Análise de um Plano de Negócios; 3) Avaliação da empresa (auditoria externa); 4)  Fechamento do negócio.
Antes da concretização do negócio são fechados acordos entre os investidores e a empresa, sendo estabelecidos, dentre outros pontos, a formação da diretoria, o prazo de participação do fundo na empresa e como será essa participação.
Os fundos geralmente auxiliam no gerenciamento das empresas, tendo um cargo de direção. Ou atuam de outras formas, realizando reuniões estratégicas, construindo novos relatórios gerenciais ou fazendo visitas periódicas.
Com a participação dos fundos de capital de risco, as empresas adquirem estrutura mais profissional, sendo necessária uma maior transparência nas demonstrações contábeis. São também obrigadas a contratar uma reconhecida firma de auditoria externa, a criar um Conselho Fiscal e a realizar assembléias com os acionistas.
O capitalista de risco fica sendo sócio da empresa num período de dois a cinco anos em média. Após este prazo, faz o chamado desinvestimento no qual vende sua parte a outro investidor ou para o mercado (empresa de capital aberto). Pode também abrir o capital (caso tenha o capital fechado) e vender sua participação. Após o desinvestimento, o capitalista busca outros negócios em estágio inicial para investir e completar sua carteira.
O mercado de capital de risco é muito difundido nos Estados Unidos, onde em 1992 movimentou quase US$ 4 bilhões, passando para algo em torno de US$ 13 bilhões em 1997, com crescimento em 1998 e 1999.
Em 97, o mercado de capital de risco nos Estados Unidos se distribuíam, segundo a Price Waterhouse, da seguinte maneira: Software e Informação (29%); Comunicação (22%); Saúde (12%); Distribuição e Varejo (10%); Biotecnologia (4%); Computadores e Periféricos (3%); Eletrônica e Instrumentação (2%); outros (18%).
Neste mesmo ano, houve cerca de 2.700 operações com capital de risco naquele país, distribuído em um universo de aproximadamente 1 mil investidores. Em torno de 50% do capital de risco investido em 97 nos Estados Unidos foram para empresas em estágio inicial. Os estados americanos que mais receberam capitais de risco foram, pela ordem, a Califórnia (37%) e Massachusets (10%), estados que possuem ótimas universidades com bases tecnológicas.
No Brasil, a cultura do capital de risco entre investidores e empreendedores ainda é pouco difundida, cabendo destaque para a região Sul. É de suma importância o desenvolvimento dessas operações, já que se trata de um excelente tipo de investimento, podendo gerar elevadas margens de lucro para ambas as partes e contribuindo para o crescimento sustentado do país.

Rodrigo Bueno
Gerente financeiro do CIC (Centro para Inovação e Competitividade)

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