Cargueiro volta a flutuar, liberando o Canal de Suez

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Navio Ever Given, encalhado no Canal de Suez (foto divulgação Suez Canal Authority)
Navio Ever Given, encalhado no Canal de Suez (foto divulgação Suez Canal Authority)

O navio que bloqueou o Canal de Suez por sete dias, importante rota mundial de comércio, voltou a flutuar e a navegar nesta segunda-feira após a realização de manobras, liberando o tráfego na via aquática. A forte maré do meio-dia no canal ajudou a frota de rebocadores no trabalho de desencalhar a embarcação.

Após a liberação, o navio foi deslocado para a Bitter Lakes, região de lagos nas extremidades do canal, onde passaria por inspeção técnica. No início desta segunda-feira, o navio voltou a flutuar depois de reboque e impulsionamento bem-sucedidos, segundo o presidente e diretor administrativo da SCA, o almirante Osama Rabie. Houve a restauração de 80% da direção da embarcação para longe da margem e a SCA informou que as manobras voltariam ser feitas no mesmo dia durante a maré alta, o que acabou por completar o trabalho.

O navio é um porta-contêineres do Panamá.  Já na liberação parcial da embarcação, Rabie disse que gostaria de tranquilizar a navegação internacional quanto à liberação imediata de Suez depois que o Ever Given voltasse a navegar. A estimativa divulgada por Rabie é que serão necessários três dias até que todos os navios à espera da liberação do canal possam atravessá-lo. O navio encalhado obstruía totalmente a passagem.

Rabie também agradeceu os esforços dos trabalhadores da SCA para remover a embarcação. Ele chamou o trabalho de “feito heroico” e disse que todos cumpriram impecavelmente o dever patriótico.

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Até ontem, as manobras de rebocadores dirigidas por uma empresa dos Países Baixos, especialista em resgates de embarcações, conseguiram corrigir a posição do navio em 80%. A interrupção do Canal de Suez tem impacto em cerca de 12% do comércio global. O canal permite uma ligação mais curta entre a Ásia e a Europa, por meio do Mediterrâneo. A rota alternativa é contornar o continente africano, pelo extremo sul, circuito que demora pelo menos mais duas semanas.

O acidente também está influenciando o preço do petróleo. O barril já ultrapassava os US$ 53 no fim da semana passada.

O Ever Given está a serviço de uma empresa de Taiwan. Uma tempestade de areia e ventos fortes podem ter sido a causa do desvio do curso, contra a margem.

Há cerca de uma semana a embarcação estava encalhada, impedindo a circulação de uma das rotas mais movimentadas do mundo.

O bloqueio do Canal de Suez alerta para necessidade de estudo de rotas de exportação alternativas. O prejuízo, segundo empresas especializadas em comércio marítimo, passa de R$ 300 bilhões.

“Assim como ocorreu no Canal de Suez, muitos acontecimentos impossíveis de adivinhar  impactam na operação logística. Quanto maior o nível de planejamento e estudo, e quanto mais se tentar alcançar a previsibilidade nessas operações, menos surpresas negativas os players terão”, analisa Helmuth Hofstatter, CEO da startup LogComex.

Ainda segundo Hofstatter, muitos custos cobrados em uma operação de transporte internacional estão associados à escolha da rota, por esse motivo é necessário conhecer quais taxas são aplicadas em determinados locais e identificar onde isso ocorre com frequência.

“Além de pedágios, que são as mais comuns, existem outras taxas que são cobradas em determinadas regiões que estejam em guerra, por exemplo, ou em que exista alta incidência de roubo, ou lugares onde há dificuldade na atracação do navio. Para cada movimento não planejado que acontece existem custos: a taxa de congestionamento, a capacidade de eficiência de armazéns e terminais, a greve dos caminhoneiros. O estudo de rotas deve apresentar diferentes cálculos de viabilidade financeira, incluindo os fatores de risco e seus custos”, diz.

Para Kamilla Pierin, custumer success da LogComex, o impacto do bloqueio no Canal de Suez também será sentido no Brasil a longo prazo.

“As consequências a longo prazo, como a falta de contêineres, omissão e atraso de navios nos portos, nova alta de frete marítimo, podem nos afetar diretamente nosso país. Na Europa há risco de consequências mais diretas para a população, como a falta de suprimentos e equipamentos devido ao atraso dos navios”, analisa

 

Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe; e da Agência Brasil, citando a RTP

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