Cartão é usado por 30% dos endividados para vestuário e alimentação

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Carteira com cartões de crédito (Foto; Wilson Dias/ABr)
Carteira com cartões de crédito (Foto; Wilson Dias/ABr)

Em setembro de 2024, o cartão de crédito continuou sendo o principal meio de pagamento entre as famílias brasileiras com dívidas, mesmo diante de uma maior cautela no uso do crédito. Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que, entre os consumidores que relataram estar endividados no cartão de crédito, 30% utilizam essa modalidade para comprar alimentação, roupas e calçados. Esses números indicam que, apesar dos altos juros, o cartão de crédito ainda desempenha um papel importante no consumo cotidiano.

A pesquisa também mostrou outros detalhes relevantes sobre o comportamento de consumo com o cartão de crédito. Sobre educação, 70% dos consumidores afirmaram que nunca pagam esse tipo de despesa com o cartão de crédito, enquanto apenas 9% disseram usá-lo frequentemente para essa categoria. Entre os endividados, 67% relataram que não utilizam o cartão de crédito para pagar serviços como energia elétrica, telefone, TV e streaming, água e esgoto, enquanto 11% o utilizam frequentemente com esse fim. Em relação a saúde e higiene pessoal, 52% dos entrevistados disseram que nunca usam o cartão de crédito para pagar planos de saúde, exames e medicamentos, mas 17% indicaram que usam o cartão frequentemente para essas despesas.

O cartão de crédito nunca é utilizado por 39% dos entrevistados para compra de móveis e eletrodomésticos, enquanto 26% relataram usar o cartão para essas aquisições. Já para a compra de roupas e calçados, 30% dos consumidores afirmaram que utilizam essa modalidade frequentemente, enquanto 34% disseram nunca usar o cartão para essa categoria. Além disso, 30% dos entrevistados relataram o uso frequente do crédito para compras de supermercados e refeições fora de casa, contra 36% que nunca usam o cartão com essa finalidade.

“A dependência crescente do cartão de crédito, especialmente para despesas cotidianas, como alimentação e vestuário, coloca as famílias em uma posição vulnerável devido aos altos juros. Isso pode aumentar o risco de inadimplência, mesmo com a diminuição do endividamento total”, alerta o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

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Segundo ele, “o crédito tem um papel fundamental para impulsionar o varejo, mas o aumento da taxa Selic tem encarecido o acesso, tanto para os consumidores quanto para as empresas. É essencial que o mercado encontre um equilíbrio, pois a restrição de crédito pode impactar negativamente a economia nacional”.

Apesar do uso frequente do cartão de crédito, o endividamento das famílias brasileiras registrou sua terceira queda consecutiva em setembro de 2024, com o percentual de famílias endividadas caindo para 77,2%. Esse número é inferior ao registrado em agosto (78%) e em setembro de 2023 (77,4%), refletindo uma maior cautela das famílias na contratação de dívidas.

No entanto, essa redução no endividamento não impediu o avanço da inadimplência. O percentual de famílias com dívidas em atraso subiu para 29%, interrompendo três meses de estabilidade. Além disso, o número de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas atrasadas aumentou para 12,4%, o maior índice desde novembro de 2023.

“A queda no endividamento e o crescimento da inadimplência revelam que o peso das dívidas está cada vez mais difícil de ser administrado pelas famílias, principalmente devido aos juros elevados e à dificuldade de quitação das contas em atraso”, explica o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

As projeções da CNC indicam que o endividamento das famílias pode voltar a crescer no último trimestre de 2024, impulsionado pelas compras de fim de ano e pelos efeitos das altas taxas de juros. O percentual de famílias endividadas, que atualmente está em 77,2%, pode chegar a 78,6% até dezembro de 2024. Além disso, o percentual de famílias com dívidas em atraso também pode aumentar, chegando a 29,4% até o fim do ano, tornando o cenário financeiro das famílias brasileiras ainda mais desafiador nos próximos meses.

Já estudo da Elo para o segundo trimestre apontou que a opção de pagamento por cartão de crédito à vista, entre o público de alta renda, que representou 86% das transações, superando com folgas o crédito parcelado.

No detalhe das preferências de consumo, o levantamento observa que o público de alta renda aumentou os gastos com Veterinária e pet shops, estética e cabeleireiros, higiene pessoal e comésticos, livraria, papelaria e afins e serviços e aplicativos de transporte, entre outros.

A natureza destes gastos – fortemente associada às experiências em que o cliente está no local da compra – coloca a categoria de gastos presenciais à frente das compras digitais. “Apesar de o presencial ainda representar 73% das transações no público de alta renda, transações no digital crescem mais rapidamente a 12% na comparação com o segundo trimestre de 2023 (ante 5% no presencial). Considerando o valor total gasto no crédito (aqui a contagem é completa: incluindo à vista, o parcelado, e as divisões de presencial e o digital), o público de alta renda gastou 9% a mais de seu orçamento na comparação com o segundo trimestre do ano passado”, diz o estudo.

“É interessante notar que o aumento nas transações à vista entre o público de maior renda está alinhado com um mercado de trabalho mais dinâmico e com a elevação da confiança do consumidor. Além disso, o crescimento contínuo de pagamentos em meios digitais demonstra uma crescente preferência pelo ambiente de compras online, sem abandonar a experiência presencial em categorias essenciais”, afirma Mirian Priosti, diretora de BA, CRM e Consultoria P&I.

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