Caso Marielle levou Witzel à CPI da Pandemia

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Ex-governador Wilson Witzel (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

“Isso tudo aconteceu porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle”. A afirmação é do ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ao justificar sua presença na tumultuada sessão desta quarta-feira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Após citar uma live de Jair Bolsonaro (sem partido) em que ele foi criticado pelo presidente, disse que sofreu impeachment e foi perseguido por mandar investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco e por causa das críticas que fez sobre o gerenciamento da pandemia. “Depois disso eu nunca mais fui recebido no Planalto. Encontrei o ministro (da Economia Paulo) Guedes no avião e ele virou a cara. ‘Não posso falar com você”, disse Witzel.

Também fez críticas ao governo e ao presidente Bolsonaro em relação à montagem de hospitais de campanha, à abertura de leitos, à entrega de equipamentos, como ventiladores pulmonares, à demora para adoção do auxílio emergencial.

O ex-governador comparou sua condenação à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A delação hoje é o pau de arara moderno”, disse, acrescentando que “quem paga o tempo que o governador Witzel foi cassado? O tempo que o presidente Lula esteve preso?” Durante todo o depoimento, Witzel afirmou ser vítima de perseguição política e que não foi encontrado “nem um centavo em minhas contas”.

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Witzel afirmou que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse a ele que “o chefe falou” para ele “parar de falar que quer ser presidente” senão eles não poderiam mais atendê-lo. Depois disso, disse Witzel, o delegado federal que investigava a questão das Organizações de Saúde (OSs) foi reconvocado pelo Ministério da Justiça e parou de atuar no caso. Prometeu enviar à CPI os nomes dessas instituições para que sejam apuradas, mediante quebra de sigili, os responsáveis por desevios cometidos.

Filho do presidente

A presença do senador Flávio Bolsonaro, que não é membro da comissão, gerou confusão durante a CPI. Ele interrompeu o depoimento de Witzel diversas vezes, atitude que levou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, questionar se o ex-governador se sentia intimidado pela presença de Flávio Bolsonaro ali, ao que o filho do presidente protestou. “Seu pai parece que não lhe deu educação”, disse Calheiros.

Senadores protestaram que Flávio estava interrompendo o depoimento sem se inscrever e sem esperar sua vez para falar. Flávio disse que estava se defendendo, porque seu nome “foi citado” e o de sua família.

“Aqui o senhor é senador, não filho do presidente”, respondeu Rogério Carvalho (PT-SE).

Randolfe Rodrigues lembrou Witzel que ele poderia participar de uma sessão fechada se tivesse informações sensíveis para compartilhar.

“Eu não tenho problema com a presença do senador (Flávio Bolsonaro), eu o conheço desde garoto. Minha questão aqui não é pessoal, é de defesa da democracia”, afirmou Witzel. “Discurso bonito”, ironizou Flávio Bolsonaro. “Se o senhor fosse um pouquinho mais educado e menos mimado, o senhor teria um pouco de respeito pelo que eu estou falando”, respondeu Witzel.

Interrupção

Após três horas e 20 minutos no mais curto depoimento desde o início do funcionamento da CPI da Covid, a sessão foi interrompida a pedido de Witzel, depois de uma discussão entre ele e o senador Jorginho Mello (PL-SC). O ex-governador afirmou que Mello fazia acusações levianas. O parlamentar respondeu que “leviano é quem sofreu impeachment”.

Mais tarde, em entrevista à imprensa, Witzel explicou por que deixou o depoimento. “O senador se referiu a mim de forma leviana, até mesmo chula. Continuei enquanto a sessão foi civilizada. Quando isso mudou, eu e meus advogados decidimos que era melhor sair.” Está sendo analasida a possibilidade de Witzel voltar a depor mas em sessão fechada.

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