Cassinos resort: uma urgência adiada

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Foto: divulgação
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Luiz Felizardo Barroso defendeu, aqui nas páginas do Monitor Mercantil, no início deste ano, um esforço concertado na sociedade brasileira em favor da reabertura dos cassinos. A ideia passa pela liberação limitada aos “cassinos resort”, grandes complexos turísticos em número limitado por cada estado e com apenas 10% de sua área dedicada a jogo – pelo menos de acordo com o projeto de lei que o senador Irajá apresentou em setembro.

Certamente haverá vontade, por parte do governo, em avançar com o processo. Poucos dias depois do artigo de Luiz Felizardo Barroso, foi notícia a passagem de Flávio Bolsonaro por Las Vegas, em visita a Sheldon Adelson, o grande magnata dos cassinos do estado do Nevada. A visita foi quase uma retribuição das duas visitas que Adelson fez ao Rio de Janeiro em anos recentes. O senador Irajá também integrou essa comitiva, e os dados que recolheu terão sido úteis para a elaboração de seu projeto de lei.

 

 

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O tempo vai passando

 

Em seu artigo, Barroso foi realista: pelo menos desde os anos 80 que o Brasil (ou, ao menos, parte dele) está tentando, por alguma forma, reverter a proibição dos cassinos que vai vigorando desde 1946. Poucos temas criaram uma resistência tão firme e consistente em nossa sociedade como esse. Em meio à aparente “guerra civil” que atravessam atualmente os países do Ocidente, entre as Américas e a Europa, apetece dizer que o tema do jogo não avançou porque nenhuma das partes o assumiu claramente como “bandeira” política.

O projeto de lei do senador Irajá é mais um passo na direção certa. Mas o certo é que o tempo vai passando, e ele é precioso.

 

 

O trem que pode partir

 

O interesse de Adelson em criar um super resort integrado no Rio de Janeiro é, entre nós, dado como certo. O prefeito Crivella vem insistindo nele, para escândalo de seus correligionários conservadores que consideram o blackjack e a roleta desses complexos turísticos como uma cedência moral. Crivella sabe que a geração de emprego direto e indireto poderia criar uma pequena revolução econômica bem no centro da Cidade Maravilhosa. Também se fala que Adelson poderia estar interessado no resort de São Paulo. Críticos apontam que os projetos de lei limitando o número de cassinos legais em cada estado parecem perfeitos para o que Adelson pretende.

Mas esse é um trem que pode partir em qualquer momento.

Foi notícia, em maio de 2020, que o Grupo Sands (do qual Adelson é o CEO e presidente) havia desistido de seus planos de investir no Japão. O grupo reverteu sua opinião em julho, mas o processo continua incerto. Tudo devido a indecisão política por parte do governo nipônico.

Mais recentemente, foi divulgado que o grupo Sands está pensando vender seus cassinos em Las Vegas. Parece impensável, mas a atividade no Nevada rende apenas 16% da receita total do grupo Sands. O grupo empresarial poderia assim se focar apenas em Macau e Singapura, seus mercados centrais. A notícia passou algo despercebida no Brasil, mas foi divulgada em Macau e também nos Estados Unidos.

E se surgisse uma mudança de direção política, no topo do grupo Sands, que levasse o grupo a querer desistir de investir no Rio e em São Paulo? Claro que apareceriam investidores nacionais, e outros internacionais, mas a capacidade de investimento seria a mesma? E quanto tempo seria perdido até surgir um outro investidor com a mesma capacidade do Grupo Sands?

Outro trem chegaria, mas o tempo perdido seria insubstituível. Precisamos andar rápido.

 

Conteúdo elaborado e enviado por Alex Larsen.

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