Cenário doméstico continua atribulado

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Bom dia.

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Atividade fraca e ruídos em Brasília – O cenário doméstico continua atribulado, com o IBC-Br seguindo a tendência negativa em março, com variação de -0,28% em março contra fevereiro, reforçando a visão de um PIB bem fraco nesse 1T19. Além disso, as dificuldades do governo na articulação política, mesmo em questões não envolvendo a previdência, seguem em evidência, com a nova crise envolvendo o Ministério da Educação. Como o exterior também não tem ajudado, a tendência é de Bolsa pressionada na abertura por aqui.

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Dia sem direção única lá fora – Na Ásia, mesmo com indicadores aquém do esperado na China, o pregão foi mais positivo. Tanto as vendas no varejo chinês quanto a produção industrial do país desaceleraram mais forte do que a projeção do mercado, ainda assim, os índices locais se recuperaram parcialmente das quedas da sessão anterior. Já no Ocidente, o dia começa mais pressionado, com o PIB da Alemanha e da Zona do Euro sem surpresas, com um crescimento ainda baixo no primeiro trimestre, de 0,7% e 1,2% na comparação anual, respectivamente. Nos EUA, as vendas no varejo caíram 0,2% em abril na comparação mensal, quando a expectativa era de um aumento de 0,2%. Já o índice Empire State, do Fed de Nova Iorque, superou em muito as expectativas em maio. Além disso, a Alibaba, gigante chinesa, apresentou resultados acima do esperado e deve abrir em alta no pregão de hoje. Apesar de chinesa, a companhia é listada na Bolsa de Nova Iorque. Na abertura por lá, as vendas no varejo mais fracas, o PIB sem novidades na Europa e os dados ruins da China, devem manter os índices no campo negativo.

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Resultados sem surpresas da Eztec (EZTC3) – A companhia apresentou receita e margens em linhas com o que foi apresentado no trimestre imediatamente anterior, fruto da recuperação ainda lenta do setor como um todo. Ainda assim, o lucro líquido da companhia veio bem menor, caiu de R$ 43,5 milhões para R$ 17,3 milhões, o que é explicado pela redução no resultado financeiro. Isso ocorreu porque boa parte do resultado financeiro da Eztec vem do rendimento da carteira de recebíveis, ou seja, do financiamento direto da Eztec para os compradores de imóveis, indexada ao IGP-DI, que no período de outubro a janeiro (a correção acontece com dois meses de defasagem) ficou negativo em 1,5%. Não vemos o resultado como um catalisador importante para os papéis da companhia no curto prazo.

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Bom trimestre da Sonae Sierra (SSBR3) – Destaque principalmente para o indicador aluguel mesmas lojas que apresentou elevação de 6,6%, muito por conta da reversão gradual da política de descontos que foi a regra no setor durante a crise. Além disso, a taxa de ocupação subiu 1,7 p.p., para 95%, ajudando a receita líquida crescer 6,4% entre o 1T18 e o 1T19. A vacância menor também ajuda a reduzir custos da companhia, fazendo com que a companhia entregasse ganhos de margem. Esperamos reação positiva do mercado, ainda que as vendas nas lojas dos shoppings da companhia não tenha apresentado uma evolução muito forte, atrapalhada pelo efeito calendário, com a Páscoa caindo no 2T19, além da recuperação mais lenta que o esperado da economia doméstica.

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Baixo volume de entregas machuca resultado da Embraer (EMBR3) – A companhia reportou números muito pressionados nesse primeiro trimestre de 2019, muito por conta do baixo volume de entregas de aeronaves, o que levou a um prejuízo líquido de R$ 229,9 milhões, até próximo do prejuízo reportado há um ano. Destaque negativo para a utilização de caixa da companhia, de R$ 2,5 bilhões nesses três meses, o que levou a um aumento significativo do endividamento. A dívida líquida estava em R$ 1,7 milhão há apenas três meses e chegou a R$ 4,3 bilhões. Além disso, o backlog da companhia seguiu o movimento de deterioração dos últimos anos, chegando a US$ 16,0 bilhões, US$ 300 milhões abaixo do 4T18 e US$ 3,5 bilhões abaixo do patamar do 1T18.

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Log-In (LOGN3) tem trimestre mais positivo – Ainda que o volume de contêineres transportados pela companhia tenha caído um pouco na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a receita do segmento apresentou expressiva melhora, por conta do mix mais favorável. No entanto, isso foi compensado pela menor quantidade de veículos transportados, resultando em uma receita consolidada em navegação costeira 2,7% maior que a de um ano atrás. O ponto positivo é que o custo da movimentação de veículos é muito maior, então o impacto dessa dinâmica foi positivo nas margens da companhia, que conseguiu entregar bottom line positivo, ainda que tímido, de R$ 5,2 milhões.

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Gafisa (GFSA3) e Helbor (HBOR3) seguem com prejuízos – As duas incorporadoras seguiram com números pressionados nesse trimestre, mas dentro do esperado. A Helbor segue com um estoque bem elevado, gerando custos que pressionam a rentabilidade da companhia. O estoque está em R$ 2,1 bilhões, considerando apenas a participação da companhia nos empreendimentos. Praticamente 70% desse estoque é de unidades prontas, quando a companhia é responsável pelos custos condominiais e tributários, além de ser uma venda muito mais difícil. As vendas da companhia foram de R$ 220 milhões, ou seja, o estoque representa mais de dois anos de vendas nesse ritmo. Já a Gafisa está começando um processo de reestruturação com a troca no comando da companhia no começo desse ano. E a nova gestão tem bastante trabalho, com uma empresa gerando prejuízos recorrentes e com uma dívida líquida que corresponde a 51% do patrimônio líquido. Vemos opções mais atraentes no setor, com risco muito inferior aos das companhias citadas, dessa forma, não recomendamos exposição à Helbor ou à Gafisa.

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Kroton (KROT3) reporta fraco desempenho, mas divulga guidance forte – A receita líquida do período cresceu 34% em relação ao 1T18, com o segmento de educação básica puxando o número, decorrente da incorporação da Somos e das demais escolas adquiridas pela Saber. O Ebitda ficou 12,5% maior mas com uma margem Ebitda 8,1 p.p. menor. O crescimento no Ebitda refletiu a incorporação da Somos no resultado, mas isso também acabou pressionou negativamente a rentabilidade geral da companhia, uma vez que possui uma estrutura de custo maior, adicionalmente, o impacto também veio da mudança no perfil dos alunos na base, com um maior nível de provisionamento para suportar os produtos de parcelamento e do aumento de custos e despesas referentes às novas unidades. Com isso, o lucro líquido do período veio bastante pressionado. Além do resultado a empresa anunciou o pagamento de dividendos, no valor de R$ 0,0553 por ação, com as ações ficando ex-dividendos no dia 21 deste mês. Também anunciou o seu guidance mostrando que sua receita líquida deve crescer mais de 21% neste ano e com Ebitda crescendo 24%. Na geração de caixa após capex, o aumento esperado é de 64%.

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Minerva (BEEF3) reduz prejuízo no período – A receita líquida apresentou elevação de 5,6% se comparada a do mesmo período de 2018, refletindo o crescimento no volume de exportação da divisão Athena e na receita da Trading. A divisão Brasil, também veio melhor em relação ao 1T18, mesmo com o volume no mercado interno mais fraco e recuo nos preços das exportações em dólares. As exportações da Minerva foram novamente destaque, e responderam por 61% da receita total. O Ebitda ajustado por itens não-recorrentes cresceu 15,4%, com margem Ebitda ajustada de 8,8%, 0,70 p.p. acima da margem do 1T18. Já o seu resultado final continuou negativo, entretanto, veio melhor que o reportado no 1T18. Segundo a companhia, a sua forte presença no mercado chinês, por meio da Athena e da Minerva, representando 35% e 20% respectivamente das exportações, reforça uma perspectiva melhor para seus próximos resultados, haja vista os problemas enfrentados com a peste suína, por lá. Adicionalmente, a expectativa de abertura de novos mercados, como os Estados Unidos para a carne brasileira e a abertura do mercado da Indonésia para a América do Sul, seguem no radar da companhia. Por fim, vale mencionar que a empresa, mesmo postergando, continua com o processo de abertura de capital da Athena na Bolsa do Chile, para assim melhorar a sua alavacangem que está em 3,8x dívida Líquida/Ebitda.

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Guararapes (GUAR3) reporta fraco desempenho – A receita líquida consolidada no 1T19 ficou 8,4% maior que a apurada no mesmo período de 2018, refletindo a melhora de 21% na receita da Midway Financeira. No Midway Mall a alta foi de 5,4% e na receita líquida de mercadorias foi 2,8% maior. O Ebitda ajustado veio 6,5% acima com margem Ebitda sendo pressionada em 0,2 p.p. em comparação com o 1T18, refletindo o tímido crescimento das vendas, contração da margem bruta de mercadorias e aumento do nível de perda e provisionamento da operação financeira. Por fim, o lucro líquido do período ficou 42,7% menor que o registrado no mesmo período do ano anterior, reflexo do cenário comentado acima e maiores despesas financeiras.

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Profarma (PFRM3) reporta bom desempenho – Neste primeiro trimestre, a receita líquida consolidada apresentou incremento de 11,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo basicamente o crescimento de 21,3% da divisão distribuição Farma. O Ebitda veio melhor sendo explicado ainda pela melhora da divisão distribuição Farma, mesmo que o resultado tenha sido afetado negativamente pela divisão varejo, por conta do fechamento de 21 lojas no período que gerou maiores despesas. O seu resultado final veio melhor, mas ainda reportou prejuízo de R$ 7,9 milhões, contra os R$ 12,3 milhões no 1T18. A companhia vem melhorando o seu operacional, no entanto, números mais consistentes ainda irão demorar a aparecer, além disso, vale comentar que sua alavancagem continua muito alta.

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Fertilizantes Heringer (FHER3) continua bem mal – A receita líquida ficou 87% inferior em relação ao 1T18, decorrente da redução de 90% no volume do 1T19, como consequência do pedido de recuperação judicial, no início de fevereiro, levando em conta os baixos estoques e dificuldade inicial da companhia em voltar a adquirir novos volumes, aliado a decisão de manter a operação em 7 unidades fabris, ante as 16 unidades. No mês de março, as operações já indicam um processo de retomada mesmo que em patamares muito abaixo quando comparado com igual período de anos anteriores. Por consequência o Ebitda veio negativo e o seu resultado final continua reportando prejuízo.

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Bom resultado da Copel (CPLE6) – O clima mais quente neste início de ano puxou a demanda residencial por energia, fato que aliado ao reajuste tarifário aplicado em meados de 2018 favoreceu o desempenho na área de distribuição neste 1T19. Em geração, também houve melhora, com a entrada em operação de novos empreendimentos mais do que compensando a menor alocação de energia no período. Destaque também para o controle de custos e despesas, com os programas de demissão voluntária implementados ao longo do último ano rendendo bons frutos. A redução de 590 funcionários nos últimos doze meses gerou uma economia de R$ 106 milhões neste trimestre. Com isso, no consolidado, o Ebitda da companhia avançou quase 40%, com a margem chegando a 28% contra os 23,4% registrados no 1T18. Outro ponto positivo foi a redução de sua alavancagem. Seus papéis devem responder de forma positiva à novidade.

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Faturamento e lucro da Tupy (TUPY3) avançam – Entretanto, o volume de vendas e o Ebitda ficaram pressionados, em comparação com o 1T18, em razão de paradas não programadas para manutenção e dificuldade no início da fabricação de produtos de valor agregado mais alto no México. Os problemas se concentraram nos dois primeiros meses do ano, sendo que em março a Tupy conseguiu normalizar suas operações. De toda forma, o volume caiu quase 3% em um ano, sendo compensado pela melhora no mix, com produtos a base de ferro vermicular correspondendo a 20% do volume total (contra 14% no 1T18), reajuste de preços e desvalorização do real. O Ebitda caiu quase 8% em um ano e o lucro líquido subiu mais de 40% no mesmo período, com a melhora no resultado financeiro. A Tupy irá distribuir dividendos de R$ 0,1734 por ação, com data ex no dia 22 de maio e pagamento em junho, no dia 18. O yield é de cerca de 1%. Os papéis da companhia devem responder de forma positiva ao balanço, com os problemas que afetaram o trimestre ficando para trás e bons indícios quanto a demanda, que segue consistente e, agora, voltada a produtos de maior valor agregado.

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Taesa (TAEE11) divulga resultado sem surpresas e distribuição de proventos – Como o esperado, o resultado da companhia foi menor neste 1T19, em virtude da redução de 50% na receita anual permitida de sete empreendimentos. O corte está previsto em contratos de concessão da categoria II (licitados entre 1999 e 2006) e ocorre sempre a partir do 16° ano de operação. Entre 2019 e 2023 ainda há outros 13 empreendimentos que vão ter a RAP reduzida pela metade. Voltando ao desempenho do 1T19, ainda houve o impacto de dispêndios adicionais com licenciamento e implementação de softwares de gestão. O Ebitda regulatório, nesse cenário, caiu quase 17% frente ao 1T18 e a margem recuou 3,5 p.p., mas segue em patamar elevado, em 85,7%. A Taesa irá distribuir proventos no valor líquido de R$ 0,2469 por unit, o equivalente a um yield de 1%. Os papéis ficarão ex na próxima segunda-feira (20/05) e o pagamento irá ocorrer ainda esse mês, no dia 28.

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Forte resultado da Equatorial (EQTL3) – A incorporação da Cepisa e da Intensa no 4T18 impulsionou os números da companhia neste início de ano, mais do que compensando a queda de 1,2% no volume de energia distribuída e o aumento das perdas técnicas e não técnicas no período. Mesmo com esses efeitos, o Ebitda ajustado da companhia avançou 28% em um ano, com reajuste médio de cerca de 15% sobre as tarifas da Cemar e Celpa. Os papéis tendem a responder de forma positiva.

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Antigo controlador das Casas Bahia avalia aquisição da Via Varejo (VVAR3) – Em meio ao noticiário sobre possíveis compradores para a operação da Via Varejo, a companhia anunciou hoje, em fato relevante, que recebeu a informação que Michael Klein contratou uma assessoria financeira para avaliar a aquisição de ações da companhia na Bolsa. Até o momento não há nenhuma definição quanto à realização da aquisição.

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Bons negócios!

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