Centrais sindicais fazem protesto na Avenida Paulista contra Selic

Além de São Paulo, manifestações ocorreram em várias cidades do país; Banco Central define taxa de juros nesta quarta

125
Centrais sindicais protestam contra a Selic (Foto: Rovena Rosa/ABr)
Centrais sindicais protestam contra a Selic (Foto: Rovena Rosa/ABr)

Centrais sindicais promoveram nesta terça-feira um protesto em diversas cidades do país pedindo a redução da taxa Selic. Em São Paulo, o ato ocorreu em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, e reuniu centenas de pessoas.

“Esse ato aqui é uma tradição e acontece no momento em que o Banco Central vai decidir a taxa de juros”, explicou João Carlos Gonçalves, o Juruna, da Força Sindical.

“Na nossa opinião, a taxa de juros alta acaba prejudicando o investimento na indústria e o consumo porque os preços sobem e isso acaba atingindo também a geração de emprego. Quanto mais baixos forem os juros no nosso país, as condições econômicas serão melhores para a produção, para o consumo e para a geração de emprego”, acrescentou, em entrevista à Agência Brasil.

Chamado de Dia Nacional de Mobilização Menos Juros, Mais Empregos, o ato contou com a participação da Força Sindical, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Intersindical e da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NTST).

Espaço Publicitáriocnseg

Atualmente, a Selic está em 13,25%, mas há uma estimativa de que a reunião do Copom, que ocorre hoje e amanhã, eleve a taxa para 14,25%, maior patamar desde 2016.

“O objetivo principal desse ato é exatamente criticar a possibilidade de mais uma alta na taxa de juros, a taxa básica Selic, que já se encontra em 13,25%. Lamentavelmente o Banco Central age como o mordomo da Faria Lima, ou seja, o Brasil virou o paraíso do rentismo. Hoje o país pratica a maior taxa de juros do planeta. E isso sugere que há uma insensatez. Não há razões para o Banco Central, o Comitê de Política Monetária, agir como garçom dos banqueiros, do capital especulativo e do rentismo. É preciso que a gente sinalize uma nova possibilidade. O mundo todo indica que a melhor resposta para sair da recessão é exatamente baixar juros”, disse Adilson Araújo, presidente nacional da CTB. “Não podemos seguir permitindo que o Estado sirva de banco para satisfazer o ego do grande capital”, ressaltou.

Além das centrais dos trabalhadores, o ato também contou com o apoio de integrantes da União Municipal dos Estudantes (Umes). “O movimento estudantil vive denunciando a falta de investimento na educação. Um dos principais entraves do Brasil e também para investimento na educação é a altíssima taxa de juros. No ano passado, o valor investido na educação foi sete vezes menor do que para bolsa de banqueiro. Os estudantes estão cansados de viver nessa realidade, de ter as suas costas sucateadas, enquanto todo ano a gente repassa bilhões e bilhões de reais para bancos”, disse Valentina Macedo, presidente da Umes.

Na expectativa pela decisão de amanhã do Copom, o mercado financeiro já dá como certa a elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, passando dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano. O movimento ocorre em meio a um cenário de inflação persistente e atividade econômica aquecida, reforçando uma política monetária mais contracionista.

Para Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, o mercado já precificou a alta da Selic, mas a grande expectativa está no comunicado que será divulgado pelo Banco Central.

“Temos uma semana com decisões bem importantes quanto aos juros tanto no Brasil como no cenário externo. Por aqui, os investidores estão atentos não somente em relação à decisão de alta da Selic em 1%, que já é amplamente esperada e deve causar zero surpresa, mas sim, principalmente, em relação ao comunicado que será divulgado na sequência para se entender melhor os possíveis passos da política monetária nos próximos meses”.

Correia observa que a inflação está menos pior, pelo menos devido aos últimos dados que saíram: “Mas ainda isso é muito precoce para qualquer tipo de alteração na decisão dessa próxima quarta. Então por enquanto a gente continua com a mesma expectativa de alta para a taxa de juros aqui e que a ponta final seja em dezembro na casa dos 15%. Então, por enquanto, está longe de cogitação a gente poder ter cortes neste ano”.

Já Josias Bento, especialista em Investimentos e sócio da GT Capital, ressalta que a dúvida principal vai ficar para qual será o guidance das próximas reuniões:

“Isso é o que o mercado de fato vai ficar de olho. Pensando em investimentos, os títulos atrelados à Selic com prazos mais curtos são uma excelente opção justamente com o objetivo de acompanhar o rendimento da taxa mais alta. Outra opção é começar a se expor a prefixados para médio prazo, desde que o investidor leve até o vencimento, pois devemos ter mais altas de juros ao longo do ano e, com isso, é preciso tomar cuidados com a marcação a mercado”.

Ele também projeta novas elevações para o restante do ano: “Acredito que podemos esperar mais dois aumentos, um de 0,75 p.p. e um de 0,25 p.p. para encerrar o ciclo de alta e fecharmos o ano nos 15% de Selic”.

Com informações da Agência Brasil

Leia também:

1 COMENTÁRIO

  1. Primeiro parágrafo: “… o ato ocorreu em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista …” A SEDE do Banco Central do Brasil está localizada em Brasília/DF. A da Avenida Paulista é a UNIDADE do Banco Central do Brasil em São Paulo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui