Presente em Porto Alegre para o III Fórum Social Mundial, Paulo Passarinho, diretor do Sindicato dos Economistas (Sindecon-RJ) e membro do Conselho Regional (Corecon-RJ), voltou a criticar o engessamento da economia via políticas de ajuste fiscal e a denunciar o que considera um (pré)conceito: o superávit primário (não inclui gastos com juros). “A Alemanha, França e demais países da União Européia têm como meta um déficit nominal (inclui juros) de 3% do PIB e também enfrentam problemas de estagnação. O superávit primário exclui da contabilidade o principal gasto”. Passarinho é favorável à centralização do câmbio no BC para permitir uma queda forte nos juros sem que os especuladores corram para o dólar. Ele considera também que os juros nas alturas alimentam a inflação, e não o contrário como afirmam alguns economistas.
Ficha limpa
Com base nos dados divulgados ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-RJ), as vendas do mês de dezembro do ano passado não foram boas. O número de consultas à entidade caiu 6,9% se comprado com igual período de 2001. No entanto, o percentual de consumidores que ingressaram na lista negra do SPC também caiu 40%. Apenas 13,7% dos consumidores conseguiram “limpar seus nomes”.
No acumulado do ano de 2002, o percentual de pessoas que ingressaram no rol dos maus pagadores caiu 30,4%. O percentual de pessoas que conseguiram retirar seus nomes do SPC aumentou em 20,6%.
Sofismas
O presidente do PT, José Genoino, e a ativista que o brindou com uma “tortada” em Porto Alegre têm pelo menos algo em comum. Para ambos, a perspectiva de direitos adquiridos é algo muito relativo. Para Genoino, quando se trata de direitos previdenciários. Para a manifestante, quando se trata da representatividade de Lula em Davos para falar pelo FSM.
Ceticismo
A parte mais comentada, em Porto Alegre, do discurso de Lula em Davos foi a que ele disse aos financistas que eles “perceberiam que os dois fóruns têm muita coisa em comum”. Para organizadores e participantes do FSM, a “interlocução” com Davos é inviável. Francisco Whitaker, do comitê organizador do Fórum Social Mundial (FSM), acha improvável “que o FSM se apresente diante dos senhores do capital financeiro como bloco monolítico e com discurso afinado”. Ele salienta que o fórum não é uma instituição: “Não há como designar quem vai a Davos falar por nós.” Entre os participantes a frase mais citada era: “Falar o quê com eles? Nossos objetivos são antagônicos.”
Filiação
O sociólogo francês Jean Ziegler, relator das Nações Unidas para o combate a fome, afirmou que a Internacional Socialista poderia ser presidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva De acordo com ele, bastaria o PT se associar à entidade. O francês faz parte do bureau executivo da IS. Segundo ele, o PT já foi convidado. Perguntado sobre a situação de Brizola, do PDT, único partido brasileiro filiado à Internacional, desconversou.
Terrorismo
A Casa Cuba, novidade da terceira edição do FSM, mostrou uma exposição com documentos e fotos de atentados à bomba contra círculos infantis, ataques bacteriológicos e outras ações do tipo sofridas pela ilha. O principal objetivo é denunciar a prisão nos Estados Unidos, segundo os cubanos por motivos políticos, de Gerardo Nordelo, Antonio Rodriguez, Ramon Salazar, René González e Fernando González. Os cinco estão presos há cerca de cinco anos, acusados de espionagem e conspiração. Julgados em Miami, foram sentenciados em dezembro de 2001 a penas que variam de 15 anos a prisão perpétua.
Irma Gonzalez, filha de René Gonzalez, afirmou que 3 mil cubanos já teriam sido mortos, vítimas de atentados planejados e executados por organizações sediadas em Miami. Ela afirmou que seu pai investigaria organizações terroristas com bases nos EUA.
Queda
Ao fazer circular a previsão de que o PT mudaria a política econômica em março, esta coluna, obviamente, não estava prevendo a queda, literal, do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Davos, ainda este mês.