O consumidor brasileiro está mais cauteloso em relação aos gastos com a Páscoa deste ano. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, aponta que a data deve levar 102,6 milhões de consumidores às compras, uma queda nominal de 4 milhões em relação à Páscoa de 2024.
De acordo com o levantamento, 63% dos entrevistados pretendem fazer compras para a Páscoa de 2025. O principal motivo destacado pelos consumidores que não pretendem fazer compras esse ano é economizar (23%), enquanto 21% estão endividados e irão priorizar o pagamento de dívidas, 20% estão desempregados e 16% não gostam / não tem costume de comprar presentes e chocolates para Páscoa.
Já entre os que pretendem comprar algum presente na Páscoa, 33% dizem gostar de chocolates ou pretender presentear pessoas que também gostam, 26% afirmam ser uma tradição da qual gostam de fazer parte e 25% têm o costume de presentear as pessoas que gostam.
Os filhos (55%) serão os principais presenteados, em seguida as mães (39%), cônjuge (39%), sobrinhos (27%) e o próprio entrevistado (26%).
Os consumidores pretendem gastar, em média, um total de R$ 247 com as compras de Páscoa; adquirindo, em média, cinco produtos.
“O consumidor está com dificuldade em manter as contas em dia, o orçamento está apertado, por isso temos uma queda no número de pessoas que irão às compras. Mesmo assim, a data tem uma movimentação importante no comércio de todo o país. Neste momento vale a criatividade do lojista em ter opções mais baratas e de lembranças que caibam no bolso das pessoas. Sabemos que o brasileiro tem a tradição de comemorar a data, por isso apesar da cautela, as pessoas não deixarão de fazer alguma compra”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Os ovos de chocolate industrializados (55%) serão os principais itens procurados pelos consumidores, seguidos pelos bombons industrializados (41%), ovos de Páscoa caseiros/artesanais (37%), bombons e barras de chocolate caseiros/artesanais (33%) e barras de chocolate industrializadas (28%).
Entre os que pretendem comprar ovos industrializados, 58% irão comprar itens direcionados para crianças e para adultos, 27% somente para adultos e 13% somente para crianças.
Entre os motivos apontados pelos que pretendem comprar barras de chocolate e/ou bombons, 54% se importam com a celebração e não a forma do chocolate e 34% por ser mais barato.
No caso dos chocolates caseiros/artesanais, 28% destacam a qualidade do chocolate, 26% a preferência por algo mais personalizado e 23% querem ajudar as pessoas que vendem.
O pagamento à vista será o mais utilizado nas compras de Páscoa (72%), sendo principalmente por Pix (51%) e cartão de débito (36%). Já 56% pretendem pagar à prazo, sendo a média de 4 parcelas. Nesta modalidade 33% utilizarão o cartão de crédito parcelado.
As lojas físicas se destacam na preferência dos consumidores na hora de fazer pesquisa de preço (82%), mas também no momento da compra. Nove em cada 10 consumidores (95%) pretendem fazer as compras em lojas físicas, com destaque para os supermercados (57%), lojas especializadas em chocolates (45%) e lojas de grandes varejistas (40%). 22% devem fazer as compras pela internet.
O consumidor também pretende fazer pesquisa de preço (85%) antes das compras, sendo que 46% pretendem pesquisar sobre todos os tipos de chocolate e 27% somente os ovos de páscoa.
Sete em cada 10 consumidores (69%) acham que os preços dos produtos estão mais caros este ano frente ao ano passado, 20% que estão na mesma faixa de preço e 7% que estão mais baratos.
De acordo com os entrevistados, os principais fatores que influenciam na escolha dos locais de compra são o preço (51%), a qualidade dos produtos (49%), promoções e os descontos (36%) e a diversidade de produtos (24%); 44% devem fazer as compras ao longo do mês de março. Mas o comércio deve se preparar para os atrasadinhos, uma vez que 43% pretendem realizar as compras na semana antes da Páscoa, com isto estima-se que cerca de 44,4 milhões de consumidores devem deixar as compras para última hora nesta data.
A maioria (55%) pretende comemorar a data em casa, enquanto 19% irão para a casa dos pais e 13% na casa de outros parentes.
A pesquisa aponta um dado preocupante em relação ao controle de gastos dos consumidores, uma vez que 33% dos que pretendem comprar chocolates e presentes possuem contas em atraso, sendo que 76% destes estão com o nome sujo.
Neste mesmo cenário, 21% dos que vão fazer compras na data este ano admitem que costumam gastar mais do que suas finanças permitem para presentear na Páscoa e 8% até deixarão de pagar alguma conta para comprar chocolates ou produtos neste ano. 12% admitem que foram negativados devido as compras feitas na Páscoa de 2024.
“A alta inadimplência é um fator preocupante no país, que impacta diretamente no poder de compra do consumidor. É importante que se faça um planejamento de quanto pode gastar antes de sair de casa, usar a criatividade para dar lembrancinhas e não fazer novas dívidas. A prioridade deve ser o pagamento das contas”, alerta o presidente da CNDL.
A pesquisa ouviu consumidores das 27 capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas (excluindo analfabetos) e que pretendem realizar compras para a Páscoa deste ano.
Já segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas para a data deverão somar R$ 3,36 bilhões, número que representa uma retração de 1,4% no volume de vendas, em comparação ao ano anterior, já descontada a inflação.
A principal razão para o recuo está na disparada dos preços de produtos típicos da celebração, especialmente o chocolate. O item deverá registrar aumento médio de 18,9%, o maior reajuste em 13 anos. A alta é atribuída à valorização do cacau no mercado internacional e à desvalorização do real frente ao dólar, que passou de R$ 5 para R$ 5,80 em um ano.
No total, a cesta de bens e serviços ligados à Páscoa, composta por oito itens, deve ter um aumento médio de 7,4% nos preços, em relação a 2024. Além dos chocolates, destacam-se também os reajustes do bacalhau (9,6%) e do azeite de oliva (9,0%), dois produtos tradicionais nas ceias comemorativas.
“Outro indicativo de desaquecimento é a queda das importações. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que, em março, a entrada de chocolates importados recuou 17,6%, enquanto o bacalhau teve retração de 11,7% em volume”, analisa o economista da CNC Fabio Bentes.
Desde 2021, o varejo vinha registrando uma trajetória consistente de recuperação das vendas de Páscoa, impulsionada pela retomada do consumo após os impactos da pandemia. A data, que em 2020 marcou patamar de faturamento equiparável a 2007, passou a apresentar avanços reais nos anos seguintes, refletindo a reabertura da economia e a melhora gradual do mercado de trabalho. Essa série histórica de crescimento deve ser interrompida em 2025.
Geograficamente, São Paulo continuará liderando as vendas, com expectativa de movimentar R$ 923,29 milhões. Em seguida, vêm Minas Gerais (R$ 344,06 milhões), Rio de Janeiro (R$ 237,52 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 194,93 milhões), que juntos concentrarão mais da metade da receita nacional com a data. No entanto, Bahia (-6,2%) e Rio Grande do Sul (-4,9%) devem registrar as maiores quedas percentuais de vendas entre os estados.
Embora o mercado de trabalho siga mostrando dinamismo no país, os altos preços tendem a conter o entusiasmo do consumidor. Com isso, a Páscoa de 2025 deve reafirmar um cenário de consumo mais cauteloso, ainda que os apelos emocional e tradicional da data mantenham seu peso no calendário do varejo nacional.
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