Cerca de 6 milhões de crianças estão desconectadas no país

125

Em 2015, 5,9 milhões de crianças e adolescentes não estavam conectados à internet no Brasil, o que representa 20% da população entre 9 e 17 anos de idade. Entre eles, 3,4 milhões nunca acessaram a rede. É isso o que aponta a 4ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2015, conduzida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). A pesquisa investiga o acesso à rede e o uso dela por crianças e adolescentes no país e considerou como conectados os jovens que acessaram a internet nos três meses anteriores ao estudo.
Desigualdades regionais e socioeconômicas, bem como a falta de disponibilidade de conexão no domicílio, são desafios para a inclusão digital dessa parcela da população. Segundo o estudo, 15% das crianças e adolescentes afirmaram que a falta de acesso em seus domicílios era motivo para não utilizarem a rede. Esse item foi citado sobretudo por jovens em áreas rurais (30%), nas regiões Nordeste (21%) e Norte (31%), nas classes D e E (36%) e entre pessoas com renda familiar de até 1 salário mínimo (31%). A TIC Kids Online Brasil foi realizada entre novembro de 2015 e junho de 2016, em todo o território nacional.
– São quase 3,5 milhões de crianças, em idade escolar, que nunca tiveram contato com a internet, que desconhecem o potencial da rede como ferramenta de comunicação, fonte de conhecimento e instrumento para desenvolver novas habilidades. É fundamental chamar a atenção para os jovens e discutir políticas públicas para que todos tenham acesso de qualidade à internet e para que ninguém fique para trás. Mas não bastam políticas de inclusão apenas, é preciso pensarmos em políticas de proteção das nossas crianças no ambiente online – ressalta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Conectividade e frequência de acesso – Entre os jovens conectados, os resultados também apontam a existência de disparidades regionais e socioeconômicas no acesso à rede. Oito em cada dez crianças e adolescentes eram usuários de internet em 2015, o que representa 23,7 milhões de jovens em todo o país. Enquanto em áreas urbanas 84% das crianças e adolescentes estavam conectadas, nas áreas rurais, essa proporção foi de 59%. Na região Sul, 90% dos jovens declararam ser usuários de internet e no Norte, apenas 56%. Outro fator determinante é situação socioeconômica: 97% das crianças das classes A e B acessaram a internet, o que ocorreu com apenas metade dos jovens das classes D e E (51%).
Em relação à frequência de uso da internet por crianças e adolescentes, a pesquisa registrou um aumento significativo: em 2014, 21% disseram que acessavam a rede mais de uma vez por dia; em 2015, essa proporção atingiu 66% – um aumento de 45 pontos percentuais. Esse crescimento foi ainda mais expressivo entre as crianças das classes A e B (de 21% para 75%). Entre os jovens pertencentes às classes D e E, o uso intensivo da rede cresceu menos, indo de 25% para 49%.
O uso de equipamentos móveis para acessar a internet se manteve expressivo entre o público jovem. Em 2015, 83% acessaram a rede por meio do telefone celular – em 2014, essa proporção foi de 82%, indicando estabilidade. A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2015 verificou ainda que 31% das crianças e adolescentes acessavam a internet exclusivamente por esse dispositivo. Essa proporção foi de 55% entre os jovens das classes D e E. Já os computadores (de mesa, laptops e tablets) perderam espaço: 64% das crianças utilizavam dispositivos desse tipo para acessar a rede, uma queda de 17 pontos percentuais em relação a 2014.
Em 2015, a TIC Kids Online Brasil passou a incorporar novas questões sobre intolerância e discurso de ódio na rede. De acordo com o estudo, uma em cada três crianças e adolescentes usuárias de internet (37%) declarou ter visto alguém ser discriminado na internet no último ano – o equivalente a 8,8 milhões de jovens.
O contato com casos de discriminação é maior entre os adolescentes: entre os usuários de 15 a 17 anos, a proporção chega a 51%. No caso das crianças de 9 e 10 anos, o percentual é de 11%. Entre os motivos identificados para a discriminação, 23% das crianças usuárias citaram preconceito de cor ou raça; 13% mencionaram aparência física; e 10%, relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.
Uma parcela menor dos jovens usuários (6%) declarou ter sofrido algum tipo de discriminação na internet no último ano. “Assim como no mundo off-line, a criança também está exposta a riscos na internet. Eles precisam ser tratados não só no âmbito familiar, mas também no sistema educacional e em políticas públicas, no sentido de garantir a proteção dos direitos da infância”, aponta Barbosa. 
A pesquisa TIC Kids Online Brasil tem o objetivo de compreender de que forma a população de 9 a 17 anos utiliza a internet e como lida com os riscos e as oportunidades decorrentes desse uso. O levantamento entrevistou 3.068 crianças e adolescentes, bem como seus pais ou responsáveis, e segue alinhado ao referencial metodológico da rede europeia EU Kids Online.

Espaço Publicitáriocnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui