O governo chinês anunciou esta sexta-feira que “a partir de 10 de abril de 2025” uma tarifa de 34% sobre todas as importações de produtos originários dos EUA em resposta às medidas protecionistas anunciadas em 2 de abril pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O Ministério das Finanças da China enfatizou que as medidas anunciadas por Trump sobre as exportações chinesas para os EUA são uma prática “inconsistente com as regras do comércio internacional”, prejudicando seriamente os direitos e interesses legítimos da China e constituindo uma prática típica de “bullying unilateral” que não apenas prejudica os interesses dos EUA, mas também coloca em risco o desenvolvimento econômico global e a estabilidade da cadeia de produção e fornecimento.
Em resposta a estas medidas de Washington e de acordo com as leis da China, “bem como com os princípios básicos do direito internacional”, a Comissão Tarifária do Conselho de Estado anunciou que serão impostas tarifas adicionais de 34% a todos os bens importados originários dos EUA a partir de 10 de abril.
Nesse sentido, o ministério chinês solicitou reiteradamente que os EUA cancelam imediatamente suas medidas tarifárias unilaterais e a resolverem disputas comerciais por meio de consultas de maneira justa, respeitosa e mutuamente benéfica.
Sobre este assunto, um porta-voz do Ministério do Comércio da China indicou nesta sexta-feira que a China apresentou uma queixa por meio do mecanismo de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), considerando que a medida dos EUA “viola gravemente” as regras da OMC, prejudica os direitos e interesses legítimos de seus membros e prejudica seriamente o sistema de comércio multilateral baseado em regras e a ordem econômica e comercial internacional.
“Esta é uma prática típica de intimidação unilateral que coloca em risco a estabilidade da ordem econômica e comercial global. A China se opõe firmemente a isso”, disse ele, instando os EUA a corrigir imediatamente suas práticas errôneas e cancelar suas medidas tarifárias unilaterais.
Enquanto isso, o Ministério do Comércio da China anunciou nesta sexta-feira que adicionou 16 entidades dos EUA, incluindo a High Point Aerotech Corporation, à sua lista de controle de exportação “para salvaguardar a segurança e os interesses nacionais e cumprir com as obrigações internacionais”.
Aqui o Brasil, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, avaliou que o tarifaço de Trump poderá acelerar o processo de acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
“Eu acho que o Brasil não tem que focar em qual vantagem a gente vai tirar nisso. Até porque o presidente Lula é do multilateralismo, propõe acordos. Mas é óbvio que, qualquer analista vai ver, se os EUA conseguirem implementar essas medidas, pode ter como consequência, por exemplo, acelerar o processo do acordo Mercosul-União Europeia”, disse, em entrevista coletiva na tarde de ontem.
“Já ouvimos e vimos manifestações de líderes europeus que dizem que vão acelerar o processo de validação do acordo Mercosul-União Europeia”, acrescentou.
De acordo com Viana, as novas tarifas anunciadas pelos EUA abrirão novas possibilidades comerciais para o Brasil e demais países. “Mas acho que, antes das possibilidades, vão vir as dificuldades. E é um risco grande. É algo que pode construir uma nova era. Tem alguns analistas que já falam que pode ser que os EUA podem estar abrindo agora a era da China”, acrescentou.
Em média, as tarifas aplicadas por Trump foram de 10% para países da América Latina, de 20% para Europa e de 30% para Ásia, mostrando que o governo americano vê como maior ameaça os países orientais.
Apesar da taxa menor aplicada ao Brasil, de 10%, o presidente da Apex disse não ver “vantagem” para o país e afirmou acreditar que o tarifaço não será benéfico para o comércio global.
“Eu não consigo enxergar vantagem nenhuma quando o mundo pode piorar a sua relação comercial. Foram os EUA que introduziram no mundo, há décadas, a ideia do livre mercado, dos conglomerados, dos acordos comerciais, foram eles que fizeram, dizendo que isso era melhor para o mundo. E, de fato, para o mundo ficar mais pacífico, você tem que ter um mundo mais transacional entre os países”, afirmou.
Ele ressalvou, no entanto, que o Brasil poderá passar a receber mais investimentos, mas que a nova conjuntura será “ruim para todos”.
“Acho que, na incerteza, o Brasil pode ter mais investimento do que tem, mas eu não estou querendo trabalhar a tese do tirar proveito ou tirar benefício, porque um mundo inseguro, um mundo em conflito, é ruim para todo mundo, inclusive o Brasil. A tese minha é essa, vai ser ruim para todos, independente de você ganhar mais aqui ou perder ali”.
Com informações da Europa Press e da Agência Brasil
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