China e Brasil interligam-se mais estreitamente no comércio bilateral

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Foto aérea panorâmica tirada em 10 de janeiro de 2023 mostra a vista da área de Lujiazui da Zona Piloto de Livre Comércio da China (Shanghai) em Shanghai, no leste da China. (Xinhua/Fang Zhe)
Xinhua - Silk Road

Beijing, 13 mai (Xinhua) — Os resultados da cooperação pragmática entre a China e o Brasil, os dois maiores países em desenvolvimento nos hemisférios oriental e ocidental, são sólidos e diversificados, com destaque no setor de economia e comércio, o setor pilar das relações bilaterais. Desde 2009, por 15 anos consecutivos, a China tem sido o maior parceiro comercial e o maior destino de exportações do Brasil, além do primeiro mercado de exportações que ultrapassa US$ 100 bilhões para o Brasil. Segundo estatísticas da Administração Geral das Alfândegas da China, o valor do comércio bilateral entre a China e o Brasil somou US$ 188,17 bilhões em 2024, um crescimento de 4,6% em termos anuais.

De janeiro a março de 2025, o comércio entre a China e o Brasil ficou em US$ 35,08 bilhões, com US$ 15,79 bilhões de exportações da China e US$ 19,29 bilhões de importações pela China, respectivamente.

Como o maior parceiro comercial da China na América Latina, o Brasil exportou cerca de 73% da sua produção de soja para a China no ano passado, apontou Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, revelando também que a China assinou um contrato de aquisição de 2,4 milhões de toneladas de soja no início de abril, uma quantidade impressionante no cenário internacional atual.

“O Brasil está atento às oportunidades comerciais e vai ampliar”, afirmou o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, no final de abril.

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No caso da carne bovina, a China continua sendo o maior consumidor das exportações do Brasil em 2024, com uma participação de 46% e atingindo 1,32 milhão de toneladas. O volume superou o recorde anterior de 2022, de 1,24 milhão de toneladas.

Segundo Fávaro, 48 novas plantas brasileiras devem ser habilitadas neste ano, ocupando assim lacunas de consumo novas do mercado chinês.

Em março de 2023, a China e o Brasil fecharam um acordo para efetuarem transações comerciais em suas próprias moedas, não mais utilizando o dólar americano como intermediário.

“A liquidação em moedas locais injeta estabilidade na cooperação econômica e comercial bilateral sino-brasileira, evitando os riscos de oscilações do dólar amerciano”, disse Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros e pesquisador do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, observando que o acordo também corresponde à tendência de reforma do sistema monetário internacional.

A China também foi o principal destino das exportações brasileiras de minérios no primeiro trimestre de 2025, respondendo por 68,3% das 87,7 milhões de toneladas embarcadas ao exterior, informou o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Segundo um levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) publicado em meados de abril, o Brasil exportou 35% de seu minério de cobre para a China nos primeiros três meses, uma soma muito maior que a participação de 20% em 2024. Além de cobre, outros minerais estratégicos como manganês e nióbio também registraram crescimento notável nas exportações para a China no primeiro trimestre, alcançando 310% e 35%, respectivamente.

Essas cifras são proporcionais ao crescimento próspero de indústrias emergentes como carros elétricos, baterias e energias renováveis, que baseiam-se nos elementos acima mencionados como matérias-primas.

Por outro lado, o Brasil já se tornou o país que possui mais veículos elétricos e híbridos chineses no mundo, revelou recentemente uma pesquisa da empresa britânica Rho Motion.

Segundo estatísticas da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), somente em 2024, vendeu-se no Brasil um total de 125.624 unidades de veículos elétricos e híbridos plug-in. Entre eles, a montadora chinesa BYD liderou dramaticamente, com uma participação de mercado de 61,2%, seguida pela GWM, outra fabricante chinesa.

Quanto às importações, os automóveis de marca chinesa responderam por mais de 25% do volume de 466.505 veículos importados pelo Brasil em 2024, contribuindo notavelmente com o desenvolvimento sustentável de carros elétricos e a transformação eletrificada do setor automobilístico do Brasil.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, está fazendo uma visita de Estado à China de 10 a 14 de maio. A visita é de grande importância sob a atual situação internacional caracterizada por mudanças e turbulências, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China na segunda-feira.

No Seminário Empresarial Brasil-China, realizado nesta segunda-feira, dia 12 de maio, em Beijing, o presidente Lula testemunhou o anúncio de R$ 27 bilhões de novos investimentos da China no Brasil.

Entre os investimentos, destacam-se R$ 3 bilhões da estatal chinesa de energia nuclear CGN para construir um empreendimento de energia eólica e solar e sistemas de armazenamento, gerando 5 mil empregos no Piauí; R$ 6,7 bilhões da GAC Motor, uma das maiores montadoras chinesas, para construir uma fábrica na Bahia; R$ 6 bilhões da GWM na expansão de operações no Brasil; R$ 5,6 bilhões da Meituan, plataforma chinesa de entrega, que quer entrar no Brasil com o app “Keeta” e pode gerar até 4 mil empregos diretos e 100 mil indiretos; R$ 3,2 bilhões da rede de bebidas Mixue, para construir fábricas,ampliar lojas e comprar matéria-prima de frutas no Brasil, que prevê gerar 25 mil empregos até 2030; R$ 5 bilhões da Envision, referência global em soluções sustentáveis, para construir o primeiro parque industrial neutro em emissões de carbono da América Latina; além de R$ 650 milhões de investimentos adicionais da empresa chinesa de semicondutores Longsys em São Paulo e Manaus, etc.

Esta visita enriquecerá ainda mais a conotação estratégica da comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado e demonstrará o compromisso resoluto e a responsabilidade da China e do Brasil de liderar os países do Sul Global no fortalecimento da solidariedade e cooperação e na promoção da estabilidade e prosperidade regionais e mundiais, disse o porta-voz.

Segundo Zhou Zhiwei, a visita do presidente Lula à China será uma interligação estratégica entre os dois grandes países do Sul Global e pode definir ainda melhor a direção e o escopo da sua cooperação. Fim

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