China suspende compra de soja de cinco exportadoras brasileiras

Suspensão ocorre enquanto causa das não conformidades são investigadas

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Plantação de soja (Foto: divulgação)
Plantação de soja (foto divulgação)

A Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) notificou o governo brasileiro informando a detecção de pestes e revestimento de pesticidas na soja exportada por cinco unidades de empresas brasileiras ao país asiático.

As exportações de soja dessas unidades para a China foram temporariamente suspensas enquanto a causa das não conformidades são investigadas.

Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária disse que foi informado previamente pelo governo chinês da suspensão e que ações para avaliação dos casos já estão em curso.

“O Mapa possui expectativa do recebimento, na maior brevidade possível, dos planos de ação das empresas envolvidas para demonstrar os procedimentos adotados para evitar novas ocorrências das não conformidades detectadas pelos chineses. Da mesma forma, o Mapa intensificará as ações de fiscalização nos embarques de soja do Brasil para a China”, diz o texto.

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De acordo com a pasta, a partir das ações adotadas, o governo brasileiro transmitirá todas as informações relevantes para avaliação pelas autoridades chinesas e solicitará a revogação da suspensão temporária em vigor.

“O tema está sendo tratado com naturalidade, considerando que não conformidades, como estas indicadas pelo lado chinês, são passíveis de acontecer na rotina das exportações e ações para correção de eventuais desvios são sempre importantes para o fortalecimento das relações de confiança”, disse o Mapa.

Segundo o governo brasileiro, a suspensão das exportações de soja dessas cinco unidades não deverá trazer impacto significativo nas vendas ao exterior do produto brasileiro.

“Vale reforçar que outras unidades das empresas notificadas seguem exportando normalmente para a China, sendo as suspensões válidas apenas para as cinco unidades oficialmente notificadas. Portanto, os volumes negociados pelo Brasil não serão afetados em função desta suspensão temporária destas cinco unidades notificadas”, disse o Mapa.

Já para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, “as sanções impostas pelo Trump à China, incluindo a ameaça de tarifas de até 60% sobre produtos chineses, podem desacelerar significativamente o crescimento econômico chinês. Essa desaceleração pode impactar as exportações brasileiras de minério de ferro, proteína animal e grãos para a Ásia. Por outro lado, o Brasil também pode se beneficiar, já que a China pode buscar fornecedores alternativos para produtos como soja, milho e proteínas animais, setores que o Brasil é competitivo. Então, o agronegócio brasileiro deve estar atento às oportunidades e desafios decorrentes desse cenário.”

E de acordo com Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, “existe uma relação de codependência entre EUA e China, que é bem difícil de ser superada. Por um lado, a China tem tentado fomentar o seu mercado interno para consumir mais os produtos que ela produz, mas essa iniciativa não tem tido muito sucesso. Por outro lado, os EUA têm fomentado e investido bastante para depender menos das importações chinesas, o que também não está dando muito certo. Um movimento de tarifa para a China certamente aumentaria a inflação nos EUA, e inflação e juros são elementos pouco populares. Trump tem dois anos de relativa facilidade, pois conta com o Senado e o Congresso ao lado dele com os republicanos. No entanto, com as eleições de meio de mandato (midterm elections), caso a inflação esteja alta e os juros elevados, ele terá dificuldade para sustentar e aprovar novas agendas até o término do seu mandato. Qualquer tarifa que seja implementada no curto prazo certamente gerará algum impacto, mas é comum que haja algum tipo de reacomodação. Talvez o impacto maior ocorra, sem dúvida, no minério de ferro, já que a China tem apresentado desaceleração e o preço da commodity já tem diminuído. O preço mais baixo, somado a uma menor demanda chinesa, pode, sem dúvida, gerar impacto no curto prazo. Por outro lado, o Brasil pode encontrar outros motores para a economia. Por exemplo, a Índia está crescendo bastante e não tem sido muito citada em tarifas. Se eventualmente houver uma migração de produção da China para a Índia, talvez este país consiga absorver parte dessa demanda. O resumo é que o Brasil precisa aumentar a quantidade de parceiros comerciais. O acordo entre a União Europeia e o Mercosul é um primeiro passo importante nesse sentido, mas o trabalho não pode parar. Com uma boa diplomacia e relações comerciais bem construídas, temos tudo para, se não mitigar, até mesmo aproveitar algumas oportunidades dessa guerra comercial.”

Com informações da Agência Brasil

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