Chuvas na Amazônia tornam-se mais sazonais e extremas

Compromisso será avaliado anualmente pelo Ministério de Portos e Aeroportos, Pacto da Sustentabilidade ganha adesão de 59 empresas do setor

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Terra Indígena Pirititi, Roraima (Foto: Felipe Werneck/Ibama)
Terra Indígena Pirititi, Roraima (Foto: Felipe Werneck/Ibama)

“Os anéis de árvores revelaram mudanças no ciclo de chuvas da Amazônia nos últimos 40 anos: as estações chuvosas estão ficando mais úmidas e as estações secas mais secas. Sinais de isótopos de oxigênio nos anéis de duas espécies de árvores da Amazônia permitiram que uma equipe internacional de pesquisa reconstruísse as mudanças sazonais nas chuvas no passado recente.”

Publicando suas descobertas na revista “Communications Earth & Environment”, os pesquisadores revelam que a precipitação da estação chuvosa aumentou de 15 a 22% e a precipitação da estação seca diminuiu de 5,8 a 13,5% desde 1980.

O estudo é o resultado de uma colaboração entre as Universidades de Leeds e Leicester e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, no Brasil.

Citado pelo Eureka Alert, o coautor Bruno Cintra, atualmente na Universidade de Birmingham, comentou: “A Amazônia é um componente fundamental do sistema climático da Terra. Entender como seu ciclo hidrológico está mudando é essencial para prever cenários climáticos futuros e desenvolver estratégias de conservação eficazes. A próxima COP30 em Belém, representa uma oportunidade crucial para que os líderes mundiais tomem medidas decisivas”.

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Os pesquisadores acreditam que esse ciclo sazonal intensificado se deve a mudanças nas temperaturas dos oceanos Atlântico e Pacífico circundantes, que influenciam a circulação atmosférica. Embora essas mudanças se devam em parte à variabilidade natural, também há fortes indícios de que a mudança climática antropogênica desempenha um papel importante.

Os coautores Roel Brienen e Emanuel Gloor, da Universidade de Leeds, comentaram que “nossa pesquisa mostra que o ciclo hidrológico na Amazônia está se tornando mais extremo. O aumento das chuvas na estação úmida pode levar a inundações mais frequentes e graves, enquanto a redução das chuvas na estação seca agrava as condições de seca, afetando a saúde e a biodiversidade da floresta.”

O estudo utilizou as proporções de isótopos de oxigênio dos anéis de árvores de Cedrela odorata e Macrolobium acaciifolium na Amazônia entre 1980 e 2010 para reconstruir a variabilidade das chuvas nas estações úmida e seca do passado.

Os pesquisadores associaram as mudanças nos isótopos de oxigênio à precipitação em larga escala, estimando as mudanças na precipitação de longo prazo e as incertezas usando dados observados, modelos de isótopos e análises de sensibilidade de parâmetros atmosféricos.

A Floresta Amazônica desempenha um papel fundamental na regulação do clima global, atuando como um importante sumidouro de carbono e participando dos padrões atmosféricos globais. As mudanças observadas no ciclo de chuvas podem ter efeitos de longo alcance na estabilidade do clima global.

O coautor, Jochen Schöngart, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus,, comentou que “essas descobertas mostram que a Amazônia não está apenas se tornando mais seca ou mais úmida em geral, mas está apresentando oscilações sazonais mais extremas. Isso é muito preocupante, pois a intensificação do ciclo hidrológico afeta o funcionamento dos ecossistemas, a água e a segurança alimentar de milhões de povos tradicionais e indígenas”.

Além disso, mais de 50 empresas que atuam no setor de infraestrutura e operação de portos, aeroportos e navegação aderiram ao Pacto da Sustentabilidade do Ministério de Portos e Aeroportos, se comprometendo a adotar práticas de governança ambiental, social e corporativa. Além de compromissos individuais de ESG, as companhias precisam estar em dia com as obrigações trabalhistas, não ter histórico de denúncias comprovadas de trabalho forçado, infantil, assédio ou discriminação sem a devida apuração, dentre outras obrigações.

“Temos uma Agenda de Sustentabilidade, que traz compromissos do setor público para reduzir o impacto ambiental e social, além de medidas de transparência na gestão do MPor. Mas a participação de mais de 50 empresas no Pacto da Sustentabilidade mostra que o setor privado tem noção de sua responsabilidade com o país e que também está envolvido neste movimento global de redução de impactos”, destacou o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos.

A Diretoria de Sustentabilidade do MPor irá analisar as propostas apresentadas pelos participantes e, em novembro, anunciar quais delas cumpriram os compromissos assumidos. O anúncio ocorrerá em evento em Belém, durante a COP30, com a concessão de selos de sustentabilidade, divididos em quatro categorias, de acordo com o comprometimento da empresa: bronze, prata, ouro e diamante.

“O que queremos é estimular a participação das empresas e reforçar a responsabilidade socioambiental em cada uma delas”, explica Larissa Amorim, diretora do Programa de Sustentabilidade do Ministério, lembrando que anualmente o compromisso será avaliado: “será necessário que cumpram permanentemente os requisitos estabelecidos. Caso não cumpram, o selo será revogado”, disse.

Com informações da Europa Press

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