Cidadão do terceiro milênio

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No final de 1998, ocorreu um fato que é motivo de orgulho para os brasileiros. O País teve participação destacada na 48ª edição do Premier Print Awards, promovido pela Priting Industries of America (PIA), principal entidade gráfica mundial, sediada nos Estados Unidos. Ao todo, conquistou 18 prêmios, dentre os quais o mais importante – o Benny, que corresponde ao melhor da categoria. Os trabalhos que representaram o Brasil estão entre os vencedores do Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG).
O exemplo é oportuno no momento em que se discute amplamente no País a questão do ensino, o “Provão” para alunos universitários e a formação profissional. Explica-se: o sucesso do Brasil no maior e mais importante prêmio de qualidade gráfica do mundo não é fruto do acaso ou da benevolência dos jurados norte-americanos. Resulta do salto tecnológico vivenciado pela indústria gráfica nacional ao longo desta década, propiciado pelo binômio investimentos/formação profissional. Apesar das condições adversas da economia brasileira, o setor, num esforço de superação, investiu US$ 5,19 bilhões, desde 1991, em máquinas, equipamentos, hardware e software, para oferecer aos seus clientes qualidade similar à do Primeiro Mundo. Paralelamente, entidades como o Senai empenham-se na formação de mão-de-obra qualificada para o setor gráfico. Nesse sentido, um avanço importante foi a criação do primeiro Curso Superior de Tecnologia Gráfica do País, que funciona na Escola Theobaldo De Nigris, do Senai-SP.
O mercado nacional tem percebido e reconhecido o avanço tecnológico da indústria gráfica. Essa consciência é muito clara no setor editorial, à medida que se verifica, ano a ano, queda no volume de impressão de livros no exterior. E isso é muito importante, pois o setor editorial, incluindo também a produção de revistas, ocupa o primeiro lugar no ranking de faturamento da indústria gráfica, sendo responsável por 24,1% do total. Esse aspecto contribuiu, em 1998, para a queda de 28,90% verificada no déficit da balança comercial do setor.
Fica claro, portanto, que o saber – aqui entendido como o domínio do conhecimento e da tecnologia – condiciona a capacidade competitiva do Brasil no cenário internacional. É por isso que a indústria gráfica brasileira, por meio de sua entidade de classe, a Abigraf, tem trabalhado no sentido de disseminar os cursos de formação profissional e também para o incentivo ao livro. Neste particular, o setor está perfeitamente alinhado ao empenho da Câmara Brasileira do Livro (CBL) para estimular o hábito de leitura. O acesso ao conhecimento, imprescindível ao desenvolvimento nacional, ainda tem no livro o seu principal vetor. É preciso oferecer aos brasileiros mais oportunidades de leitura. Para isso, é fundamental a melhoria do ensino, a criação de bibliotecas e ampliação do acervo das já existentes. É necessário que nas escolas do ensino fundamental e médio e nas universidades, todos alunos, independentemente de seu poder aquisitivo, tenham plenas condições de acesso à leitura e à pesquisa. Ações dessa natureza contribuem para democratizar a cultura e, portanto, a cidadania. Mais do que nunca, é importante estimular e apoiar a formação profissional, em todos os níveis, inclusive no de tecnólogo, e expandir o hábito de leitura. Essas medidas são fundamentais para que o brasileiro, de todas as faixas de renda, possa adequar-se aos novos padrões de empregabilidade, credenciando-se como cidadão do terceiro milênio.

Max Schrappe
Presidente do Conselho Regional do Senai-SP e da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).

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