Argentina, Arábia Saudita, Irã, Egito, Emirados Árabes e Etiópia foram anunciados nesta quinta-feira como novos países do Brics. A definição se deu em reunião dos chefes de estado na noite desta terça-feira, em Joanesburgo, África do Sul, onde se realiza a 15ª Cúpula do Brics.
A adesão dos seis países entrará em vigor em 1º de janeiro de 2024, anunciou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa em entrevista coletiva durante a 15ª Cúpula do Brics. “Valorizamos os interesses de outros países na construção da parceria do Brics”, disse Ramaphosa.
Chamando-o de “um grande momento para a Etiópia”, enquanto os líderes do Brics endossavam a entrada do país no bloco, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, disse num comunicado que “a Etiópia está pronta para cooperar com todos para uma ordem global inclusiva e próspera”.
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No Twitter (atualmente X), o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, disse que seu país “respeita a visão da liderança do Brics e aprecia a inclusão dos Emirados Árabes Unidos como membro deste importante grupo.”
Inicialmente, seria anunciada a entrada de cinco países, ficando um sexto para data posterior. Porém o ingresso da Etiópia acabou sendo aprovado na reunião.
Mais cedo, o assessor especial para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, brincara sobre os critérios para a ampliação: primeiro se escolhe os países, depois se define os critérios.
Etiópia reforça importância da África
O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O grupo representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio internacional.
A expansão do Brics acabou beneficiando nações do Oriente Médio. A Argentina representa a América Latina. O Egito, apesar de ficar na África, é ligado – inclusive geograficamente – ao Oriente Médio. A entrada da Etiópia reforça a importância da África.
Em discurso na Cúpula, o presidente Lula defendeu novos caminhos para a governança global: “Precisamos de um sistema financeiro internacional que, em vez de alimentar as desigualdades, ajude os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais”, afirmou.
Para o presidente, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco do Brics é uma das peças fundamentais para oferecer alternativas de financiamento adequadas às necessidades do Sul Global. E voltou a citar a possibilidade de criação de uma moeda específica para transações comerciais e de investimento entre membros do bloco.
“Aumenta nossas opções de pagamento e reduz nossas vulnerabilidades”, disse, enfatizando que o grande interesse de outras nações em integrar o bloco é retrato da consolidação do Brics no cenário internacional.
Xi defende Brics para um mundo mais justo
O presidente chinês, Xi Jinping, disse que os Brics são uma força importante na formação do cenário internacional.
“Os países do Brics escolhem os seus caminhos de desenvolvimento de forma independente, defendem conjuntamente o seu direito ao desenvolvimento e marcham em conjunto em direção à modernização, que representa a direção do avanço da sociedade humana e terá um impacto profundo no processo de desenvolvimento do mundo, disse Xi na 15ª Cúpula do Brics.
“O histórico dos Brics mostra que os membros agiram consistentemente de acordo com o espírito de abertura, inclusão e cooperação ganha-ganha do Brics, e levaram a cooperação do Brics a novos patamares em apoio ao desenvolvimento dos cinco países”, disse o presidente chinês.
Xi também observou que os países do Brics se reúnem num momento crucial para aproveitar as suas conquistas passadas e abrir um novo futuro para a cooperação do Brics. “Todos os países do Brics”, acrescentou, “devem ajudar a reformar a governança global para torná-la mais justa e equitativa, e trazer ao mundo mais certeza, estabilidade e energia positiva”, similar ao que defendeu Lula.
O presidente chinês apelou a esforços para aprofundar a cooperação empresarial e financeira entre os países do Brics para impulsionar o crescimento econômico.
Brics terão grupo de estudos sobre IA
Ele anunciou que a China criará um Parque de Incubação de Ciência e Inovação China–Brics para a Nova Era para apoiar a implantação de resultados de inovação.
Observando que a inteligência artificial (IA) é uma nova área de desenvolvimento, que não só pode trazer enormes dividendos de desenvolvimento, mas também contém riscos e desafios, Xi disse que os países do Brics concordaram em lançar o Grupo de Estudos de IA em breve.
“Os membros do Brics também devem evitar conjuntamente os riscos, promover o estabelecimento de um mecanismo internacional para a participação universal e desenvolver quadros e padrões de governação da IA com amplo consenso, de modo a tornar continuamente as tecnologias de IA mais seguras, confiáveis, controláveis e equitativas”, acrescentou o líder chinês.
Com Agência Xinhua
Matéria atualizada às 8h36 de 24/8/2023 para inclusão da Etiópia entre os países admitidos no Brics e das declarações dos líderes deste país e dos Emirados Árabes
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