Cinturão e Rota: sinergia rima com soberania?

Para concretizar a Comunidade de Futuro Compartilhado, soberania deve ser condição para sinergia

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Rotas de Integração Sul-americana
Rotas de Integração Sul-americana (ilustração Gov-br)

Ao final da visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, ao presidente Lula, foram assinados 37 acordos e anunciada a integração entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana com a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI). Lula falou em sinergias entre os programas brasileiros e a Iniciativa liderada pela China. Sinergia rima com soberania?

Há quem defenda que o Brasil deveria aderir ao Cinturão e Rota; outros alegam que a solução adotada foi a melhor, pois aproxima os 2 países sem que ocorra a adesão formal, evitando arestas com os Estados Unidos (Trump anunciou que taxará quem estiver na Iniciativa).

Quanto ao último aspecto, deixemos de lado a ingenuidade: o Império adotará sempre o que julgar mais conveniente para perpetuação de seu poder, com ou sem adesão.

Se entrasse formalmente no Cinturão e Rota, o Brasil, por seu peso geopolítico, poderia assumir a liderança da Iniciativa na América do Sul e além. Mesmo sem a adesão formal, porém, manterá sua importância na estratégia internacional chinesa.

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A questão feita no início se mantém: sinergia rima com soberania? Se for para continuar leiloando concessões e vendendo empresas nacionais para estrangeiros, nada muda. O que é preciso é definir os pontos que façam o Brasil avançar, conseguindo transferência de tecnologia, desenvolvimento de pesquisas e uma reindustrialização que retome o rumo de décadas interrompido pelo neoliberalismo.

Em entrevista concedida à Revista Intertelas, antes do G20, o professor associado I na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e vice-coordenador do Observatório dos Brics e das Relações Sul-Sul, Lucas Kerr Oliveira, salientou a urgência do Brasil e dos demais países da América Latina de retomarem o debate sobre soberania, fortalecimento dos Estados nacionais, segurança energética e, principalmente, de reaprender a barganhar com as potências mundiais em prol dos seus interesses.

“O primeiro passo é buscar mais soberania. É preciso repensar a forma como nós lidamos com a nossa soberania. Há muito tempo a América Latina deixou de pensar sobre este assunto. Nós caímos, entre aspas, desculpa o termo, no conto do vigário. Acreditamos na falácia de que o neoliberalismo e a globalização no estilo estadunidense iam mudar o mundo para melhor. E, na realidade, foi uma catástrofe. Só os estadunidenses e os europeus ganharam com isso. Nós não apenas perdemos 20, 30 anos de tempo, de planejamento, mas nós regredimos em muitas áreas”, lamenta Kerr.

Lula e Xi Jinping destacaram o novo status da relação bilateral, que passa ao patamar de Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável. É uma oportunidade de ouro para que os dois países saiam ganhando.

Rápidas

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